sábado, 27 de junho de 2015

Aspectos psicológicos do endividamento financeiro Por que nos endividamos?
Quem não sabe das altas taxas de juros do cartão de crédito, do cheque especial ou do famigerado agiota, ou não quer saber e nem procura por estas informações, não se importa com o crescimento da dívida, mas, mesmo assim, se queixa de não ser capaz de viver sem dívidas. Entretanto, como se sabe, todas as necessárias informações quanto a estas cobranças estão disponíveis, bastando uma simples solicitação.
O psicólogo analítico Alex Borges Rocha, lembra que apesar de no Brasil a moeda se chamar “Real”, o dinheiro é cada vez mais “virtual”; que num tempo as pessoas recebiam o salário em “dinheiro vivo” e manipulando-o percebiam as reais possibilidades orçamentárias. Se o tivessem, comprava-se. Se não, não comprava.
Realmente, não é difícil perceber o quanto algumas pessoas perderam a dimensão real, tangível, palpável ou concreta do dinheiro. É como se o mesmo fosse algo subjetivo, virtual, quase irreal. Daí, cada vez mais, falamos ou ouvimos frases do tipo: “Hoje, eu não tenho, mas acho que vou ter no dia tal, então vou comprar, depois vejo o que faço”. “No mês seguinte, vai entrar um dinheiro, então...”. “O negócio era tão bom, que tive uma intuição, e no final tudo vai dar certo!” “Quero comprar tal coisa, mas agora não tenho dinheiro, então, passo o cartão, dou cheque pré-datado, entro no cheque especial, faço um carnê”.
Realmente, tratar o dinheiro dessa maneira fica difícil viver sem dívidas.
Parece-me que a questão não se resume a manter-se distante dos templos de consumo, mas trata-se de algo que se passa numa camada mais interior.
Para Rocha: “É sabido que quem vive dentro de um orçamento planejado não entra em dívida, mas tem que lidar com a frustração. [...] Saber qual é o real poder de compra é criar consciência de quanto se ganha e quanto se gasta” (O psicólogo clínico e o dinheiro. Revista Hermes, nº 17. São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae, 2012, p. 14).
Quanto mais baixo for o nível de suportar a frustração, maior deve-se aumentar as entradas financeiras, e não o número de parcelas.
Carl Gustav Jung (1875-1961), afirma: “Neurose é um estado de desunião consigo mesmo, causado pela oposição entre as necessidades instintivas e as exigências da cultura, entre os caprichos infantis e a vontade de adaptação, entre os deveres individuais e coletivos. A neurose é um sinal de parada para o indivíduo que está num caminho falso, e um sinal de alarme que o induz a procurar um processo de cura pessoal” (Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 356).
A quem devo mais: a mim mesmo, ou às expectativas alheias? “Preciso” ou “desejo”? Por que cobrar de outras pessoas aquilo que só eu posso pagar-me?
“O dinheiro é um dos grandes determinadores [...] do valor que temos com relação a coisas e pessoas”, conforme o rabino Nilton Bonder (A Cabala do dinheiro. Rio de Janeiro: Imago, 1991, p. 153).
Fazer e pagar dívidas indicam quem sou nesta vida, e o que a vida é para mim. (Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação
Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for

Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 14 de junho de 2015

Entregue-se: o amor está no ar!

            O amor está no ar – repetidas vezes ouvimos essas palavras, como um mantra, especialmente, no Dia dos Namorados.
            O amor está no ar - sobrevoando aos nossos corações no frescor da manhã, no calor da tarde, na umidade fria da noite.
            O amor está no ar - quer no ardor da concupiscência, do forte e incontrolável desejo carnal, quer na mais amena afeição.
            O amor está no ar, posto ser onipresente e onipotente, pois compartilha da natureza dos deuses, daí provocar nossas homenagens ou praguejamentos.
            O amor está no ar, pois envolve-nos por dentro e por fora, arrebata aos mais intensos êxtases; domina-nos, toma-nos como objetos e/ou como vítimas.
            O amor está no ar, tira-nos do ar, nos deixa sem ar, sem fôlego.
            O amor está no ar, visto ser de caráter abstrato, como nos recomenda os Evangelhos: “Acolhei uns aos outros, como também Cristo vos acolheu para a glória de Deus” (Romanos 15.7).
            “Psicologicamente isto quer dizer que a libido, como força do desejo e do anseio, em sentido mais amplo como energia psíquica, em parte está à disposição do eu, mas em parte se mantém autônoma com relação a ele e, eventualmente, o domina a ponto de o levar involuntariamente a uma situação de emergência, ou então lhe desvenda uma inesperada e adicional fonte de energia”, afirma Carl Gustav Jung (Símbolos da transformação. Petrópolis: Vozes, p. 58, § 98).
            É preciso, portanto, se deixar ser influenciado ou dominado por esta energia autônoma, que denominamos “amor”.
            São infinitas as possibilidades de encontrarmos alguém para amarmos e de sermos amados. Só não passa por essa experiência aquele que é incapaz de direcionar sua libido às coisas e às pessoas, além de nós mesmos.
            O amor está no ar: significa que em todos os momentos nos deparamos com coisas e pessoas que nos estimulam a ver o quanto é viva e bela a existência; é preciso deixar-se tocar pelo outro, não resistir.
Na mesma obra, Jung escreve: “A resistência ao amor produz a incapacidade ao amor ou é a incapacidade que atua como resistência. Assim como a libido é um fluxo perene que despeja suas águas na amplitude do mundo da realidade, a resistência, encarada de forma dinâmica, não é como uma rocha que se ergue acima do leito do rio, constantemente banhada e rodeada pelo fluxo das águas, mas uma correnteza contrária, que flui para a nascente ao invés de fluir para a foz. Uma parte da alma quer o objeto externo, mas a outra quer voltar ao mundo subjetivo, onde nos acenam os palácios leves e facilmente construídos da fantasia” - (pp. 158-159, § 253).         

