segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Psicoterapia pode ajudar quando ...

Você está deprimido, ansioso ou estressado.
Quer melhorar seus relacionamentos.
Você sofre de ataques de pânico, vive com distúrbios alimentares, sofre alguma perda ou luto, está confuso sobre sua sexualidade.
Quando sua vida parece sem significado.
Quando você quer desenvolver seu potencial.
Quando você sofre de pensamentos obsessivos.
Quando você se sente travado pela raiva inadequada ou falta de confiança.
Quando você sofre problemas físicos sem causa física clara.

domingo, 30 de dezembro de 2012

“Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender...”


            Os gregos antigos perceberam que todo ser vivo, inclusive os animais, necessita de algo, e que a necessidade se impõe, indistinta e soberanamente, a todos como uma deusa. Todas as necessidades, de natureza interna ou externa, dos relacionamentos pessoais, familiares e de afinidades com o próximo, tudo que envolve a sobrevivência e permanência das espécies era denominada, Ananke.
Ananke passou a ser compreendida, mais tarde, em outras culturas e religiões como “espírito guia”, “santo protetor”, “gênio” ou “anjo da guarda”, conforme o pastor anglicano e analista junguiano norte-americano John A. Sanford (1929-2005), em seu “Destino, amor e êxtase: a sabedoria das deusas gregas menos conhecidas” (São Paulo: Paulus, 1999).
Como deusa, Ananke exige cooperação. Quer dizer, quaisquer que sejam as nossas necessidades desafiam-nos a nos envolvermos pessoalmente, como que dizendo-nos: “Que você fará comigo? Posso contar com você para me resolver?”
Entretanto, na maioria das vezes, preferimos atendê-las da maneira mais simples possível, com o mínimo esforço, acreditando que alguém possa nos socorrer e assumir as responsabilidades pelas consequências. Desse modo, resistimos a cooperar com Ananke, levando a um agravamento das situações, às vezes, insolúvel.
A letra da cantiga presente na grande maioria das celebrações de fim de ano - “Adeus ano velho! Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer! Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender!” – exemplifica nossa resistência à Ananke.
Não queremos sentir necessidade de coisa alguma. “Muito dinheiro no bolso” – para nos livrarmos das obrigações com o trabalho, e nos entregarmos aos prazeres do lazer; “saúde pra dar e vender” – para que nada nos impeça no desfrute dos prazeres advindos do dinheiro.
            Objetamos qualquer tipo de necessidade, porque nos são impostas exigências não desejadas, não planejadas, que precisam ser atendidas; porque acreditamos que não podemos precisar de coisa alguma, afinal, “bons” egocêntricos sabem o que quer fazer da vida; porque necessidades geram queixas, e não queremos que ninguém se queixe perto de nós, para não “perdermos tempo” os interesses alheios; porque subentende pobreza, doença, tristeza, falta de realizações.
É necessário ter necessidades. Precisar é tão preciso quanto viver não é preciso, parafraseando Fernando Pessoa (1888-1935). A recusa de cooperar (operar junto), como se pudéssemos nos livrar das necessidades, faz surgir outras necessidades que podem nos ameaçar, inclusive, a saúde mental e a disposição geral em viver a vida. Mas, alguém vive sem precisar de nada? Você já percebeu que sempre tem alguém, em algum lugar do mundo, muitas vezes bem perto, que possui muito mais do que você mesmo?
            Como afirma Sanford: “Ananke significa que existem repressões e limites interiores que precisamos experimentar. Em nossa cultura atual, temos a tendência de esquecer que existem limites legítimos que precisam ser observados” (p. 51).
            Verifique: as necessidades, efetivamente, supridas durante o ano de 2012, não foram aquelas que você mais se envolveu? Desejo que você seja mais bem sucedido durante os dias de 2013, em suas necessidades!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O arquétipo do Natal


