terça-feira, 19 de maio de 2015

PsicoCine - C. G. Jung

PsicoCine C. G. Jung - 06.06.15

Filme: A Menina no País das Maravilhas

Phoebe Lichten (Elle Fanning) sonha em participar da peça "Alice no País das Maravilhas", que será encenada na sua escola, mas é sempre rejeitada pelos colegas de classe. Isto faz com que seu comportamento piore cada vez mais, preocupando seus pais, Hillary (Felicity Huffman) e Peter (Bill Pullman). Eles tentam ajudar a filha, mas Phoebe prefere se esconder em suas fantasias. Aos poucos, ela passa a confundir a realidade com seus sonhos.

Comentários:
Karla Moreira - Psicóloga em Marília

Dia: 06 de junho

Horário: 16:00

Local: Salão Paroquial da Matriz Santo Antônio
(entrada pela Rua Prudente de Moraes)

Entrada franca

PsicoCine é um projeto que se propõe à análise e reflexão sobre produções cinematográficas que podem ser utilizadas como instrumento, aplicação e discussão de temas relacionados à Psicologia.

“O cinema visto como um impulso de explorar e realizar a psique, como um meio para a criação da consciência” (John Beebe).

domingo, 17 de maio de 2015

Psique, portadora de saúde e vida: a bandeira da Luta Antimanicomial
Os transtornos mentais são carregados de uma grandiosa riqueza da vida interior, apesar de parecerem como grotescas correntes que privam da liberdade.
A contribuição da psicologia analítica, formulada por Carl Gustav Jung, na compreensão desse fenômeno é que as desordens psíquicas, como a esquizofrenia, por exemplo, cuja comunicação com o paciente por meio da palavra, às vezes se torna impossível, pode ser reconstituída através de imagens. “C. G. Jung dá máximo valor à função criadora de imagens. Na sua psicoterapia, desenho e pintura são considerados fatores que podem contribuir para o processo de autoevolução do ser” (Nise da Silveira. Senhora das imagens: escritos dispersos de Nise da Silveira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008, p. 120).
Daí a importância de envolver os pacientes em atividades nos ateliês de pintura e escultura. A expressão plástica revela os códigos das significações psicológicas do sofrimento mental. Embotamento afetivo, apagamento da afetividade, pobreza de ideação e demência são termos que mais perturbam e atrapalham um tratamento que se quer ser eficiente. As imagens são portadoras de uma linguagem inconsciente simbólica que desafia nossa capacidade de lidar com elas e trazer algum alívio.
Pioneira no tratamento psiquiátrico através das imagens plásticas, no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro, a psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999), afirma: “A pintura nos informará sobre as alterações da percepção. Revelará se o doente perdeu ou não a capacidade de construir Gestalten, se vê as coisas desligadas de seus contextos pragmáticos, misturadas, justapostas, superpostas, num verdadeiro caos. Informará sobre a estruturação do espaço, sobre a maneira como ele apreende o mundo. Se o mundo que vivencia é rígido, estático, ameaçador, instável, sombrio ou colorido. Se predomina a tendência à abstração, como fuga a um mundo hostil, ou se se manifestam tendências à empatia com as coisas e seres do mundo real. A pintura nos permitirá acesso a imagens oriundas das profundezas do inconsciente” (Nise da Silveira. Referência citada acima, p. 111).
            Conforme C. G. Jung: “Como pessoas normais inteiramente inseridas na realidade, não conseguimos ver a riqueza desse aspecto velado da psique. Percebemos somente a destruição. Infelizmente, na maior parte das vezes, não conseguimos nenhuma informação sobre o que se passa no lado obscuro da psique, uma vez que ruíram todas as pontes de ligação. [...] Mesmo as coisas mais absurdas são símbolos do pensamento, que são não só humanidades que moram no íntimo de toda criatura humana. Nos dementes mentais, não estamos diante de nada de novo e desconhecido, mas sim do fundamento de nosso próprio ser, da origem dos problemas que enfrentamos no dia a dia” (Psicogênese das doenças mentais. Petrópolis: Vozes, 1986, p. 161).
Através das pinturas e/ou esculturas os pacientes expõem o “outro lado” da psique. Não há sintoma que não possa ser compreendido psicologicamente. Em todos os sintomas, por mais caótico, absurdo, incongruente, estereotipado sempre vamos encontrar algum sentido psicológico.
A Luta Antimanicomial defende a bandeira da psique, portadora de saúde e vida.
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 99805.1090 / 98137.8535 – http://psijung.blogspot.com.br)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Lançamento do GEPA - Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - C. G. Jung

