domingo, 22 de maio de 2011

Entrevista com Dieter Baumann, neto de C. G. Jung


Entrevista com Dieter Baumann, neto de C. G. Jung
Entrevista feita por Luciano Colella - analista junguiano em São Paulo e presidente
do Instituto de Estudos de Psicologia Analítica

(Fonte: Jornal "Folha de São Paulo", 08 de junho de 1991)
"O que mais me impressiona em Carl Gustav Jung é a capacidade que teve de suportar os opostos em si mesmo". Decorridos 30 anos da morte de um dos pioneiros da psicanálise, completados no dia 06 de junho de 1991, o jornal "Folha de São Paulo" entrevistou Dieter Baumann, 64 anos, neto de Jung. Sendo neto ele o conheceu não como "o príncipe herdeiro do império freudiano", tampouco como "o velho sábio de Zurique". Em entrevista exclusiva, Baumann conta lembranças de sua infância, que revelam uma face íntima do avô.
Folha - Qual a primeira lembrança que você tem de seu avô?
Dieter Baumann - A primeira lembrança que tenho dele é de quando ele tinha 58 anos e eu 5 ou 6, acho. Eu e mais alguns meninos estávamos em Shafuza, em um grande jardim que era da minha bisavó, tentando fazer um condutor, um tubo, com as hastes de dentes-de-leão. Queríamos que a água corresse através da tubulação e tentávamos encaixar este longo tubo, de vários metros, na bica. Claro que não dava certo. A pressão da água expulsava o tubo.
Fizemos várias tentativas. Aí chegou Jung, perguntou o que estávamos tentando fazer e, quando nós explicamos, pegou o tubo, colocou-o dentro de um tanque que havia debaixo da bica, sugou pela outra ponta e depois que a água chegou, pôs a outra ponta do tubo para fora e abaixo do nível da água e a água começou a escorrer. Em outras palavras ele fez um sifão. Assim ele salvou a nossa brincadeira.
Folha - Isto é muito interessante, porque simbolicamente a água é associada com freqüência aos conteúdos do inconsciente e à energia psíquica.
Baumann - Exatamente por isso que me deve ter vindo à mente. Isto me leva a uma outra lembrança. Quando eu tinha oito anos, estava passando férias com ele em Bolinggen e lá fora, perto da torre, ele tinha um sistema fluvial de rios em miniatura. Ele cavou uma região encharcada e encontrou algumas pequenas fontes. Escavou então pequenos canais por onde a água destas fontes pudesse correr. Como eram várias fontes, acabou formando um verdadeiro sistema fluvial em miniatura que ele manteve e cuidou por muito tempo. Marie-Louise Von Franz chamava essas atividades do Jung de "waterworks" (trabalhos com água). Uma outra lembrança também associada aos canais é de quando eu já tinha 20 anos. Eu o estava ajudando na manutenção deles. É claro que, às vezes devido à movimentação, a água ficava muito turva. Nesse dia, porém, havia um dos afluentes que estava com a água particularmente límpida. Esta água límpida ao entrar na turva criava um desenho muito bonito, uma espécie de nebulosidade, mas límpida. Então eu disse a ele: "Olhe para isto", e apontei-lhe o desenho. Ele olhou e disse: "sim, isto é influência" (influir). Estas lembranças levaram-me a perceber uma das suas características marcantes que era esta união do pensamento concreto e abstrato com o simbólico.
Folha - Jung continuou seu trabalho intelectual até o fim da vida?
Baumann - Bem, praticamente o último trabalho que ele escreveu foi o seu artigo em "O homem e seus símbolos" e isto foi cerca de dois meses antes de morrer. Lembro-me dele nesses dias, escrevendo no terraço da sua casa.
Folha - E sobre a relação de Jung com Freud, você se recorda de algum comentário que ele tenha feito?
Baumann - Lembro-me apenas de que ele me contou uma vez que, quando escreveu "Transformações e Símbolos da Libido" - posteriormente passou a se chamar "Símbolos da Transformação" -, ele sabia que este livro lhe teria custado a amizade de Freud. Ele tinha comentado isto com minha avó. Isso o desgostou muito mas ele tinha que escrever aquele livro.
Folha - O que você lembra do interesse de Jung em relação à parapsicologia?
Baumann - Estes assuntos não lhe interessavam por si mesmos. O seu interesse voltava-se para o significado destes fatos, fazia parte de um interesse mais geral pelas relações entre o corpo e a alma. Em particular através da sua descoberta da sincronicidade, na qual, digamos a realidade física e a realidade espiritual se encontram.
Por exemplo, lembro-me de um fato muito interessante que ele contou que ilustra bem o seu tipo de interesse. Jung estava em Bollingen com Hans Kuhn. Estavam andando fora da torre, conversando. Jung teve um pensamento no qual concluía que o cristianismo não pode vencer o paganismo e vice-versa, e que ambos teriam que morrer para que se criasse algo novo que contivesse os dois e fosse além dos dois. Nesse exato momento encontraram uma cobra morta. Ela tentara comer um peixe muito grande e ficara sufocada. Assim o peixe (que é uma alegoria tradicional do cristianismo) matou a cobra, e a cobra (que é do paganismo) matou o peixe. Isto aconteceu em 1935, 15 anos antes de escrever o seu trabalho sobre a sincronicidade.
Folha - Depois de ter sido fundado o Instituto Jung, como ele via o movimento da psicologia junguiana?
Baumann - Sei que ele não se sentia muito contente que o colocassem num pedestal. Marie-Louise von Franz disse-me uma vez que Jung não queria fundar uma escola e nem ter seguidores mas sentia-se muito satisfeito se o seu trabalho pudesse estimular outras pessoas a se dedicarem ao seu próprio trabalho criativo.
Folha - Uma agressão a Jung que de vez em quando vem à tona é a que o acusa de um suposto anti-semitismo. O que você diria a respeito?
Baumann - Isto é terrível. Continuam sempre insistindo nisso. Existe um livro escrito por E. A. Bennet, "O que Jung realmente disse", no qual ele esclarece definitivamente toda esta questão. Assim, se alguém insiste nisto certamente não está de boa fé. Claro que Jung observou o nazismo como fenômeno psíquico. Posso dar um testemunho pessoal a respeito. Lembro-me de que quando estourou a guerra, no dia 1º de setembro de 1939, estávamos em Bolningen e fomos chamados por uns vizinhos que tinham um rádio, para ouvir aquele discurso demagógico de Hitler. Lembro-me de como Jung ficou profundamente indignado e irritado e expressou isso de um modo muito claro. Lembro também claramente de como ele, durante as refeições, comentava o que estava acontecendo na política e sempre se expressou de uma forma claramente antinazista. Sei também que ele ajudou muitos judeus na época. Ele fez um seminário na Alemanha, em 1935, no qual se lê, nas entrelinhas, claramente a sua posição contrária ao que acontecia.