            A cena do presépio é perseguida como ideal de família. Pais zelosos, apesar das adversidades. Mas, poucos pensam na psique de cada personagem representada. Não se trata de aplicar-se num exercício de imaginação, mas de refletir nas experiências que o relato bíblico registrou, sem a intenção de provar a existência de cada uma das figuras humanas que o marcam, mas para demonstrar que a vida de todos nós passa pelos mesmos contornos dramáticos, senão externos, especialmente, internos.
            Encantados pela correria, à procura dos presentes, vivenciamos mais a esfera mercantil do Natal, identificada com um projeto machista de vida, que defende a ideologia do mais forte e da aparência exterior, nos afastando, repetidamente, do seu sentido emocional e espiritual, mais próximas do feminino que estimula a harmonia, a solidariedade, o afeto, resultando em compreensões equivocadas da mensagem do Cristo, levando as Igrejas cristãs parecer um túmulo de Deus.
            A causa primeira para esta situação é a identificação com o Arquétipo que a data propõe celebrar. Apesar de o Arquétipo ser irrepresentável, suas ideias e imagens, porém, seduzem pela sua grandeza instintual, por isso mesmo, muito fácil de nos deixarmos ser absorvidos por ele, a ponto de se crer que não há distinção entre o humano e o divino, levando indivíduos a um autoconceito de importância acima do que se é, pois se vê como alguém abraçado, no caso do Natal, a uma pessoa e a uma causa, que lhe dão a chance de possuir uma “razão de ser” ou um “modo de ser”, crendo ser acessível somente aos “eleitos”. De acordo com C. G. Jung (1875-1961): “Psicologicamente, porém, como imagem do instinto, o arquétipo é um alvo espiritual para o qual tende toda a natureza do homem; é o mar em direção ao qual todos os rios percorrem seus acidentados caminhos; é o prêmio que o herói conquista em sua luta com o dragão” (A natureza da psique. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 149).
Infelizmente, esta realidade é demonstrada pelo jornalista Arnaldo Jabor (1940-), quando afirma: “Um mundo opaco gerará uma fome pavorosa de transcendência. Haverá um ressurgimento das religiões e da fé, provocando grandes “Woodstocks” de absoluto, já visíveis hoje nos showmícios evangélicos e nos rituais fundamentalistas (...) – igrejas já são supermercados de esperança e vão virar partidos políticos” (A utopia da distopia. O Estado de São Paulo. 18.12.12, D10).
            Vivenciar o Arquétipo do Natal, “um menino nos nasceu, e o seu nome será Deus conosco...”, como uma sentença dogmática, um material lendário e fantasioso, e mais, modernamente, como um espetáculo midiático, é fazer coro a uma coletivização de uma fé que massifica o indivíduo, portanto, sem benefício algum, à vida pessoal.
            Todos nós estamos no presépio, e precisamos refletir quanto à afirmação de Johann Scheffler (1624-1667), poeta, místico, médico e teólogo alemão: “O ‘Deus te salve’ de Gabriel não traz nenhum bem, a não ser que essa saudação seja dita a mim também” (citado por Edward F. Edinger. O arquétipo cristão: um comentário junguiano sobre a vida de Cristo. São Paulo: Cultrix, 1990).
A festa do Natal só tem sentido para aqueles que rumam para o mar (inconsciente coletivo e pessoal), avança sobre os obstáculos a serem superados (sombra coletiva e pessoal) e, cotidianamente, luta contra o dragão (ego).

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Que raiva?