GEPA - Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - C. G. Jung: fundado em Abril de 2015.
Constitui-se, como mais um espaço institucional de difusão, formação e atendimento clínico psicoterapêutico que segue o pensamento de Carl Gustav Jung (1875-1961), denominado Psicologia Analítica.
Sob a coordenação do Psicólogo Sílvio Lopes Peres - CRP 06/109971.
O Psicólogo Sílvio é candidato a membro do Instituto Junguiano de São Paulo - IJUSP (filiado a Associação Junguiana do Brasil - AJB, filiada a Association for Analytical Psychology - IAAP, com sede em Zurique, Suíça), Mestre em Ciências da Religião, Pedagogo e Teólogo.
Trata-se de um grupo de profissionais e estudantes de distintas áreas das Ciências Humanas, e tem por objetivo o estudo, a difusão, a investigação e a aplicação da teoria analítica, reconhecendo e integrando o aporte de outras correntes da psicologia e de outras disciplinas.
ATIVIDADES 2015:
Abril: Criação do Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - C. G. Jung - GEPA - C. G. Jung
23/05 - Conferência: C. G. Jung: Vida e Obra.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Nise da Silveira: exemplo na Luta Antimanicomial

            No momento em que o País se volta a considerar a luta antimanicomial, durante a semana que se inicia, deve-se ressaltar que a alagoana Nise da Silveira (1905-1999), foi a primeira psiquiatra brasileira a dar um tratamento diferenciado aos         que sofriam a “invasão do mundo interno sobre o mundo externo”, como ela chamava.
            Em sua opinião: “O paciente, não entende a linguagem do mundo externo. Eu parto sempre do que o doente diz, escuta ou faz. Nem sempre considero aquilo que os livros falam. Nem mesmo os de Jung. No entanto, há uma grande coincidência no que o doente faz, sente e fala e o que Jung ensina. Por exemplo: Fernando Diniz (paciente que recebeu tratamentos tradicionais no hospital psiquiátrico, que segundo a Dra. Nise, “massacraram cada vez mais sua autoimagem e são implacavelmente hostis aos movimentos de defesa das forças autocurativas que tentam a reconstrução da psique dissociada), em certa ocasião falou: “Mudei para o mundo das imagens”. Fernando era o único desses nossos pacientes que tinha uma cultura maior. Estava fazendo o colegial quando adoeceu. E tinha um racional desenvolvido; entretanto, ele se espantou com suas imagens devido a problemas emocionais. O inconsciente invadiu esse mundo racional onde ele vivia. Então ele diz espantado: “Mudei para o mundo das imagens. As imagens tomam a alma da pessoa”. Se o próprio doente diz que está tomado pelas imagens, porque você vai continuar buscar entendê-lo exclusivamente através de uma linguagem racional? Ele não vai te entender. Se importa ele em responder: que horas são? que dia é hoje? E outras perguntas semelhantes do mundo externo valorizadas pela psiquiatria tradicional. No prontuário de Fernando Diniz, muitas vezes encontrei escrito: desorientado no tempo e espaço. Entretanto Fernando Diniz lia livros de física atômica. Muitas vezes ia a livrarias acompanhado de um estagiário e escolhia livros”.
De sua produção bibliográfica, destacamos: Jung: vida e obra (1968); Imagens do Inconsciente (1981); O mundo das imagens (1992); Gatos: a emoção de lidar (1998). E, como pesquisadora, desenvolveu atividades com os pacientes envolvendo cães e gatos no tratamento: “No Hospital, introduzi os animais como ajuda para os doentes. Como co-terapeutas. Um analista americano, de quem eu tenho um livro costumava trabalhar com um cão no consultório. Como, aliás, Freud trabalhava com um cão no consultório; Jung trabalhava com um cão no consultório. Marie Louise Von Franz, com quem eu fiz análise, trabalhava com um cão no consultório”.
            Sua decisão pela luta antimanicomial foi tomada mediante a seguinte experiência: “Um paciente me mostrou que eu estava no caminho certo, quando certa vez me ofereceu um coração em madeira e no centro do coração um livro aberto. Quando me ofereceu isso, me disse: “um livro é muito importante, a ciência é muito importante, mas se se desprender do coração não vale nada”. Tudo que eu sei de psiquiatria aprendi com eles”.
            Na luta antimanicomial, Nise da Silveira não deixa dúvidas: “Estou de acordo de que estes velhos manicômios que se parecem prisões sejam implodidos, é um movimento que, a meu ver, não se ocupa do mundo interno do paciente”.