Folha - A psicologia junguiana não estaria adquirindo uma dimensão cada vez mais escolástica?
Baumann - Sim, é verdade. Mas eu sempre vejo aqui e acolá pequenos grupos não-oficiais que se formam. Eu já dizia 30 anos atrás que a psicologia junguiana deveria ir para as catacumbas. Fui muito criticado por causa disto porque, por um lado, parece importante que seja difundida, mas quando se vê o uso que algumas pessoas fazem dela, é muito triste. Eu tenho o privilégio de poder me comunicar com vários pequenos grupos deste tipo. Creio que quando conseguimos estas trocas, não oficiais, sem pretensões institucionais, então teremos algo positivo. Mas creio que também quando há instituições as coisas poderiam ir bem se as pessoas envolvidas percebessem que isto é um compromisso com o mundo. Mas tão logo se acredite que esta instituição é uma coisa em si mesma, então isto vai mal.
Folha - O que mais o impressiona na obra de Jung?
Baumann Neste momento, digamos que é a capacidade que teve de suportar os opostos em si mesmo. Aceitando o sofrimento da guerra interna é que se cria a possibilidade de contribuir para a paz. Diria que um dos grandes méritos de Jung foi o de ter reintroduzido no Ocidente o pensamento antinômico, já que, se alguém suporta os opostos em si mesmo, permanece consciente, e assim, serve à completude. Senão, a outra metade é projetada no inimigo, dando início às guerras. Jung diz que se alguém tem um conflito profundo, o importante é tentar participar dos dois polos do conflito, e assim lentamente poderá vir à tona um novo símbolo que os reunirá, ou estará acima ou abaixo dos dois polos. É a lógica de alguém que renuncia à prepotência de querer apossar-se do mistério, pois, se se tentar simplificar as coisas, identificando-se com um dos polos, ocorrerá a dissociação. É exatamente quando se aceita a dilaceração do conflito é que o risco de uma dissociação é menor. Eu diria que a dilaceração é o oposto da dissociação.

