segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

“Não sou eu quem me navega. Quem me navega é o mar”

            Passados alguns dias da festa mais importante de final de ano, algumas frases podem explicar o sentido da data: - “O Natal acabou” – como que querendo esquecer um momento tenso, somente protocolar; - “O Natal foi muito bom” – expressando os sentimentos de união, amor, compaixão e espiritualidade vivenciados em família e/ou entre amigos, pois a comemoração trouxe maior profundidade aos relacionamentos.
            Já o Ano Novo toca em outra dimensão de nossa vida. Meche com os compromissos que não foram cumpridos, que nos deixam a sensação de dívida; com as lembranças do tédio da rotina das mesmas preocupações que impedem a busca por mais qualidade de vida pessoal e da sociedade; com os desejos que nos parecem inexistentes.
            A composição de Hermínio Bello de Carvalho, cantada por Paulinho da Viola - “Timoneiro” - nos ajuda a compreender o que acontece com a gente neste momento.
                “Não sou eu quem me navega / Quem me navega é o mar / É ele quem me carrega / Como nem fosse levar / E quanto mais remo mais rezo / Pra nunca mais se acabar / Essa viagem que faz / O mar em torno do mar / Meu velho um dia falou / Com seu jeito de avisar: / - Olha, o mar não tem cabelos / Que a gente possa agarrar / Timoneiro nunca fui / Que eu não sou de velejar / O leme da minha vida / Deus é quem faz governar / E quando alguém me pergunta / Como se faz pra nadar / Explico que eu não navego / Quem me navega é o mar / A rede do meu destino / Parece a de um pescador / Quando retorna vazia / Vem carregada de dor / Vivo num redemoinho / Deus bem sabe o que ele faz / A onda que me carrega / Ela mesma é quem me traz”.
“Este raciocínio primitivo descreve a penetração da libido (energia psíquica) na esfera íntima da alma, no inconsciente”, conforme descreve C. G. Jung, com terríveis consequências ao ego (Símbolos da transformação. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 286).
            Somando a poesia com o entendimento da psicologia analítica, podemos afirmar: durante a travessia de 2014 chegamos a muitos “portos” desconhecidos por “rotas” que não planejamos; “remamos” em muitas direções que não queríamos; fomos conduzidos a “mares nunca dantes navegados”; se porventura as “redes” voltaram vazias ou rasgadas, pois nem sempre o mar não estava para peixes, importa trazer-nos de volta, ou estarmos ainda trazendo-nos de volta à terra firme, pois nada pior do que ficar à deriva no mar do inconsciente, naquilo que não conhecemos a respeito de nós.
            O futuro se aproxima na forma de um novo ano e emerge exigindo-nos novas e necessárias orientações e adaptações que precisamos recebê-las como inspirações, revelações ou até como ideias salvadoras das condições difíceis a que o “mar” do inconsciente nos tem carregado.
            Especialmente em situações de calamidade pessoal e social, como as que estamos enfrentando pelas péssimas previsões econômicas e políticas, precisamos “rezar mais tanto quanto mais remamos”, como se a crise não fosse terminar, pois a “viagem se faz num mar sem cabelos que a gente possa agarrar”. Isto é, como afirma Jung: “Quanto mais negativa for a posição do consciente para com o inconsciente, tanto mais perigoso se torna este último” (idem, p. 288).

Um grande abraço a todos e obrigado por acompanharem-me por mais um ano.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Bom Natal, sob a sua árvore de Natal!!!

“A psique é mais do que a consciência. [...] Perguntaríamos em vão a muitos civilizados sobre o sentido da árvore de Natal ou dos ovos coloridos da Páscoa, pois não têm a mínima noção do sentido desses costumes. Na verdade, fazem algo sem saber por quê. Inclino-me a acreditar que as coisas em geral foram primeiro feitas, e só bem mais tarde alguém interrogou-se a respeito e descobriu por que foram feitas.[...] Ainda que haja suficientes comprovantes históricos da relação simbólica entre Cristo e a árvore, ficaríamos sumamente embaraçados se (nos) perguntássemos o que significa enfeitar a árvore com velas acesas no dia do nascimento de Cristo. Provavelmente (responderíamos): ‘É apenas um costume fazer isso no Natal’. Uma resposta séria teria apresentado uma dissertação interessante e extensa sobre o simbolismo do Deus que morre, nos tempos antigos do Oriente próximo, e de sua relação com o culto da Grande Mãe e seu símbolo, a árvore; e isto só para mencionar um aspecto do complicado problema” (JUNG, C. G. A vida simbólica (I). Petrópolis: Vozes, 1997, p. 236, 241).