sábado, 2 de maio de 2015

Sonhos: possibilidades diferentes de sermos nós mesmos

         A natureza nos oferece um valioso presente: os sonhos. Refiro-me à atividade onírica. Passamos um longo tempo de nossas vidas dormindo e sonhando. E, não podemos descartar os sonhos, como se não fossem importantes. Podemos e precisamos considerá-los como expressão do inconsciente.
            Tudo que sonhamos são partes de nós mesmos, que se nos apresentam como símbolos, e das funções do nosso mundo interior.
            Em cada um de nós existem vários “eus”, que funcionam de modo diferente daquilo que sabemos a nosso respeito, conscientemente. As pessoas, lugares, objetos e situações que vemos nas imagens oníricas são partes de nós que precisam ser conhecidas, caso queiramos viver plenamente, mas que de alguma maneira foram reprimidas, quer pela educação familiar, escolar, cultural, social e/ou religiosa.
            Para Robert A. Johnson (1921-) as imagens oníricas, são: “Componentes psicológicos autônomos: cada um tem sua própria consciência, seus próprios valores, desejos e pontos de vista. Cada um nos leva a uma direção diferente; cada um tem uma força ou qualidade diferente para contribuir em nossa vida; cada um tem seu próprio papel em nossa personalidade total” (A chave do reino interior. São Paulo: Mercuryo, 1989, p. 57).
            Precisamos “trabalhar” os sonhos, por que necessitamos conhecer as várias possibilidades diferentes de sermos nós mesmos. Não somos únicos, somos constituídos de uma grande diversidade muito forte e poderosa. “Parte de mim vive na mente consciente, e parte de mim – o caráter complementar que compõe o todo – está escondida no inconsciente” (idem, p. 59).
            “Trabalhar” os sonhos é mais do que simplesmente relatá-los; implica em experimentá-los, isto é, perceber-se dentro deles, resgatar as emoções sentidas enquanto eram vivenciadas. Este, talvez, seja o principal motivo pelo qual os consideramos estranhos à vida diurna, simplesmente porque reprimimos qualquer sentimento próprio a que eles querem nos ligar. Preferimos nos ligar aos sentimentos externos, por resistir às transformações que eles nos exigem, apesar de sentirmos esta necessidade.
            Procure estabelecer o hábito de tomar nota dos sonhos. Mantenha próximo à sua cama um caderno, caneta ou lápis, assim se evita que eles se percam na escuridão do esquecimento. Estas anotações podem ser revistas a qualquer momento, e você perceberá que alguns temas/assuntos se repetem, ressaltando a sua importância e necessário trabalho a ser empreendido pessoalmente. Aos poucos os sonhos deixarão de ser considerados “bobos”, ou pertencentes a um território impenetrável, mas principalmente, você está mais perto de quem você é.
            Robert Bosnak, analista junguiano holandês, recomenda relatar os sonhos com outras pessoas, além de procurar um tratamento psicoterápico que os leva em conta, pois pode ser que alguém nos ajude a prestar atenção em alguma imagem que nos pareça irrelevante, mas que tem um importante significado simbólico (Breve curso sobre sonhos. São Paulo: Paulus, 1994).
            Bons sonhos!
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 998051090 / 981378535 – http://psijung.blogspot.com.br)