domingo, 30 de agosto de 2015

O que faço, quando eu erro?

        Como você interpreta os seus “defeitos”, as suas “derrotas”, os seus “erros”, os seus “fracassos”, o “lado” que leva você a desejar, a falar e a agir de maneira que você não aprova, não aceita? Por exemplo: quando usa palavras inapropriadas para a pessoa que você ama, ou, simplesmente, se mantém em silêncio entre as pessoas mais falantes; quando você é impaciente, desatento e desafeto para com os outros; quando não se mantém fiel e verdadeiro com os amigos; quando você não consegue encarar as difíceis situações principalmente aquelas que envolvem você e terceiros; quando você fica irritado por coisas que sabe que não têm a importância que você atribui a elas; quando a autoindulgência vence a “lealdade a si mesmo”; quando você não consegue manter as boas intenções planejadas no início do ano, como: fazer exercícios diários, visitar as pessoas amadas mais frequentemente, não gastar dinheiro com supérfluos antes economizar para adquirir um bem desejado ou para fazer a viagem dos sonhos, etc.
O psicólogo analítico Paulo S. Ruby, compreende essa situação da seguinte maneira: “Na medida em que a vida flui e funciona de forma satisfatória, não sentimos a necessidade de mudar. O problema surge quando a forma de ser não funciona e não dá conta de responder às questões emergentes. [...] Nesse momento uma crise se instala e partes de nosso ser, que antes não eram requisitadas, passam a ser chamadas na arena da vida empurrando-nos a desenvolver outras formas de ser no mundo para dar conta das novas situações. Aquela parte da personalidade que ficou subdesenvolvida precisa ser utilizada para que haja uma apreensão da realidade de forma mais adequada. Essa parte inferior pode ter as ferramentas úteis para manejar as dificuldades que nos importunam” (Correlações entre a função inferior e o sintoma corpóreo: um estudo sobre a função sensação inferior introvertida. Dissertação de Mestrado na PUC/SP. São Paulo: 2013).
Essas “partes inferiores”, por que ficaram à margem do caminho, não receberam o cuidado necessário, foram sacrificadas pelo excesso na construção de uma personalidade adaptada ao mundo dos costumes e da cultura coletiva, nos convocam para uma decisão ética, se quisermos transformar-nos pelas vicissitudes a que estamos sujeitos.
C. G. Jung, contribui para compreendermos essa atitude: “Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome do Cristo, tudo isto, naturalmente não deixa de ser uma grande virtude. [...] Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?”
É preciso dar atenção ao inimigo, ao mendigo, ao insolente, ao menor, ao indigno, isto é, diminuir a unilateralidade da consciência que privilegia o civilizado, o talentoso, o fidalgo, o cordial, cordato e cortês. É preciso envolver-se e desenvolver uma visão dialética de mundo, que não privilegia um lado em detrimento do outro.