domingo, 21 de dezembro de 2014

O presente de Natal que vem do lixo

Árvores de Natal confeccionadas de material reciclável em Bragança Paulista, na região de Campinas, geraram discórdia entre os moradores, e já foram recolhidas para um depósito da cidade (O Estado de São Paulo. 17.12.14, p. A21).
As opiniões acerca da decoração natalina realizada pelo artista plástico Fábio Delduque, revelam o nível do desentendimento entre os moradores. Para alguns: “monstrengos de lixo”. Para outros, entretanto: “O erro é a posição geográfica. Essa árvore de Natal deveria estar em Paris, Barcelona, talvez Amsterdã”.
A decoração natalina é uma variável do mundo da arte, assim como a poesia, a música, a pintura, a escultura, o cinema, a literatura, a fotografia, a arquitetura e outras criações inovadoras da tecnologia e da ciência.
A decoração de nossos lares, templos, hospitais, lojas e de nossas ruas, nesta e em outras épocas do ano, revela o estado da nossa sensibilidade interior.
A arte expressa simbolicamente o momento da cultura, a condição psíquica coletiva e pessoal, na tentativa de compensar a unilateralidade da nossa consciência coletiva e individual.
“Partindo da insatisfação do presente, a ânsia do artista recua até encontrar no inconsciente aquela imagem primordial adequada para compensar de modo mais efetivo a carência e unilateralidade do espírito da época”, conforme C. G. Jung (O espírito na arte e na ciência. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 71).
A arte natalina de Bragança Paulista traz à tona o estilo de vida que estamos preferindo empreender: nossos hábitos ambientais apontam para um distanciamento de nossas condições psicológicas; é como se estivéssemos desenraizados de nós mesmos. A discórdia experimentada entre os bragantinos revela a forma agressiva com que nós estamos nos relacionando com o planeta, como lidamos com o consumo e com o descarte do lixo, o “lixo” como patologia entre o ser humano e a natureza.
A arte de Delduque, como a de Vik Muniz, que trabalhou com os catadores de recicláveis da Comunidade do Jardim Gramacho, junto ao maior aterro sanitário do mundo, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, não é para nos levar a interpretar o seu significado, mas sim, a ouvir ao que as imagens têm a nos dizer, querem de nós.
“Deixamos as imagens emergirem, extasiando-nos talvez diante delas (ou rejeitando-as, como fizeram os bragantinos), e com isto nos satisfazemos. Poupa-se, em geral, o esforço de compreendê-las e o pior é que não se encaram as consequências éticas que elas suscitam. [...] As imagens do inconsciente impõem sobre ao homem uma pesada obrigação. Sua incompreensão, assim como a falta de sentido da responsabilidade ética privam a existência de sua totalidade e conferem a muitas vidas individuais um cunho de penosa fragmentação”, escreveu Jung (Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 171).
A arte chama-nos a participar do drama que o lixo quer nos comunicar, fazendo de cada um de nós um artífice de suas soluções. Como diria Nietzsche: “A arte como a redenção do que age – daquele que não somente vê o caráter terrível e problemático da existência, mas o vive, quer vivê-lo, do guerreiro trágico, do herói” (O nascimento da tragédia no espírito da música. Os Pensadores. São Paulo: 1987, p. 28).

            Feliz Natal!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Bom Natal!!!

Desejo a todos um Bom Natal!!!
Compartilhando mais a vida como irmãos, e no cuidado de nosso planeta.
Abraço.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Qual será a reação psicológica ao Relatório da Comissão Nacional da Verdade?