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

sábado, 30 de maio de 2015

PsicoCine - C. G. Jung - A menina no país das maravilhas

PsicoCine - C. G. Jung

PsicoCine C. G. Jung - 06.06.15

Filme: A Menina no País das Maravilhas

Phoebe Lichten (Elle Fanning) sonha em participar da peça "Alice no País das Maravilhas", que será encenada na sua escola, mas é sempre rejeitada pelos colegas de classe. Isto faz com que seu comportamento piore cada vez mais, preocupando seus pais, Hillary (Felicity Huffman) e Peter (Bill Pullman). Eles tentam ajudar a filha, mas Phoebe prefere se esconder em suas fantasias. Aos poucos, ela passa a confundir a realidade com seus sonhos.

Comentários:
Karla Moreira - Psicóloga em Marília

Dia: 06 de junho

Horário: 16:00

Local: Salão Paroquial da Matriz Santo Antônio
(entrada pela Rua Prudente de Moraes)

Entrada franca

PsicoCine é um projeto que se propõe à análise e reflexão sobre produções cinematográficas que podem ser utilizadas como instrumento, aplicação e discussão de temas relacionados à Psicologia.

“O cinema visto como um impulso de explorar e realizar a psique, como um meio para a criação da consciência” (John Beebe).
Conflitos e criatividade: pontes e fronteiras arquetípicas (2)
De 3 a 6 de junho de 2015, os psicólogos Vivian Verônica Buck e Sílvio Lopes Peres participarão do VII Congresso Latino Americano de Psicologia Analítica, na cidade de Buenos Aires, Argentina, com trabalhos que visam contribuir para com a  revisão das formas atuais de relacionamento humano, ainda muito influenciado pela dicotomia provocada pelo racionalismo cartesiano que dominou o espírito do homem durante o século XX.
Peres apresentará a opinião de Carl Gustav Jung, acerca do sistema religioso protestante, vigente no final do século XIX e início do século XX. Segundo Jung, cabia àquele protestantismo rever seu pretensioso intelectualismo racional, por banir as experiências místicas próprias do espírito humano, contrariando o espírito seminal encontrado em seu fundador, Martinho Lutero. Como filho de pastor luterano, Jung sabia do que estava falando. “A divisão do protestantismo em novas seitas – é sinal de vida. Mas infelizmente, no sentido eclesial, isto não é um belo sinal de vida, porque não há dogmas e nenhum rito. Falta a vida tipicamente simbólica”, afirma Jung (A energia psíquica. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 272).
Para o psiquiatra suíço, o protestantismo é portador de um “grande risco e de uma grande possibilidade”: por não saber, especialmente, o que fazer com a má consciência que domina a alma do protestante. 
Buck procurará abrir espaço para a discussão sobre o racismo e a forma como ele bate à porta dos consultórios, senta-se no divã, arranca o terapeuta de sua zona de conforto e incita-o a refletir. Para ilustrar, a autora apresentará dois casos em que o preconceito é vivenciado a partir de perspectivas diferentes: No primeiro, a paciente negra vive a dor da exclusão em seu dia-a-dia: na escola, no trabalho, nas ruas, nos parques, nos Shopping Centers da cidade. No segundo, a dor do preconceito é vivida por uma mulher de pele clara e ausência de traços afro. A mãe e todos os seus parentes são negros. O pai, descendente de alemães e italianos, perdeu o contato com a filha. Esta paciente vive o “racismo às avessas”, ou seja, as diferenças de “cor” parecem desencadear projeções que resultam em forte discriminação por parte da família. Neste caso, a excluída é branca. Como explicar este fato?
Utilizando-se do conceito de Complexo Cultural, a autora pretende demonstrar que, a partir de perspectivas várias, o preconceito racial atinge a todos nós: brancos, negros e mestiços; homens e mulheres; ricos e pobres; e, porque não dizer, analistas e analisandos. Ora, segundo Jung, sem a vivência de opostos não há a experiência da totalidade. E a verdade é que temos vivido, ao longo de nossa história, em lados opostos que se encontram, mas não se integram.
Haverá esperança de mudança? A autora propõe que o setting terapêutico seja visto aqui como a grande ponte para a estruturação de um dos mais graves complexos culturais brasileiros: o racismo. Mas para que isso aconteça é preciso um cuidadoso trabalho de autoanálise por parte dos terapeutas que, não raro, sentem alguma dificuldade em se perceberem como parte ativa do Complexo.
Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: (14) 99805.1090 / 98137.8535 – http://psijung.blogspot.com.br.
Vivian Verônica Buck – Pedagoga e Psicóloga Clínica – CRP 06/58896 – Fone (11) 99656.1855.