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)
O que faço, quando eu erro?
            Como você interpreta os seus “defeitos”, as suas “derrotas”, os seus “erros”, os seus “fracassos”, o “lado” que leva você a desejar, a falar e a agir de maneira que você não aprova, não aceita? Por exemplo: quando usa palavras inapropriadas para a pessoa que você ama, ou, simplesmente, se mantém em silêncio entre as pessoas mais falantes; quando você é impaciente, desatento e desafeto para com os outros; quando não se mantém fiel e verdadeiro com os amigos; quando você não consegue encarar as difíceis situações principalmente aquelas que envolvem você e terceiros; quando você fica irritado por coisas que sabe que não têm a importância que você atribui a elas; quando a autoindulgência vence a “lealdade a si mesmo”; quando você não consegue manter as boas intenções planejadas no início do ano, como: fazer exercícios diários, visitar as pessoas amadas mais frequentemente, não gastar dinheiro com supérfluos antes economizar para adquirir um bem desejado ou para fazer a viagem dos sonhos, etc.
O psicólogo analítico Paulo S. Ruby, compreende essa situação da seguinte maneira: “Na medida em que a vida flui e funciona de forma satisfatória, não sentimos a necessidade de mudar. O problema surge quando a forma de ser não funciona e não dá conta de responder às questões emergentes. [...] Nesse momento uma crise se instala e partes de nosso ser, que antes não eram requisitadas, passam a ser chamadas na arena da vida empurrando-nos a desenvolver outras formas de ser no mundo para dar conta das novas situações. Aquela parte da personalidade que ficou subdesenvolvida precisa ser utilizada para que haja uma apreensão da realidade de forma mais adequada. Essa parte inferior pode ter as ferramentas úteis para manejar as dificuldades que nos importunam” (Correlações entre a função inferior e o sintoma corpóreo: um estudo sobre a função sensação inferior introvertida. Dissertação de Mestrado na PUC/SP. São Paulo: 2013).
Essas “partes inferiores”, por que ficaram à margem do caminho, não receberam o cuidado necessário, foram sacrificadas pelo excesso na construção de uma personalidade adaptada ao mundo dos costumes e da cultura coletiva, nos convocam para uma decisão ética, se quisermos transformar-nos pelas vicissitudes a que estamos sujeitos.
C. G. Jung, contribui para compreendermos essa atitude: “Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome do Cristo, tudo isto, naturalmente não deixa de ser uma grande virtude. [...] Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?”
É preciso dar atenção ao inimigo, ao mendigo, ao insolente, ao menor, ao indigno, isto é, diminuir a unilateralidade da consciência que privilegia o civilizado, o talentoso, o fidalgo, o cordial, cordato e cortês. É preciso envolver-se e desenvolver uma visão dialética de mundo, que não privilegia um lado em detrimento do outro.
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 23 de agosto de 2015

O encontro de Trotsky com a Psicologia

O encontro de Trotsky com a Psicologia
            A 75 anos do atentado que tirou a vida do ucraniano Leon Trotstky, em 21 de agosto de 1940, o seu envolvimento intenso e pessoal com a psicologia é uma página merecedora de um resgate reflexivo, tanto às ciências políticas quanto para a psicologia.
            “Intelectual brilhante. Homem de inúmeros talentos. Seu currículo o levava a ser o preferido por Lenin (1870-1924), para sucedê-lo, mas também a ser perseguido, de forma implacável, por Stalin (1878-1953). Pensava na melhoria do homem integral”, conforme Alberto Dines, do Observatório da Imprensa (vale conferir no site do OI).
            Para sobreviver aos terrores estanilistas, que marcaram sua vida e família, Trotsky buscou ajuda do psicólogo Alfred Adler (1870-1937). O encontro se deu graças a Raissa Epstein (1872-1962), esposa de Adler, amiga do casal Trotsky e Natália, pois “pertencia aos círculos da intelligentsia e propalava opiniões de esquerda”, conforme Elisabeth Roudinesco (Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, p. 7).
Interessado no socialismo e um livre-pensador, com o surgimento da social-democracia na Áustria, entre 1919-1934: “Adler desenvolveu uma psicologia de contexto, em que o comportamento é compreendido em termos do ambiente físico e social” (Fadiman e Frager. Personalidade e Crescimento Pessoal. 5ª. Edição. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 120). Em seu “What Life Should Mean to You”, Adler afirma: “É o indivíduo que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros. É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos” (Londres: Uniwin Books, 1932).
Grande parcela de seus pacientes vinha das classes baixas e médias de trabalhadores e desempregados, como: garçons, acrobatas, porteiros de hotel, artistas diferentemente dos psiquiatras de sua época. “Lutava por melhores condições de habitação e educação, saneamento básico e salários mais altos”, segundo E. James Liberman (The Driver for Self: Alfred Adler and the founding of individual psychology. Bulletin of the History of Medicine. Vol. 71, Nº 4, 1997).
Portanto, os fundamentos ideários entre Adler e Trotsky estavam estabelecidos desde muito antes de se encontrarem. Segundo Gilson Dantas, o encontro reforçou ainda mais o “sentimento de comunidade”, princípio teórico básico da psicologia individual de Adler: “Sua ideia é que a Revolução Permanente inclui a desconstrução de relações velhas e construir relações humanas novas; ele não quer apenas negar o capitalismo, mas liberar a subjetividade humana através do processo revolucionário, numa perspectiva comunista”, completa o historiador da Universidade Federal de Goiás.
            Considerando a contribuição de ambos às ciências políticas e à psicologia, eles merecem saber: “A humanidade somente chama de gênios aqueles indivíduos que muito contribuíram para o bem-estar comum. Não podemos imaginar um gênio que não tenha deixado nenhuma vantagem para a humanidade atrás de si” (Heins e Rowena Ansbacher: The individual psychology of Alfred Adler. NY, 1964, p. 153, citado por James Hillman, em: Ficções que curam. Campinas: Verus, 2010, p. 174).
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)



