Não
é difícil perceber o retorno de bandeiras comuns das organizações
anticomunistas brasileiras de grupos radicais de direita, que foram agitadas
durante os anos 1960. Formadas, na maioria, por estudantes, políticos,
policiais e intelectuais, tais agremiações faziam denúncias e atacavam
diretamente pessoas e entidades que se opunham às forças militares que
governavam o País.
Em
nome do medo do avanço da esquerda no Brasil, universitários ligados a
Universidade Mackenzie, Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, formavam: a Associação Anticomunista
Brasileira, Frente Anticomunista e Movimento Anticomunista. Hoje, com espaço nas
redes sociais, essas organizações adotam outros nomes com os mesmos objetivos:
Brasil sem Comunismo, Por um Brasil Melhor, Movimento Brasil Livre, Fora PT,
etc.
Apesar
de tudo, a alma do cantor e compositor Belchior (1946-), descreveu a dimensão
social e humana que o País vivia nos anos 60-70, em “Como nossos pais”: “Cuidado,
meu bem / Há perigo na esquina / Eles venceram e o sinal / Está fechado pra nós,
/ Que somos jovens / Minha dor é perceber / Que apesar de termos / Feito tudo o
que fizemos / Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os nossos pais”.
Os lados opostos
com projetos de vida opostos se opõem. De um lado, o grupo que pretendia
enfrentar o pensamento conservador; suscitar e desenvolver a consciência
política; tomar a opção pelo povo como protagonista de sua história; lutar com
as ideias e não com as armas. De outro lado, aqueles que preferiram repressão,
intervenção, ultimatos, censuras, defesa de interesses, fechamento do Congresso
Nacional, mas, que revelam faces diferentes de um mesmo País.
A
atmosfera social e política brasileira, como há mais de 50 anos, hoje, aguarda
uma resposta de cada um de nós, ao questionamento: Qual projeto de vida merece a minha participação, o meu
envolvimento, a minha defesa? Com qual das “faces” de País me identifico, como
brasileiro: tolerante às divergências, responsabilidade para assumir as
potências de viver; ou, a que se identificava com a suspeita, o policiamento e
vigilância ideológica, intolerância às diferenças, a tortura e a morte, o
golpe, a marcha sádica da tropa para eliminar a imaginação, a fantasia, a
criatividade?
Para
o advogado, cientista político e analista junguiano Roberto Gambini: “O
posicionamento político vem da ética, da consciência, e é atuado pelo ego. A
alma não é política, mas sofre os efeitos da política. E estes efeitos são
imprevisíveis. E, você pode ficar assustado porque não dá para saber como a
alma reage, quando vive uma ditadura. É preciso ter a musculatura e os nervos
para suportar um conflito de opostos até que ele gere um produto que emana,
igualmente, de um pólo e de outro” (XXVII Moitará. 1964: Repressão, medo e
criatividade. Campos do Jordão, 28-30/11/2014).
A
escolha, portanto, passa por deixar de ser um “indivíduo desfibrado”,
sustentado pela sociedade coletivista, como nos ensina o crítico literário e
sociólogo Prof. Antonio Candido (1918-), em seu “Estratégia”.
(Sílvio
Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto de Psicologia Analítica de Campinas (IPAC),
pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP –
International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: (14) 99805.1090 / (14) 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)
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