segunda-feira, 25 de agosto de 2014

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XXXVI InterQuinta-Jung - 28.08.14 - 20h00

XXXVI InterQuinta_Jung –
28/agosto/2014                          CINE CULtura                              Entrada Franca 
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28/08/2014 – Filme: Shine – Brilhante.
SINOPSE: 

 O filme retrata a vida do pianista australiano David Helfgott, da infância até a maturidade, representado na fase adulta por Geoffrey Rush que ganhou o Oscar de melhor ator em 1996. Traz para o público a comovente história de um homem que se encontrou com a música e com a loucura. Permite a análise da essência do ser humano tanto do ponto de vista da Teoria Analítica de Carl Gustav Jung quanto da Psicanálise de Sigmund Freud. Filme de rara beleza, bela música que ao presentificar o passado do principal protagonista permite ao público uma imersão em seu próprio mundo interior. Imperdível.


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Drama: (1996), Austrália, Direção: Robert Scotti Hicks. Roteiro: Jean Sardi.
COMENTÁRIOSGISELE DEMARCHI, Psicóloga Clínica; Membro do Núcleo de Psicanálise de Marília e Região; Integrante do Grupo Amoclássicos e Coordenadora do Grupos de Estudos Sobre Temas Variados.
LOCAL: 
Sala de Projeção Municipal, em cima da Biblioteca Municipal de Marília –
Horário: da
 
s 20h00 as 22:00

domingo, 24 de agosto de 2014

I Encontro Junguiano de Santa Catarina - 20.09.14

Descrição: http://www.ichthysinstituto.com.br/imgs/banner-encontro-jung.jpg

Marina Silva, cuidado com as raposas do poder

            O debate político “intramuros” no PSB provoca-nos uma reflexão necessária.
Mais do que uma disputa pelo legado de Eduardo Campos (1965-2014), morto no trágico acidente aéreo na cidade de Santos/SP, no último dia 13 de agosto, o que está em jogo, a depender das posições assumidas pelos partidários, é o jogo pelo poder.
De um lado temos: “Ela (Marina Silva) vai ter que repensar essa posição dela (uso da sua imagem junto de outras legendas partidárias a que se opôs, compromisso assumido pelo então candidato Campos). Ela tem que aceitar esses comitês, os palanques que o partido construiu, principalmente em São Paulo. Ela tem que assumir os compromissos de base do partido. Que ela respeite as alianças construídas pelo Eduardo Campos, que ela respeite o programa do partido que nós elaboramos e que ela faça cessões para que ela possa ser candidata”, afirmou o prefeito de Marília (O Estado de São Paulo: 16.08, A8). “Agora é hora de ela baixar a bola e fazer campanha”, segundo o coordenador regional da campanha do partido na cidade de Araçatuba.
Tais divergências exigem que a sociedade brasileira se aproxime de seus afetos pessoais e coletivos mais débeis, obscuros, inconscientes e enganadores que determinantemente atuam em nós, e mais ainda, vivenciam-nos, afastando-nos de um voto mais conscientemente racional possível.
Desde 2008, Marina Silva, lúcida, convicta e diferencialmente, expõe-nos suas intenções num jogo político caracterizado pela imoralidade dos interesses pessoais à custa dos interesses coletivos. À época afirmou: “O sentido da política é a liberdade. Os cidadãos e cidadãs estão criando uma política viva, na academia, nos movimentos culturais, no consumo consciente, na internet, nas empresas nas ONGs, nas igrejas. O grande desafio da democracia é criar espaços múltiplos de participação política, nos quais os partidos sejam parceiros e não guias. Os homens, enquanto puderem agir, são aptos a realizar o improvável e o imprevisível. É o que a sociedade brasileira está fazendo. E os partidos ainda não se tocaram” (Folha de São Paulo: http://www1.folha. uol.com.br/fsp/opiniao/fz2807200806.htm).
Faz-se imprescindível o mínimo respeito por seu posicionamento, ao menos para verificar se não faz mais sentido, se quisermos que as ideias e os ideais para um governo suficientemente bom, conforme as propostas programáticas que nos serão apresentadas, não se percam sob as nuvens espessas do complexo de poder que ronda alguns representantes do partido, bem como do eleitorado.
“Há raposas em todos os partidos – no PT, no PSDB e também no PSB – em busca dos destroços e holofotes. Querem decifrar a caixa-preta dos eleitores órfãos e herdar os votos da terceira via”, lembra-nos Ruth de Aquino, colunista da revista Época (nº 846, p. 106).
Marina Silva, cuide das raposas do poder que rondam ao seu coração, e dos seus correligionários!
E, eu e você, também. Cuidemos de nosso lado raposa que desejam o poder pelo poder, se não quisermos que uma boa oportunidade de preservar, em todos os sentidos, o nosso País, não seja desperdiçada. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