domingo, 16 de agosto de 2015

O meu problema sou eu. O seu, é você.

            Negamos nossas responsabilidades pessoais nos problemas que nos acontecem. Estamos convictamente convencidos que as situações difíceis ligadas à política (nacional e local), meio ambiente, cultura, saúde, direito, economia e às relações interpessoais em geral, não são nossos reais problemas. Apressamo-nos para saber o que aconteceu deu errado e, rapidamente, concluímos que se deve aos outros.
            Segundo James Hillman (1926-2011), isto se deve ao ideal protestante ocidental que busca a plena e irrestrita independência do “eu” frente a todas as realidades que nos cercam, por não admitirmos a ideia de que somos seres interdependentes (Uma busca interior em psicologia e religião. São Paulo: Paulinas, 1984). Contudo, na opinião de C. G. Jung (1875-1961), precisamos: “Descobrir coisas até então inconscientes, [...] perceber as forças impessoais que se ocultam em seu interior” (Psicologia e religião. Petrópolis: Vozes, 1990, p. 54).
            Ao considerar que os problemas estão fora de mim, e que me cabe resolvê-los, permaneço inconsciente acerca de mim mesmo, isto é, vivo como se tivesse poder de “tirar o cisco do alheio, sem perceber a trave que existe no meu”, conforme o ensino das Escrituras Sagradas.
            Na realidade, nosso problema somos nós mesmos. O meu problema sou eu. O seu problema é você. Nossos problemas revelam quem somos. Negamos energicamente esta realidade, porém tomamos os problemas como sendo criados por terceiros.
            “Tu queres fugir de ti, para não teres de viver aquilo que não foi vivido até agora. Mas não podes fugir de ti mesmo. Isto está todo o tempo contigo e exige realização. Se te colocares cega e surdamente esta exigência, tu te colocarás cega e surdamente contra ti mesmo. Então jamais alcançarás o saber do coração. O saber do coração é como teu coração é. De um coração mau, conheces coisas más. De um coração bom, conheces coisas boas. Para que vosso conhecimento seja completo, considerai que vosso coração é ambos: bom e mau” (O Livro Vermelho, p. 233, 234).
            Precisamos “realizar” a nós mesmos, ou seja, ver e ouvir o que realmente somos interiormente, se quisermos adquirir alguma sabedoria na administração daquilo que existe no exterior que nos rodeia.
            Ainda no Livro Vermelho (p. 235), Jung nos lembra da fábula do “santo que, ao sentir nojo dos doentes da peste, tomava o pus de suas feridas e notava que tinha um odor como o das rosas”.
            Precisamos resistir à tentação de atribuir às contingências a razão de nossa infelicidade. Em outro lugar, Jung afirma: “A vida não vem das coisas, mas de nós” (O Livro Vermelho. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 239).
              Como a foto do Sebastião Salgado sugere: para fazer bem o meu trabalho preciso me valer da minha própria luz, e você da sua.