            A Comissão Nacional da Verdade (CNV), entregou seu Relatório Final, nesta última quarta-feira, 10 de dezembro, depois de 31 meses de intensos trabalhos. Os objetivos eram: apurar as violações aos direitos humanos, prisões sem base legal, tortura e mortes decorrentes, violências sexuais, execuções e ocultações de cadáveres; efetivar o direito à memória, à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.
            O Relatório registra: 434 pessoas foram mortas ou desaparecidas durante os anos 1946-1988, período entre as duas últimas Constituições democráticas brasileiras; 210 pessoas continuam desaparecidas; 361 agentes do Estado praticaram violações de direitos humanos, no mesmo período; e, recomenda 29 medidas de continuidade das ações iniciadas pelo grupo de trabalho (O Estado de São Paulo. 11.12.14, p. A4).
            Este acontecimento histórico nacional produz sentidos novos, reforça ou rompe alguns antigos, mas principalmente, pode levar a ressignificação de posições nas relações de cada brasileiro nos campos político-sociais, ético-jurídicos, psicoculturais.
            É importante, neste contexto, manter um diálogo contínuo com as experiências psicológicas que este acontecimento provoca em nossas fantasias, pois são elas que expressam as mais puras e verdadeiras tendências de nossa personalidade, na maioria das vezes, não reconhecidas, por serem muito íntimas.
            Conforme C. G. Jung: “A psique cria diariamente a realidade. Só encontro uma expressão para designar essa atividade: a fantasia. A fantasia tanto é sentir como pensar, tanto é intuitiva como perceptiva. [...] Por isso a fantasia me parece ser a mais clara expressão da atividade psíquica específica. É, sobretudo, a atividade criadora que procura uma resposta para todas as indagações contestáveis, a mãe de todas as possibilidades, na qual se encontram vitalmente vinculados, como todos os extremos psicológicos, tanto no mundo interior como o exterior” (Tipos psicológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987, pp. 80-81).
            É recomendável, a esta altura da história da sociedade brasileira, que cada brasileiro aproveite o momento e considere adequadamente o que se passa em suas percepções psíquicas quanto ao que este Relatório da CNV toca em nossas fantasias.
Enquanto a consciência procura adaptar-se à vida como se nada tivesse acontecido, o inconsciente aguarda o momento mais propício - e nunca é tarde demais para rever e reaver a história - para revelar o que muitos buscavam esquecer ou que, simplesmente, fosse esquecido. Isto aconteceu, por que: “O inconsciente contém todas as combinações de fantasia que ainda não ultrapassaram o limiar de intensidade, mas que, com o decorrer do tempo e em circunstâncias favoráveis, entrarão no campo luminoso da consciência”, de acordo com Jung (A natureza da psique. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 1).
A psique busca autorregular-se aos acontecimentos externos, e vice-versa, diante das dificuldades. O que podemos gerar além de depressão, ressentimentos, ansiedade, medo, culpa, afetos extremados, como a violência?

Mais uma vez, as palavras de Jung podem contribuir para a nossa reflexão: “A psique não apenas reage, ela dá sua resposta própria às influências que atuam sobre ela” (Freud e psicanálise. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 278).

domingo, 7 de dezembro de 2014

O que o dinheiro e sua fascinação pode fazer com a gente?

            Cada vez que o assunto corrupção político financeira aparece na imprensa brasileira surge uma caudalosa enxurrada de novas fisionomias envoltas por outras, bem conhecidas, à frente do “corrompreendedorismo”.
O neologismo cunhado pelo jornalista Eugênio Bucci, trata-se do: “círculo virtuoso que se presume no “empreendedorismo” preciso do gatilho vicioso da propina, do impulso baixo do suborno, dos préstimos providenciais e degradantes”, como verificado no processo instalado na Petrobrás (Observatório da Imprensa: 02/12/2014, edição 827).
            Não é difícil imaginar que os beneficiários (indivíduos, empresas e partidos políticos) do esquema de corrupção desfrutassem de um aparente sucesso, gozando de todas as mordomias que o dinheiro (bilhões de reais) podia-lhes proporcionar.
            O sucesso em seus empreendimentos empresariais, familiares e pessoais pode ter-lhes dado a consciência de que eles eram, exatamente, aquilo que lhes pareciam. Envoltos num complexo de orgulho pessoal - do ponto mais alto da arrogância -, provavelmente, não pensavam que pudessem sair das páginas sociais para as policiais dos jornais de todo o País.
Isto nos faz lembrar aquilo que C. G. Jung afirma: “Elas pensam que é tudo o que há e não conseguem ver que há certos fatos coletivos subjacentes, fatos que são a causa real do complexo. Pessoas que têm pouco dinheiro podem explicar seu complexo de dinheiro pela vontade de possuí-lo. Mas poderíamos também dizer que não é aquilo que se pode fazer com o dinheiro, é a fascinação do ouro que cria o complexo de dinheiro. Ambas as explicações são verdadeiras. A diferença entre um problema pessoal e um coletivo é que um problema pessoal deriva inteiramente de nós mesmos, das nossas próprias insuficiências pessoais. Mas um problema coletivo chega a nós devido ao fato de que vivemos em coletividade” (Seminários sobre Visões. 1933, p. 19).
No processo de exagerada sensação da própria importância, igualmente, podemos vivenciar aquilo que John R. O’Neill apresenta como uma experiência na qual: “Deixamos de ouvir e de observar a nós mesmos além das extravagâncias frenéticas do ego; fracassamos em nossas tarefas de aprendizado profundo; e nossa verdadeira identidade se distorce, se entorta e até se perde por completo”.