VII Congresso Latino Americano de Psicologia Junguiana - Buenos Aires - Junho 2015

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Voto eleitoral e ambição

Paciente do primeiro ateliê de pintura e modelagem criado pela psiquiatra junguiana Nise da Silveira (1905-1999), do Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, o baiano Fernando Diniz tentava buscar e estabelecer vínculos com a realidade rompida, depois de uma grande decepção amorosa e forte processo de marginalização social que sofreu por ser mulato, pobre e “louco”.
Diniz (1918-1999), expressava em suas pinturas seus impulsos afetivos e os limites sociais a que estava submetido. Acerca um dos seus quadros “Árvore das Emoções”, pintura abstrata com linhas quebradas justapostas, comentou: “Trata-se de uma representação da ambição. Eu sou ambicioso”.
Mas, qual o motivo de tal admissão?
Sua vida foi marcada pela orfandade paterna, aos três anos de idade. Morava em cortiços. Acompanhava D. Augusta, sua mãe, às mansões ricas de Copacabana, onde servia como costureira. Numa destas casas conheceu Violeta, filha de um próspero advogado, com quem imaginava se casar. Entretanto, para sua mãe isto só seria possível caso se tornasse num engenheiro e conseguisse muito dinheiro, porém, deveria comportar-se bem na casa dos brancos, para que ela não perdesse o emprego.
Dos nove aos onze anos de idade viveu num asilo de freiras, na cidade de Petrópolis. De volta ao Rio, destacou-se na escola pública como um dos melhores alunos até os vestibulares de engenharia, conforme acalentava a orientação de sua mãe, quando tomou conhecimento de que Violeta se casara. Logo abandonou os estudos, passou a vagar pelas ruas, permaneceu durante muitos meses em mutismo, passou a ficar sujo e abandonou os cuidados corporais. Banhava-se nu nas águas da praia de Copacabana. Detido por “atentado violento ao pudor”, manifestou as primeiras alterações psicológicas. Em seus surtos psicóticos Diniz repetia: “Estão telefonando para a escola para dizer que sou negro, e que um negro não pode tirar primeiro lugar, nem ser engenheiro” (SILVEIRA, N. DA, & LEGALLAIS, P. Experiência de arte espontânea com esquizofrênicos num serviço de terapia ocupacional. Quaternio, 1996, p. 42).
A admissão de Fernando Diniz deve nos lembrar de nossas próprias ambições, especialmente durante o processo eleitoral a que estamos submetidos. Muitos candidatos tentarão estabelecer o mesmo “duplo vínculo” com os eleitores, como D. Augusta fizera com Fernando Diniz. Isto é, afirmarão promessas e discursos que contradirão tantas outras afirmações. Tentarão nos fazer crer em algo parecido com: “Você é inteligente, pode ser engenheiro e casar-se com a menina rica, mas você não é branco, e, é pobre. Então, esqueça disso, e me ajude a manter o meu emprego. Se eu perder o serviço (não for eleito), você não alcançará o que pretende. Apenas, comporte-se direitinho (vote em mim), por que a sua vida não vai mudar, mesmo!”.
Mensagens que criam “duplos vínculos” exacerbam intensamente as nossas ambições. Imaginamos que “tudo” podemos, mesmo quando não passa de pura ilusão que nos fazem acreditar.
Em “A Natureza da psique”, C. G. Jung amplia um pouco mais o sentido deste pensamento, ao afirmar: “Podemos não somente usar a palavra "fome" nos seus mais diversos sentidos, mas a própria fome pode assumir os mais diversos aspectos, em combinação com outros fatores. A determinante, originariamente simples e unívoca, pode se manifestar como cobiça pura e simples ou sob as mais variadas formas, tais como a de um desejo e uma insaciabilidade incontroláveis, como por exemplo, a cupidez do lucro ou a ambição sem freios” (Petrópolis: Vozes, 1986, p. 52).

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Pai, cadê você?

