O cinema excita
a infinita diversidade de aspectos da nossa alma, que a razão, sozinha, não
consegue. “A riqueza dos filmes, sua sonoridade, imagens, dinamismos e enredo
nos levam aos recônditos de nossa alma e, muitas vezes, sem nos apercebermos,
eles nos afetam e nos transformam”, segundo Dulcinéa Monteiro, organizadora do
livro “Jung e o cinema: Psicologia Analítica através de Filmes” (Curitiba:
Juruá, 2013).
O cinema é a
síntese de todas as artes. O cinema reúne, recria e difunde todas as demais
expressões artísticas. A Sétima Arte emprega a música, a poesia, a fotografia,
a literatura, a pintura, a escultura e a arquitetura em seus argumentos.
“Sem as
ciências, a física e a química, a tecnologia ou a informática, o cinema não tem
base material em que se sustente. O cinema, conduz a tecnologia até a arte,
reproduz a luz e a cor, eleva o movimento e o ritmo às alturas das artes
chamadas ‘nobres’, para gerar a fantasia, a ficção e a realidade”, conforme a
analista junguiana chilena Claudia Grez Villegas (Los puentes en el cine:
símbolos arquetípicos de cruce entre fronteras. Temátikas Junguianas. Vol. II.
2ª. Ed. Sociedad Chilena de Psicologia Analítica (SCPA). Santiago (CHL): Mayo,
2015, p. 86).
Mais que contar
histórias de entretenimento, o cinema coloca-nos em contato com aquilo que não
somos conscientes a respeito de nós mesmos; move-nos nessa direção; através
dele, nossos afetos conscientes e inconscientes são mobilizados. Como diz Jung:
“O cinema, como o romance policial, tornam-nos capazes de viver sem perigo
todas as nossas excitações, fantasias e paixões” (Civilização em transição. 3ª.
Ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 93. Vol. X/3, § 195). O cinema nos fascina.
O cinema é mais
um recurso para ampliar a compreensão de nós mesmos. Ao ver o que se passa com
as personagens é possível perceber que não é muito diferente o que aconteceria
com a gente, em nossas vivências pessoais e coletivas, mais íntimas, nossos
amores, nossas emoções.
Cinéfilos ou
apenas espectadores, o cinema não nos deixa indiferentes: “Como tela de
projeção da nossa realidade, o cinema mesclou toda a beleza da arte com os
arquétipos, os simbolismos da vida, o surreal, a complexidade das relações
entre as pessoas e com os meandros da emoção da alma humana”, nos afirmam Myrma
e Carlos Brandão, em “Jung e o cinema” (p. 188).
Para Jung: “Os
filmes são bem mais eficientes que o teatro; são menos restritos, capazes de
produzir símbolos espantosos para mostrar o inconsciente coletivo, já que seus
métodos de apresentação são tão ilimitados. [...] Todas as imagens são
representações simbólicas ou inconscientes de seus próprios complexos” (Análise
de sonhos: notas sobre o seminário ministrado de 1928 a 1930. Curitiba: 1995,
p. 5).
(Sílvio
Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à
Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International
Association for Analytical Psychology - Fones:
99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)