Candidatos a Analistas do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology

domingo, 24 de maio de 2015

Conflitos e criatividade: pontes e fronteiras arquetípicas

Ao tentar explicar o que acontecia na Europa, mais especificamente na Alemanha de Hitler, Carl Gustav Jung lançou mão de seu conceito de ‘histeria’: “A essência da histeria consiste numa dissociação quase que sistemática, numa desvinculação dos pares de opostos que normalmente se encontram estreitamente ligados, o que provoca, muitas vezes, uma cisão da personalidade, ou seja, um estado em que realmente uma mão não sabe o que a outra faz” (Psicologia em Transição. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 196).
O mundo não mudou neste sentido; não é a outra realidade que vivemos em pleno século XXI. A tarefa da psique individual e da Cultura é atingir o ponto de equilíbrio, onde opostos se integram e atingem um estado de totalidade.
Este é o objetivo do VII Congresso Latino Americano de Psicologia Junguiana, sob o tema: “Conflitos e Criatividade – Pontes e Fronteiras Arquetípicas”, que se realizará em Buenos Aires, (Argentina), nos próximos dias 03 a 06 de junho.  
Durante o encontro, buscar-se-á a reflexão, discussão e respostas para os desafios que a atualidade nos apresenta: vivemos num mundo assolado por dúvidas, inquietações e conflitos que já não são passíveis de solução com base nos postulados do racionalismo cartesiano fundamentado no iluminismo dos séculos XVIII e XIX. Tais postulados levaram à dicotomia dos opostos – certo e errado, luz e sombra, subjetivo e objetivo, bem e mal, consciente e inconsciente, feminino e masculino e assim por diante. A criatividade é um dos instrumentos de que o ser humano dispõe em seu esforço de integração.
Os psicólogos Vivian Verônica Buck e Sílvio Lopes Peres participarão do encontro. Buck apresentará o tema: “A alma africana bate à porta dos consultórios de análise: Estaremos prontos para recebê-la?” Peres abordará questões referentes ao “Conflito e criatividade na espiritualidade protestante segundo C. G. Jung”.
Buck ampliará o tema já apresentado em eventos promovidos pela UNIMAR (Marília) e FAEF (Garça), num esforço conjunto que procura estruturar na consciência de profissionais e alunos da Faculdade de Psicologia e afins, um dos complexos culturais mais nocivos e profundamente arraigados na tradição cultural brasileira: o preconceito racial. Em sua apresentação, Peres aprofundará aspectos abordados em sua Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Ambos pretendem colaborar, dentro do cômputo geral das discussões, com dois temas muito significativos no que diz respeito à criação de uma sociedade mais competente no sentido de integrar as energias opostas que caracterizam a profunda cisão que ainda prevalece na psique individual e coletiva do mundo moderno.
Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: (14) 99805.1090 / 98137.8535 – http://psijung.blogspot.com.br.
Vivian Verônica Buck – Pedagoga e Psicóloga Clínica – CRP 06/58896 – Fone (11) 99656.1855.
Candidatos a Analistas do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology

quarta-feira, 20 de maio de 2015

PsicoCine em Garça: Tudo pode dar certo - 30,05,15

Em parceria com a Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal de Garça, sob a coordenação do Secretário Ricardo Gimenes, vamos desenvolver debates e co-mentários da Sétima Arte, no auditório da Biblioteca Municipal.


Filme: Tudo pode dar certo
De Woody Allen, 2009.

Boris Yellnikoff (Larry David) é um velho rabugento que tem o hábito de insultar seus alunos de xadrez. Ex-professor da Universidade de Columbia, ele considera ser o único capaz de compreender a insignificância das aspirações humanas e o caos do universo. Um dia, prestes a entrar em seu apartamento, Boris é abordado por Melodie St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood), que lhe implora para entrar. Ele atende ao pedido, a contragosto. Percebendo sua fragilidade, Boris permite que ela fique no apartamento por alguns dias. Ela se instala e, com o passar do tempo, não aparenta ter planos de deixar o local. Até que um dia lhe diz que está interessada nele.

Dia: 30 de Maio

Horário: 16:00

Comentários dos Psicólogos:
Sílvio L. Peres
Carlos A. de Figueiredo

End.: Av. Rafael Paes de Barros, 522
Outras Informações: 3471.1616

Entrada Franca

“O cinema visto como um impulso de explorar e realizar a psique, como um meio para a criação da consciência” (John Beebe)

PsicoCine é um projeto que se propõe à análise e reflexão sobre produções cinematográficas que podem ser utilizadas como instrumento, aplicação e discussão de temas relacionados à Psicologia.