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 9 de agosto de 2015

Pai, você me ensina cada uma!

Pai, você me transmitiu princípios de vida acerca da nossa família, mas também sobre o mundo humano. Percebi que são leis da vida, ordens e proibições morais, mas para cumpri-las preciso me equilibrar bastante, por que não é fácil, nada fácil.
Suas palavras me pareciam divinas. O problema é quando você achava que era como se fosse deus. Eu sei que é difícil perceber isso, mas você precisa saber que: “O poder do arquétipo não é controlado por nós; nós é que estamos à disposição dele num grau que nem suspeitamos. Há muitos (pais) que resistem à sua influência e compulsão, mas também há muitos que se identificam com o arquétipo. [...] O perigo está exatamente nesta identidade inconsciente com o arquétipo; não apenas exerce uma influência dominadora sobre a criança por meio da sugestão, mas também causa a mesma inconsciência na criança, de modo que ela sucumbe à influência de fora não podendo concomitantemente fazer oposição de dentro. Quanto mais o pai se identificar com o arquétipo, tanto mais inconsciente, irresponsável e até mesmo psicótico ele será” (JUNG, C. G. Freud e a psicanálise. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 306).
É pai, isto quer dizer, que você carrega a imagem de herói, mas que com o passar do tempo pode ter diminuído bastante, na verdade, precisava diminuir para o meu próprio bem. Eu percebi que isto acontecia, quando você passava dificuldades. Não, não estou me referindo àquelas de me criar, mas sim, àquelas que eram mais fortes que o seu prestígio, o seu dinheiro, a sua inteligência. Refiro-me às dificuldades que você tem como um ser humano, que me deixavam apreensivo e temeroso. Como daquelas vezes que você “espalhava seu mau humor qual tempestade e, sem muito refletir, mudava a situação toda num piscar de olhos. (Como) o touro provocado para a violência ou para a preguiça apática”, conforme o mesmo Jung (Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 2009, p. 39).
Sabe pai, eu percebi que nessas ocasiões, por incrível que pareça, você me ensinou “cada uma”. O que? Por exemplo: 1. Que você não é o ideal único de vida; que eu posso e preciso ter ideais próprios; 2. Que se você fracassa em suas dificuldades, eu posso e preciso ser um melhor pai para comigo mesmo, para com os meus próprios fracassos, ou seja, não preciso esconder o meu lado sombrio, pois não vou exigir de você uma perfeição que não existe, por que, também, não sou perfeito. Quer dizer: as suas dificuldades desencadeiam boas possibilidades para o meu desenvolvimento pessoal; 3. Que seus maus exemplos despertam a minha consciência e indignação morais, contra os meus próprios defeitos e dos outros.
Infelizmente, isso não quer dizer que não sofri lesões, mas me permitiram desenvolver outra ordem de coisas, que pode não ser igual nem melhor que a sua, apenas, diferente.
Pai, não posso deixar que o “ontem chova no futuro”, parafraseando Manuel de Barros. Muito obrigado por tudo isso. Feliz dia dos pais!

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 2 de agosto de 2015

II Sarau - GEPA - Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - C. G. Jung