            Como experiente diretor de carreiras no mundo de negócios, educação, consultoria e atividades de capital de risco nos EUA, O’Neill nos ajuda a refletir sobre alguns sinais de arrogância que podemos desenvolver: 1. “Quando começamos a tomar certos ares de ego inflado, tais como acreditar que podemos fazer avaliações infalíveis acerca dos outros ou evitar erros humanos; 2. quando acusamos a pessoa que traz informações contrárias às nossas de excêntrica, lerda de espírito, invejosa ou incapaz de captar o panorama geral; 3. quando o ego começa a se afirmar em demonstrações de autoridade tais como preocupar-se em ser chamado de “senhor”, ter assento em lugar de prestígio e voz ativa nas reuniões; 4. quando rotulamos aqueles que pensam diferente de nós como errados, maus ou inimigos – é a arrogância operando sob o disfarce da bondade” (O lado obscuro do sucesso. Ao encontro da sombra. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 131).

domingo, 30 de novembro de 2014

Racismo: atitude egocêntrica

Você se conhece através dos outros. E, os outros são diferentes de você. São os outros que fazem você sentir-se participante de um grupo, do mundo. “Que coisa esquisita seria um corpo, se tivesse um único membro! Assim foi que Deus fez muitos membros, mas ainda é um corpo só. O olho nunca pode dizer à mão: ‘não preciso de você’. A cabeça não pode dizer aos pés: ‘não preciso de vocês” (I Coríntios 12.19-21).
A alteridade nos aproxima de nós mesmos, e amplia o conhecimento sobre nós mesmos: nossas potencialidades e fragilidades, nossas competências e deficiências, nossas grandezas e pequenez, nossas luzes e sombra. Tanto no campo pessoal como coletivo, individual como social, de uma só pessoa como de uma nação.
Mas, quando pensamos no outro, no diferente, temos de enfrentar em nosso País, a grave questão do racismo, infelizmente.
Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, pela Universidade de Brasília (UnB), traz a contribuição de vários estudiosos acerca do racismo, que o definem como: “Um conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminações de cunho depreciativo, relacionado a características fenotípicas e/ou étnicas de pessoas e grupos, que incorrem na hierarquização e na exclusão de pessoas e grupos com relação a outros, tanto em nível individual quanto grupal, coletivo e institucional. A atitude do preconceito se aproxima, em termos de mobilização psíquica, da experiência de fobias específicas e, portanto, do sentimento do asco, do nojo, que, no contexto das relações humanas, pode ser definido como uma sensação extrema de repulsa interpessoal. [...] Assim, como um tipo complexo de fobia, o racismo tem entre seus elementos o medo do contato com pessoas negras” (O Desafio da Convivência: Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (2004-2008). Revista Psicologia: Ciência e Profissão, 2013, 33 (1), p. 224).
É importante perceber que o ego, o centro da personalidade consciente, é que formula os estereótipos, os preconceitos, as discriminações. Os estabelecemos por que queremos, por que escolhemos fazê-los, e deles tiramos proveito pessoal, assim revelamos o quanto somos egocêntricos. Por isso a psicologia está envolvida na questão, oferecendo-nos uma possibilidade de alcançar uma solução.
“O processo de psicoterapia procura alterar os referenciais egocêntricos, introduzindo o ponto de vista do Si-mesmo. Quando a terapia é bem sucedida, ocorre uma salutar mudança dos referenciais conscientes egocêntricos para o ponto de vista mais amplo do Si-mesmo”, conforme John A. Sanford (Mal: o lado sombrio da realidade. São Paulo: Paulinas, 1988, p. 17). Para o psicólogo junguiano e pastor anglicano Sanford (1929-2005), o Si-mesmo, “é a parte central do todo da personalidade que abrange o ego e o supera” (idem).
Se considerarmos que as ações que intervém no sistema segregacionista que mediam as relações raciais em nossa sociedade, precisamos participar delas, tomando-as como caminhos indicados pelo Si-mesmo.