            Por que a emoção da raiva ou do ódio nos faz sentir mal?
Odiamos a raiva/ódio porque é a emoção que nos dá a percepção de que somos ambíguos; que não somos a pessoa que gostaríamos de ser.
Porque sentimos aversão a todo mau comportamento.
Aprendemos a amar o amor, e a odiar a raiva/ódio.
Segundo o filósofo grego Aristóteles (384-322 A.C.): “É fácil entregar-se a uma paixão – qualquer um pode fazer isso. Mas ficar zangado com a pessoa certa, na medida certa e no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil, e nem todos são capazes disso” (Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978).
Conforme a psicanalista Jane G. Goldberg, em seu “Tenho raiva: o papel positivo das emoções negativas nos relacionamentos” (São Paulo: Mercuryo, 2000), ao lidar com a raiva/ódio tentamos contê-la, expulsá-la e tememo-la, por cairmos nas garras da agressividade.
Para Goldberg: “Odiar nosso ódio é odiar parte de nós mesmos, uma parte que nos fornece informações inestimáveis sobre quem somos, sobre o mundo ao redor e sobre a interseção entre os dois” (p. 61).
Então, a raiva/ódio existe, seja ou não permitida/o; é uma emoção da qual não temos como nos livrar, assim como o tigre não se livra de suas listras. O problema é que não sabemos lidar com a raiva/ódio. Mas, a boa notícia: podemos aprender.
“A energia que a irritação põe à disposição afasta o medo e a sensação de impotência. As emoções voltam nossa atenção para o problema a ser resolvido. Assim, em vez de “Ora, não se irrite”, deveríamos dizer: “Trate de se irritar, sim – mas com moderação” (Thomas Hülshoff. Louco de raiva. Revista Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
Podemos manifestar nossa raiva/ódio sem ter de recorrer à violência física, e quanto mais nos exercitarmos, mais evitaremos ou diminuiremos os efeitos negativos da irritação. Para isso, precisamos nos responsabilizar pela irritação, raiva/ódio que provocamos em outras pessoas e no ambiente que participamos.
Podemos expressar nossa própria irritação, e assim gerar respeito por nossos limites, até conseguirmos algum acordo para com os nossos interesses, mas isto quer dizer: cabe-nos respeitar os limites e os interesses dos outros, inevitavelmente.
Segundo Hülshoff, professor titular das cadeiras de medicinal social e de fundamentos médicos de pedagogia terapêutica na Escola Superior Católica NW, de Mümster, Alemanha: “Da próxima vez que você se irritar porque alguém quer passar à sua frente na fila, basta que você expresse essa irritação. Mas sinalize também ao outro sua disposição conciliatória. Se fizer isso, terá boas chances de esclarecer de forma sensata o conflito e de resolvê-lo. A irritação, é de se supor, vai desaparecer – ela já terá cumprido sua função” (Louco de raiva. Revista Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
            Nestes últimos dias do ano de 2012 reserve um tempo para refletir quanto ao que você pode fazer quanto à emoção da raiva ou do ódio. Procure por medidas práticas, não agressivas, para que você tire bom proveito de qualquer coisa que o/a irrite.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

‘Tá nervoso?’ Fale, não se cale!


Não é novidade para ninguém que a depressão a que os professores estão sujeitos, muitas vezes causada pela irritação vivenciada no exercício do magistério, é uma realidade que precisa ser enfrentada com todas as nossas energias, ao menos para ser compreendida em sua exata medida, como também, o seu devido tratamento.
Lamentavelmente, estranha-se, contudo, que há aqueles que não admitem que a irritação seja uma das fontes geradoras do transtorno depressivo. Isto se verifica entre os responsáveis pela administração do processo de ensino-aprendizagem, quer de escolas públicas ou privadas, pois muitos de seus programas, resoluções e portarias se ocupam de meras questões burocráticas e, mais graves, pelas descabidas omissões, revelando uma verdadeira sabotagem ao próprio sistema de educação, gerando prejuízos não somente humanos, aos professores e funcionários das escolas, aos alunos a quem os programas se dirigem, em alguns casos irreversíveis, pois não são insignificantes os casos de suicídio, como também, financeiros, devido aos altos índices de absenteísmo e licenças médicas, a quem têm direito os pacientes.
Sabemos que não é possível viver sem que absolutamente nada nos irrite, mas participar de um ambiente no qual a irritação é constante, durante horas, pode tornar enfadonho a realização de qualquer trabalho, e em especial aquele que envolve uma relação interpessoal tão intensa, como o de ensinar.
Mas, como compreender quando a irritação chega à agressão física e/ou verbal entre os alunos e seus colegas, ou entre os mestres e alunos, de tal modo a prejudicar a relação aluno-aluno e professor-aluno, como a imprensa veicula com certa frequência, a ponto de provocar um distanciamento físico e emocional, porque ambos os lados ficam dominados pelo sentimento da raiva?
É preciso, antes de tudo, verificar os motivos, às vezes, inconscientes, que levam a esta situação.
Conforme o professor titular das cadeiras de medicina social e de fundamentos médicos de pedagogia terapêutica na Escola Superior Católica NW, de Münster (Alemanha), Thomas Hülshoff: “Do ponto de vista psicológico nos irritamos sempre que não conseguimos atingir um objetivo, satisfazer um desejo ou quando nossa autoestima é atacada” (Louco de raiva. Revista Viver Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 68).
Quer dizer, por que nos agredimos: porque vemos frustradas as expectativas pessoais, ou as que foram estabelecidas pelos burocráticos; por que sentimos ameaçado o poder que presunçosamente acreditamos possuir sobre o conteúdo das aulas ou sobre as próprias pessoas; ou, por que queremos restabelecer a nossa autoestima, movidos por vingança?
Entretanto, Hülshoff adverte: quanto mais claro comunicarmos que estamos irritados com alguma coisa, menores as chances para os conflitos agressivos e/ou violentos.
Além de cumprir as demais obrigações, cabe aos professores mais esta tarefa: para não ficarmos deprimidos, precisamos ajudar aos alunos, aos colegas e, quem sabe, até aos responsáveis pelo cumprimento das obrigações burocráticas, e por fim, a  nós mesmos, a comunicar se estão irritados. ‘Tá nervoso?’ Fale, não se cale!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Irritação deprime (2)