Parábola do Filho Pródigo para crianças


A Bíblia conta uma história muito bonita!
Os pais trabalham bastante para conseguir dar aos filhos o melhor que podem.
Um homem muito bom e muito rico tinha dois filhos.
O filho mais novo não via a hora que seu pai morresse; e, como ele não sabia quando isto ia acontecer, resolveu pedir ao pai que lhe desse uma parte da sua riqueza.
E, um dia ele saiu de casa, e foi para um país bem longe da casa dele, e lá gastou todo o dinheiro que tinha recebido do pai.
O país para ele foi era muito pobre, e as pessoas passavam fome. E, até ele, depois de gastar tudo que tinha, também passou fome. Até que um dia um homem mandou que ele fosse dar comida para porcos no chiqueiro.
Olha só que coisa: as pessoas não tinham o que comer, mas os porcos tinham; muitas pessoas eram tão pobres que não tinham dinheiro para comprar comida, mas algumas pessoas tinham dinheiro para comer, e comiam tanto que sobrava comida para dar aos porcos. Não é estranho isto?
Pois é, mais estranho ainda é que aquele moço aceitou o emprego. E, enquanto os porcos comiam, ele tinha vontade de comer as mesmas coisas que dava aos porcos.
Foi quando ele se lembrou da casa do seu pai, e resolveu voltar para lá. E, foi para lá. E, quando chegou na casa dele, o pai saiu correndo ao seu encontro e fez uma grande festa: mandou o filho trocar de roupas, deu um sapato novo, deu um presente para ele, e convidou os amigos dele, para um churrasco.
Mas, o filho mais velho daquele homem, ficou com tanta inveja, que foi brigar com o pai. Ele chegou para o pai disse assim: Como o sr. faz uma coisa destas. Este filho saiu de casa, gastou tudo que era do sr., e ainda o sr. manda fazer uma festa para ele? Eu fiquei aqui em casa, e o sr. nunca comemorou o meu aniversário. O sr. não está certo!
E, o pai disse àquele filho: Meu filho, como você pode dizer isto a meu respeito? Tudo que é meu é teu também. O seu irmão voltou, e nós temos de comemorar sim. Graças a Deus que ele voltou vivo! A estas horas poderíamos estar enterrando o seu irmão! Antes comemorar com festa do que estar num velório. Vamos, entre a festa está tão boa!
O que podemos aprender com esta história?
Que o pai da história é Deus, e que os filhos somos nós.
Que Ele nos perdoa quando pecamos. Ele se esquece do nosso pecado. Ele se alegra quando voltamos para perto dEle.
Que temos de desfrutar das bênçãos que Ele nos dá.
Que quando estamos com Ele é uma festa tão boa, que tem lugar para todo o mundo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Medo (I)