O Si-mesmo é o portador da energia psicossocial que pode transformar a nossa sociedade, mas começando com cada um de nós. Você está disposto?

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

InterQuinta_Jung - Filme: Tudo por minha mãe

Secretaria Municipal da Cultura e
Centro de Estudos Junguiano de Marília

Convidam:
XXXIX InterQuinta_Jung –
27/novembbro/2014                          CINE CULtura                              Entrada Franca 

                       
FILME: TUDO POR MINHA MÃE

SINOPSE:  Manuela (Cecilia Roth) vive sozinha com o filho adolescente, Esteban (Eloy Azorín), e se recusa a revelar ao garoto maiores informações sobre o pai. Esteban mantém um inseparável bloco de anotações e está escrevendo um conto sobre sua mãe. Uma noite, ao sair do teatro, tentando conseguir um autógrafo da estrela da peça, Huma (Marisa Paredes), o garoto é atropelado e morre. Sabendo que Esteban queria conhecer o pai, Manuela começa sua jornada redentora, voltando a Barcelona, à procura do pai do garoto. Ele é Lola, travesti que ganha a vida nas ruas e sequer imagina a existência de um filho. Nessa jornada, Manuela também encontra a drag queen Agrado, a atriz veterana Huma e Rosa (Penélope Cruz), uma jovem freira que descobre estar grávida.

Ficha Técnica: 
Gênero: Drama
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Elenco: Agustín Almodóvar, Antonia San Juan, Candela Peña, Carlos García Cambero, Carlos Lozano, Carme Fortuny, Carmen Balagué, Cecilia Roth, Daniel Lanchas, Eloy Azorín, Esther García, Fernando Fernán Gómez, Fernando Guillén, Inma Subirà, José Luis Torrijo, Juan José Otegui, Juan Márquez, Lola García, Malena Gutiérrez, Manuel Morón, Marisa Paredes, Michel Ruben, Patxi Freytez, Paz Sufrategui, Penélope Cruz, Rosa Manaut, Rosa Maria Sardà, Toni Cantó, Yael Barnatán
Produção: Agustín Almodóvar


Debatedora:
Cristina Elenka do Espírito Santo Pires:
Psicóloga clínica, membro do núcleo de psicanálise de Marília e região, economista, compõe equipe de pesquisadores sobre a história da psicanálise em Marília e região.
Local:
Sala de projeção - piso superior da Biblioteca Municipal - as 20H00
ENTRADA PELA AV. RIO BRANCO