A figura do pai fascina a todos. Mais do que a simples dependência e proximidade física ajudam o crescimento dos filhos, a aproximação se dá por outros motivos. Um deles é o amor.
            O amor dos pais é o afeto que os atrai aos filhos. Uma atração que se dá pelo desejo. Sem desejo há repulsa, rejeição. Obstáculo muito difícil de ser ultrapassado.
            Mais do que pela relação sanguínea, biológica, a atração se dá por vias psicológicas. Isto é, o pai exerce força psicológica na vida do/a filho/a, porque ele se expressa de forma declarada. O pai se manifesta pai, revela-se pai. É o relacionamento com o filho que o pai se mostra pai.
Mas, qual o motivo de desejar o filho?
            Para o crescimento.
            Os filhos precisam “usar” os pais para crescerem!
            Mais do que um estereótipo de pai, é bom que se preocupe em mostrar-se pai em todos os sentidos da palavra, pois é isto que influencia psicologicamente aos filhos. Demonstrar que é “homem” é uma coisa; revelar-se acessível aos filhos para que se reconheçam e valorizem-se como indivíduos independentes que são.
            O desenvolvimento, ou crescimento do filho vai além da questão cronológica e/ou fisiológica. O pai, ou aquele que o substituir, é aquele que se apresenta como o “outro” diferente daquele que o filho conhece, a mãe. Neste sentido, o pai precisa se mostrar, revelar-se, e preocupar-se em como o fazer.
            Pai, cadê você?
            Pode ser a dúvida que permeia a existência de muitos filhos, porque os pais se têm mostrado mais como obstáculo a alcançar o alvo, do que o facilitador para o seu crescimento como indivíduo que existe para o mundo.
            Não basta a presença física junto aos filhos, a ausência pode ser sentida através de cassar o direito de ser e existir como indivíduo distinto do pai. Há pais que consegue de modo educado e respeitável criticar a qualquer manifestação de independência emocional de seus filhos; dizem que “amam”, “só querem o bem dos filhos”, entretanto, por verdadeiro e puro ciúme fazem dos filhos seus escravos e do inconsciente familiar, abortando toda e qualquer iniciativa própria dos filhos de viver por conta própria.
            Os pais precisam ser encontrados pelos filhos no momento que estão passando do círculo estreito da família para o círculo mais amplo da sociedade humana; quando precisam vencer o que os liga, infantilmente, aos pais. E, algumas vezes os filhos o fazem através da agressividade, como que numa busca heróica, mas que demonstrará que são criativos frente aos perigos, ainda que sejam aqueles de perder a importância que os pais julgam ter, mas que só assim os filhos podem se realizar como indivíduos com consciência própria.
            Pai, cadê você?

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O sentimento de inferioridade e o voto eleitoral

                O processo político-eleitoral é campo aberto aos fatores do afeto que todo eleitor abriga em suas motivações inconscientes. No momento da escolha dos candidatos, os fatores pessoais e coletivos inconscientes atuam muito mais do que seriam aprovados se fossem prévia e racionalmente analisados.
            Os afetos, mais do que a coerência entre a palavra e as ações de governo e a competência administrativa são as variáveis que determinam a escolha eleitoral.
            Um destes afetos é o sentimento de inferioridade.
            O sentimento de inferioridade frequenta a agenda diária brasileira, desde 1500, quer dizer, a inferioridade está inserida no inconsciente sócio-cultural do País. O descobrimento do Brasil se deu em condições desproporcionais entre dominados (povos Tupi) e, os dominadores (europeus), conforme o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro (O povo brasileiro. São Paulo: Companhia da Letras, 2006).
            O discurso e o emprego do poder condicionam as relações entre as pessoas, e ganham maior destaque no processo político-eleitoral, com destaque para as promessas de candidatos que não demonstram de onde virão os recursos para torná-las efetivas, e a quase inexistente consciência politizada do eleitorado, que não reflete acerca do seu sentimento de inferioridade frente às explorações a que está sujeito.
            Se quisermos que nosso voto seja menos contaminado pelo sentimento de inferioridade sofrida e/ou imposta faz-nos bem refletir nas considerações de Darcy Ribeiro (1922-1997), e de C. G. Jung (1875-1961):
Ribeiro: “Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria” (idem, p. 108).

Jung: “Quanto mais se procura compensar uma inferioridade real por meio de uma falsa superioridade tanto menos se consegue eliminar a inferioridade, mas se lhe acrescenta ainda uma inferioridade moral, cujo efeito é aumentar o sentimento de inferioridade. Isto conduz necessariamente a uma falsa superioridade ainda mais acentuada; e tudo se repete de modo crescente” (O desenvolvimento da personalidade. Petrópolis: Vozes, p. 136).

Curso de Formação de Analistas Junguianos 2015