            Não temos como nos livrar completamente dele. Na verdade, faz parte do nosso desenvolvimento: assim como aprendemos a andar, falar, escrever, também o adquirimos através da aprendizagem; podendo ser experimentado diversamente, dependendo do estágio da vida em que nos encontramos.
            Ele compõe enredos literários, passando por contos, novelas ou poesias; é objeto de estudo de diversas ciências da sociologia, filosofia ou psicologia; participa do estado de insegurança que a violência gera; permeia os sentimentos dos que se encontram em tratamento médico, ou quando recebem um diagnóstico; ronda quando ficamos próximos de pessoas desconhecidas; interfere numa entrevista de emprego; integra os nossos discursos quando falamos de pessoas em situação de rua, por exemplo; está presente quando pensamos acerca do futuro pessoal, familiar ou do planeta; em algumas situações é percebido mais por mulheres do que por homens; interfere no enfrentamento de circunstâncias, como deixar a família para se casar ou na separação conjugal, doar sangue ou órgãos; paralisa novas experiências e novos conhecimentos; etc.
            Refiro-me ao medo. O medo é uma emoção.
Eduardo Augusto Remor, doutor em Psicologia da Universidad Autónoma de Madrid, diferencia medo e ansiedade: “medo envolve a avaliação de um evento como perigoso ou ameaçador, enquanto que ansiedade refere-se à reação emocional decorrente da avaliação” (Tratamento psicológico do medo de viajar de avião, a partir do modelo cognitivo: caso clínico. Psicol. Reflex. Crít. Vol. 13 n. 1. Porto Alegre: 2000).
O medo é necessário para termos a real dimensão das ameaças que sofremos nos diversos eventos que nos acontecem. Sem esta emoção, nos sentimos onipotentes, e tratamos como trivial a transitoriedade da existência e a própria mortalidade, isto é, perdemos a sensibilidade e respeito para com o próximo ou por nós mesmos.
                Para o psiquiatra suíço Heinrich Karl Fierz (1912-1974), o medo se instala quando falta orientação. Ele afirma: “a pessoa temerosa é incapaz de agir” (Psiquiatria junguiana. São Paulo: Paulus, 1997 p. 278).
            Sem orientação segura, recuamos todas as vezes que precisamos avançar. Orientar-se é ter capacidade de avaliar a situação. Quanto mais realistas formos em nossa avaliação acerca das circunstâncias, mais próximos da verdade estaremos.  E nesta tarefa não podemos ser preguiçosos, se quisermos ganhar vantagens sobre o medo.  Por mais desafiadoras que sejam as circunstâncias, mais exigentes precisamos ser. “A verdade sobrepuja o medo e inspira confiança” (idem, p. 295).
O medo declara nossos limites, contudo, isto não significa que devamos nos deixar aprisionar por ele, mas sim devemos buscar avaliar, séria e determinadamente, qual a verdade que estamos negligenciando a respeito do que nos faz sentir medo.
Pode ser que a orientação que precisamos é: tomar certos cuidados com nossa saúde, usando corretamente os medicamentos; sermos prudentes quanto às mudanças que precisamos dar à vida, às vezes necessárias, para sermos emocionalmente mais maduros; mesmo que as decisões tomadas não tenham sido acertadas, muitas vezes por ingenuidade, podem ser alteradas, quando se reconhece e se presta atendimento às necessidades geradas, por exemplo. Qual orientação você procura? Encontre-a.

IV InterQuinta Jung – Debate do filme: Ata-me


Secretaria Municipal da Cultura e
Centro de Estudos Junguianos de Marília

Convidam:
IV InterQuinta_Jung – Debate

         Exibirá o filme: “Ata-me”, seguido de debate.

Sinopse: Ricky (Antonio Banderas) sai de um reformatório psiquiátrico e vai para um set de filmagens, onde Marina Osório (Victoria Abril), uma ex-viciada em heroína e ex-atriz pornô está filmando um filme de terror dirigido por Maximo Espejo (Francisco Rabal), um diretor conhecido que tenta se recuperar de um forte derrame que o deixou preso a uma cadeira de rodas. Após o término das filmagens, Ricky invade o apartamento de Marina e diz que quer ser seu marido e o pai dos seus filhos. Ele resolve deixá-la amarrada na cama até que Marina aprenda a amá-lo. À medida que essa relação se desenvolve, eles descobrem um amor incomum que sobrevive devido a algo além de prazer e dor.
        