Local: R. Cel. Siqueira Reis, 115 - próximo ao CPP - Centro do Professorado Paulista, Jd. Luciana. 
Outra referência: Aeroporto
Data: 22 de agosto de 2015
Horário: 19:00
Realização: GEPA - Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - GEPA - C. G. Jung
Evento Gratuito
Há muito tempo o Sarau é utilizado por artistas e amantes da arte como forma de divulgação e valorização dos processos de criação e expressão (música, dança, poesia e artes plásticas).
O Sarau é aberto a todas as pessoas que quiserem participar com sua poesia, conto, música, dança ou outra arte e também a todos aqueles que querem apenas prestigiar e assistir as apresentações nele ocorridas.
Para quem irá se apresentar é somente necessário dar nome na entrada ou durante o sarau, caso ainda haja vagas.
Cada apresentação tem o limite máximo de 15 minutos, não exigindo limite máximo.
No contexto do Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - GEPA - C. G. Jung - o Sarau ganha destaque com as apresentações artísticas produzidas pelos membros, com o apoio e orientação do Diretor do Grupo, visando conteúdos da teoria de Jung.
A partir desta ideia, surge o desafio: transformar o antigo, abrindo um novo mundo de conhecimento para os membros, despertando, assim, seu instinto criativo, como elemento de ampliação de consciência e auxílio no processo de individuação.
Neste 2º Sarau, vamos refletir em composições brasileiras.
Teremos a participação especial da violonista Ana Cláudia.
Pode entrar que a casa é nossa!



A alienação homem-animal, precisa ser vencida


A cada dia aumenta a quantidade de animais abandonados nas ruas; cresce o número dos que são envenenados por vizinhos incomodados; outros tantos, maltratados pelos próprios proprietários; muitos administradores de estabelecimentos que resgatam animais em precárias condições de saúde promovem campanhas de doações e solicitam a ajuda para a manutenção de suas atividades; não são poucos aqueles que se levantam contra animais em cativeiro para experimentos científicos; e, há uma enorme variedade de sociedades de amparo e proteção a animais. E, os protestos contra a derrubada e corte de árvores, no campo e na cidade, compõem o mesmo quadro.
A notícia da morte do leão Cecil, esta semana, mobilizou milhares de pessoas em todo o mundo. No último dia 06 de julho, Cecil, leão símbolo da preservação da vida selvagem, foi morto no Parque Nacional de Hwange, no Zimbábue, África, ao ser atraído para fora da área de proteção do parque, por uma carcaça de animal preso à traseira do veículo conduzido pelos caçadores: Walter James Palmer, Theo Bronkhorst e Honest Ndlovuum. Cecil foi alvejado por um tiro, sua cabeça e pele foram arrancadas.
A morte de Cecil e os casos que envolvem o sofrimento e a morte de animais, e o desmatamento de grandes áreas florestais nos levam a refletir quanto à relação do homem com a ordem natural. Expõe-nos o grau de alienação existente com os nossos instintos. Com exceção de São Francisco de Assis, a animalidade dos humanos está banida da vida psíquica, social e, até da prática religiosa.
A relação entre os seres humanos, os animais e o “animal interior” aguarda por uma atitude pessoal e única. A cultura é um instrumento de dominação do animal que existe em nós, mas não nos protege de sua reação, antes, essa energia se acumula e reage, principalmente quando a organização social é moralmente hipócrita, ao excluir/banir os opostos que contestam o que é determinado como “normal” e “natural”, como a que estamos vivendo em nossos dias.
“A falta de respeito pelo “irmão animal” desperta o animal em nós. Para que uma verdadeira humanidade seja possível, é necessário que haja uma relação com os animais”, segundo o historiador da Universidade de Londres, Sonu Shamdasani (Jung e a construção da psicologia moderna. Aparecida (SP): Ideias & Letras, 2005, p. 274).
As manifestações a favor da preservação dos animais domésticos e/ou selvagens, ou de preservação das árvores, especialmente, em nossas ruas e avenidas, vêm de pessoas que, provavelmente, estão em harmonia com o seu “lado animal”.
Para Jung: “Na natureza, o animal é um cidadão bem comportado. É piedoso, segue os caminhos com grande regularidade, não faz nada de extravagante. Só o homem é extravagante. Por isso, se a pessoa assimilar o caráter do animal, se tornará um cidadão especialmente zeloso das leis, se movimentará devagar, demonstrando ser razoável em vários momentos, na melhor medida de suas possibilidades” (Notas sobre o Seminário ministrado entre 1930-1934).

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)