            As pesquisas mais atualizadas confirmam: a duração da felicidade pode ser um pouco mais de vinte horas; o medo leva alguns segundos ou no máximo uma hora, para passar; a raiva, não ultrapassa mais do que algumas horas; mas, a tristeza pode durar mais do que um dia inteiro. Portanto, a tristeza que faz fundo à depressão, é a emoção que mais experimentamos por mais tempo. Caso permaneçamos tristes por mais de duas semanas, como a perda de um ente querido, separação ou divórcio, por exemplo, entre outras situações, faz-se necessário considerar a possibilidade de estarmos em depressão.
            Na semana passada afirmamos que a depressão entre professores pode estar associada à constante irritabilidade a que estão sujeitos no exercício profissional, entretanto, para se mostrarem pessoas simpáticas, e às vezes, por temerem algum tipo de punição não verbalizam quanto ao motivo que os deixa irritados, entretanto, demonstram em sua expressão gestual, nos mal-entendidos e perturbações que causam ao ambiente de trabalho, que estão em grave perigo, e ainda, com o passar do tempo, ficam ainda mais, irritados e raivosos. E, perguntamos: O que fazer?
O biólogo, educador ambiental, doutor em Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professor das redes municipais de educação do Rio de Janeiro e de Niterói/RJ, Declev Dib-Ferreira, faz um sincero e aberto desabafo: “Morreram dois (alunos de uma escola pública do Rio de Janeiro). Coisa estúpida. Escola de luto. Eu que já não estou bem, fico pior. O que sinto é um imenso, grande, enorme, incomensurável vazio. Uma sensação de frustração além de minha capacidade de entender. Uma vontade de chorar e me enrolar feito um bebê – ou de beber e chorar até me enrolar. Me pergunto o por quê de tudo isso, se o que eu faço vale a pena, se o que eu sofro tem sentido. (...) Não nos dão o direito de surtar, não podemos ficar doentes, não podemos ter nossos próprios problemas, não podemos gritar, não podemos sair de nós, não podemos ter uma crise!!!” (http://www.diariodoprofessor.com).
            O professor Dib-Ferreira nos ajuda a trazer a irritação para um nível mais “administrável”, e como ele podemos tomar algumas decisões: admitir que manter velada a irritação não é a melhor maneira de tratá-la; reconhecer que a irritação e a raiva podem servir para melhorar os relacionamentos interpessoais, pois através destas emoções podemos delimitar até mesmo espaços físicos a serem ocupados no ambiente social que queremos ocupar, isto é, passamos a evitar os lugares onde as fontes de irritação são presentes, podendo até mesmo, melhorá-los; estabelecer opiniões próprias acerca das circunstâncias que nos irritam para que os outros nos conheçam e nos respeitem, pois assim assumimos nossa própria identidade e encaramos as situações com a verdade da coragem; considerar que ficar irritado não implica em ser agressivo nem ficar com raiva, pois o que mais importa é que as situações que motivaram a irritação sejam discutidas para se encontrar as suas soluções.
               Como afirma a presidente da Associação Internacional de Psicologia Analítica, professora na Universidade de Zurique, Suíça, e psicóloga junguiana Verena Kast (1943-): “Quem se permite ficar irritado acredita que a vida ainda pode mudar. Quem não se permite já não acredita nisso – a irritação nos mostra que algo não vai bem e nos ajuda a modificar relações que julgamos insuportáveis, ou ao menos difíceis de suportar. A raiva e a irritação nos dão a energia necessária para efetuar essas modificações” (Revista Viver Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 72).