domingo, 23 de novembro de 2014

A riqueza dos brancos está nos negros, e vice-versa

Desde que o homem percebeu a realidade do outro, apresenta e desenvolve em seus relacionamentos, variando intensidades, os mesmos padrões emocionais de atitudes e de imagens sobre quem é o outro para si. Isto é, a convivência com o outro é uma experiência arquetípica, ou ainda, psiquicamente somos equipados com padrões primordiais quanto ao contato e relacionamento com outras pessoas.
É disto, justamente, que aborda o Dia Nacional da Consciência Negra. Trata-se de uma reflexão quanto à necessária percepção da realidade do outro e dos diferentes pólos que estas relações proporcionam. Tal reflexão vai além das ações afirmativas nos campos culturais, econômicos e sociais. Passa pelo campo psíquico, a saber, a vivência do Arquétipo da Alteridade. É o outro que me enriquece.
Se a vivência do Arquétipo Matriarcal leva-nos a um relacionamento maternal, ou seja, a adotar cuidados como uma mãe trata e se apega aos filhos que, na maioria das vezes, pela grande intimidade que se estabelece, impede o desenvolvimento pessoal do outro e, a vivência do Arquétipo Patriarcal leva-nos a um relacionamento paternal, isto é, a assumirmos uma posição mais abstrata, distanciada, assimétrica e elitista, que tantos prejuízos psicológicos provoca aos filhos, a vivência do Arquétipo da Alteridade nos chama para um relacionamento dialético, isto é, de aproximações, de comparações, de trocas de valores, de confrontos com o diferente, de flexibilidades.
No caso do País, sob a regência do Arquétipo Patriarcal, estabelecemos uma sociedade hierarquizada, desigual e elitista. Sob a regência do Arquétipo Matriarcal, organizou-se uma sociedade dependente de superpotências, trazendo como consequência um forte sentimento de autocomiseração. Ambos legaram-nos um povo pobre de heróis, com uma memória sociopolítica míope, deixando à mostra as vísceras da miséria, da injustiça, da violência, da corrupção, do abandono e diferenças sociais, um princípio de alteridade violentado.
Segundo Carlos Byington: “É com essa capacidade de avaliação da relação Matriarcal-Patriarcal, pelo Arquétipo da Alteridade que nos permite ver a luz e a sombra da civilização e onde há que se penetrar e buscar resgatar as feridas da humanização” (Terra Brasilis: Pré-história e arqueologia da psique. São Paulo: Paulus, 2006, p. 226).
Quer dizer: Casa Grande e Senzala, antes separadas pelas forças dominantes, são irmãs univitelinas à espera de um resgate psíquico, apesar das complexidades implicadas e, exige tempo e paciência, mas, principalmente, perseverança e luta para diminuirmos o fosso que insiste persistir e, que às vezes, contribuímos.
Só o Arquétipo da Alteridade pode nos conduzir a bom termo, num processo humanitário e humanizador. A nossa identidade cultural apresenta aspectos que contém todos os elementos necessários para a vivência do Arquétipo da Alteridade, com suas benfazejas riquezas distribuídas em todas as regiões brasileiras, a saber: a musicalidade e seus ritmos maravilhosos; a diversidade religiosa ameríndia, africana e européia; a festividade definida pela alegria extrovertida; e, a singularidade da maravilhosa Língua Portuguesa, com sua variedade regionalista.
Aproveitemos as condições que nos amalgamam tão fortemente, numa mestiçagem rica de significados que pode produzir um povo mais feliz!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PsicoCine - A Partida

PsicoCine

Filme: A Partida
Comentaristas: José Wellington dos Santos e Carlos Alberto de Figueiredo
Dia: 22 de novembro de 2014
Horário: 16h00
Local: Salão Paroquial da Matriz Santo Antônio (entrada pela R. Prudente de Moraes)
Evento gratuito

PsicoCine é um projeto que se propõe analisar e refletir sobre as produções cinematográficas que possam ser usadas como instrumento de aplicação e discussão de temas relacionadas a Psicologia,  fomentando a potencialidade do cinema como processo de criação de modos de existência, produção de subjetividades, desejos e realidades,  em sua dimensão estética, ética e psicológica.
"O cinema visto como um impulso de explorar e realizar a psique, como um meio para a criação da consciência" ( John Beebe -São Paulo: Cadernos Junguianos, AJB. nº 1, 2005).

domingo, 16 de novembro de 2014

Dia Nacional da Consciência Negra



O EVENTO SERÁ REALIZADO NO SALÃO NOBRE DA REITORIA DA UNIVERSIDADE DE MARÍLIA - UNIMAR - ÀS 20H00

Dia Nacional da Consciência Negra

Palestra com a Psicóloga Vivian Verônica Buck
Pedagoga e Psicóloga em São Paulo
Aluna do Instituto Junguiano de São Paulo - IJUSP - 
filiado a Associação Junguiana do Brasil - AJB -
filiada a International Association for Analytical Psychology - IAAP, 
com sede em Zurique, Suiça
Tema: 
A alma ancestral africana bate à porta dos consultórios de análise: estamos prontos para recebê-la?

Abordando as questões da transferência e contra-transferência dos conteúdos preconceituosos racistas inconscientes na relação terapêutica

Data:
19.11.14

Horário:
20h00

Local:
Salão Nobre da Reitoria da  Universidade de Marília - UNIMAR

Público:
Estudantes e Profissionais da Saúde: 
psicólogos, médicos em geral
Estudantes e Profissionais da Educação: 
professores e diretores de escolas

Contato e inscrições com o Psicólogo Sílvio L. Peres
99805.1090 - vivo
98137.8535 - tim