Informações Técnicas
 Título no Brasil:  Ata-me
   País de Origem:  Espanha
    Gênero:  Drama                                              
      Duração: 101 minutos
        Ano de Lançamento:1990
          Direção:  Pedro Almodóvar
   Classificação: 14 anos



Elenco: Antonio Banderas, Victória Abril, Loles León, Francisco Rabal

Data da Exibição: 26/05/2011
Horário: 20h00      
Local: Sala de Projeção Municipal, piso superior da Biblioteca Municipal. Entrada pela Av. Rio Branco.

Comentários: Ana Carla Sismeiro Vicente – Psicoterapeuta Junguiana formada pela Universidade de Marília (UNIMAR), curso de formação em Sandplay realizado em Bauru e Especialização em Psicossomática pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo (FACIS).

Entrada Franca- Vagas Limitadas

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O que está por trás da guerra contra o terror?


            O fator que mais interfere na guerra contra o terrorismo, que culminou com a morte de Osama Bin Laden (1957-2011), e que pouco tem sido referido nas análises sobre este fenômeno, porque implica na difícil tarefa de reconhecimento das deficiências morais de ambas as partes, se chama projeção. Na realidade, o processo da projeção participa de todas as formas como nós nos relacionamos com o próximo e com os objetos: entre homens e mulheres, entre políticos e sociedade, entre policiais e criminosos, entre pais e filhos, entre ricos e pobres, entre religiosos e fiéis, entre professores e alunos, entre sãos e enfermos, entre consumidores e mercadorias.
Projeção é a arma de defesa mais usada para abafar a ansiedade gerada quando não assumo os meus próprios defeitos. Porque me sinto mal com aquilo que não desejo ser e procuro esconder dos outros, porque não admito que sou tão baixo, inferior ou inepto como eles, lanço sobre eles e até mesmo sobre objetos, este meu sentimento. Sinto um tremendo bem-estar, na verdade bastante provisório, quando não assumo, por exemplo, que deveria ser mais prudente antes de escorregar numa casca de banana fora da lata de lixo. No relacionamento com outras pessoas, não demoro em perceber os comportamentos que posso aceitar e outros que me inspiram a viver melhor, como também aqueles que devo rejeitar veementemente, mas que no fundo, também, posso manifestá-los, e às vezes, até mais requintados. Assim entendem-se as comuns antipatias pessoais, até os cruéis preconceitos e perseguições de nosso tempo.
Antes das guerras contra o terrorismo, os Bush e os Bin Laden lucraram muito com os negócios petrolíferos que mantinham; colaboraram, mutuamente, na guerra contra os russos no Afeganistão, nos anos 80 do século passado. Até então, possivelmente, se idealizavam um ao outro, não percebendo as negatividades que nutriam um pelo outro, até levarem o mundo todo a sofrer as consequências desta guerra.
Ao expulsar para um objeto, pessoa, ou pessoas o conteúdo subjetivo que deveria ser admitido e assimilado, tem-se a impressão de que se está livre das dores e incômodos emocionais que ele provoca, porque o objeto, a pessoa ou as pessoas passam a ser encarados como “encarnações do mal”.
“Todos usam a projeção como uma defesa para evitar olhar para dentro de si mesmos” (CHOPRA, D. O efeito sombra. São Paulo: Lua de papel, 2010, p.52).
É isto que se verifica em todas as guerras, em todos os tempos. E na guerra contra o terrorismo não é diferente desde 11 de Setembro de 2001, e até mesmo antes. É como se as nações em guerra dissessem: “Eu não fiz nada. É tudo culpa sua”.
Por trás de cada tiro, de cada pedra que é jogada, de cada bomba que explode, de cada soldado que tomba, de cada civil morto, de cada bandeira queimada, de cada manifestação contra a presença das tropas dos EUA no Oriente, de cada pronunciamento dos políticos acerca dos conflitos, assistimos ao movimento do processo de perceber como estando nos outros os conteúdos do inconsciente de cada um dos lados envolvidos na questão.
Para tentar solucionar este e outros conflitos em que a projeção se faz presente, é necessário reintegrar ou recuperar o sentimento do qual deseja se livrar, enfrentando-o, apesar da angústia que provoca. Só assim é possível perceber a semelhança existente entre as partes em conflito, e o que o sentimento está falando a seu respeito.