segunda-feira, 20 de julho de 2015

Tributo pelos 140 Anos de Nascimento de C. G. Jung

Tributo pelos 140 Anos de Nascimento de C. G. Jung
Jung nasceu no dia 26 de julho de 1875, em Kesswil, cantão da Turgóvia, Suíça.
Evento Especial realizado pelo GEPA - Grupo de Estudos de Psicologia Analítica - C. G. Jung
Local: Rua Cel. Siqueira Reis, 115 - Marília – SP
(Próximo ao CPP)
Data: Sábado, dia 25 de julho.
Horário: 16:00 - 18:00
Participação Especial: Psicóloga Vivian Verônica Buck – CRP 06/58896 – Fone (11) 99656.1855.
Candidata a Analista do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology
Investimento: R$40,00 - por encontro
Informações:
998051090 - vivo
981378535 - Tim
E-mail:
silviolperes@hotmail.com

domingo, 19 de julho de 2015

Sejamos heróis!
            Pelo menos, teoricamente, sabemos que um herói nasce quando há obstáculos para serem superados, ou quando determinadas metas precisam ser alcançadas, especialmente situações que parecem “inatingíveis” para a maioria das pessoas. E, não é difícil perceber quais são as dificuldades que nos desafiam como pessoas, famílias, empresas e sociedade.
            Segundo Joseph Campbell (1904-1987): “O herói é o homem ou a mulher que conseguiu vencer suas limitações históricas pessoais e locais, e alcançou formas normalmente válidas, humanas” (O herói de mil faces. São Paulo: Pensamento, 2007, p. 28).
            Para Renato Janine: “O heroísmo não está só nas personagens da mitologia grega ou nos super-heróis da TV. Ele pode estar presente quando cada um de nós enfrenta uma pequena prepotência, em nome de um valor mais alto – desde, claro, que arque com os resultados de sua ação e que além disso lembre que é falível e pode estar errado. Mas é desses pequenos heroísmos pessoais que depende a dignidade humana” (www.renatojanine.prof.br/Etica/heroi.html).
            Conforme o analista junguiano James Hollis, o herói enfrenta, diariamente, pelo menos dois incansáveis inimigos: a letargia e o medo. Todas as vezes que nos deixamos seduzir pelos confortos, isto é, quando não nos envolvemos pessoalmente com os conflitos, especialmente aqueles que exigem uma postura pessoal, a letargia como que nos come vivos; e, se temos de perder alguma posição já alcançada, se nos comparamos com os outros, ficamos sob o efeito paralisante do medo. “Depois de termos assumido essa incumbência singular e também absoluta de nos tornarmos protagonistas do nosso próprio drama existencial, então estamos vivendo numa dimensão heróica” (Rastreando os deuses. São Paulo: Paulinas, 1997, p. 110).
            Assim sendo, o herói é alguém mais consciente de quem é para si mesmo.
            O herói não se vale de artimanhas nem de esperteza para manter viva a sua disposição de vencer os obstáculos, mas enfrentando, muitas vezes, percebe que precisa sacrificar vontades pessoais, pois sabe que não pode fugir de si mesmo. Nisto está o caminho da sabedoria. Se agir com esperteza, sabe que estará se enganando e iludindo a si mesmo. O caminho da sabedoria é transitado sem as intenções nem os desejos egoístas.
            “Todos os heróis sucumbem por si, quando difundem em certa medida a atitude de herói e com isso fracassam” (Minuta da Associação de Psicologia Analítica Clube Psicológico de Zurique, ao Livro Vermelho, de Carl Gustav Jung. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 244).
            Neste momento que o País está atravessando, precisamos nos lembrar disso. Sejamos heróis!
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 12 de julho de 2015

M.M.D.C.A. (1932-2015)

            Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga não eram soldados que tombaram na Primeira Guerra Mundial, nem na Segunda; não eram médicos que deram suas vidas na luta contra as doenças mortais na África; não eram engenheiros que morreram na abertura de estradas no norte do País, nas expedições rondonianas; nem tão pouco, políticos que salvaram o Brasil da inflação, criaram milhões de empregos, construíram casas, escolas e hospitais, ou implantaram planos econômicos de aumento de renda; não eram ricos empresários pertencentes às elites; não eram religiosos que se sacrificaram pela cristianização de aborígenes amazônicos, de comunistas nos países da “cortina de ferro”, nem de terroristas islâmicos.
            Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza, Antônio Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga eram jovens estudantes. Morreram durante as manifestações contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas, pela força militar federal na cidade de São Paulo, na calçada da Praça da República com a Rua Barão de Itapetininga, no dia 23 de maior de 1932. Vítimas da truculência do estado brasileiro. Dos cinco, um deles tinha apenas 14 anos de idade, conforme o jornalista da Rádio Eldorado, Geraldo Nunes (http://sao-paulo.estadao.com. br/blogs/geraldo-nunes/).
Em 1932, Getulio Vargas prometia uma “República Nova”, mas governava por decretos, destituía governadores dos estados e nomeava aqueles que se afinavam ao seu discurso ditatorial. A instabilidade política e econômica do País, logo gerou protestos de ruas e “revoluções”, que resultou numa guerra fratricida que durou 87 dias (até 03 de outubro de 1932), deixando um saldo oficial de 934 mortos, e nas contas não-oficiais, 2.200 mortos.
            Neste “Nove de julho”, 83 anos depois, data em que os paulistas recordam a luta por um estado livre de direito, precisamos refletir se não estamos repetindo com o assassinato de tantos outros MMDCAs, em nossas ruas e praças. Para os militares que executaram MMDCA, eles eram marginais à lei.
A arte-educadora e diretora de teatro Luíza Romão, em vídeo-poema que “viralizou” no Facebook, nos últimos dias, nos ajuda a enxergar que a realidade social do País ainda precisa mudar bastante. Ela diz: “Brasil, tu te tornas eternamente responsável por aquilo que pões em cativeiro, da FEBEM ao Navio Negreiro. / Eu sei que assusta perder seus privilégios; somos o plano europeu que não deu certo, mas alerto: reduzir a maioridade não é questão de segurança. Isso é o extermínio de criança; é genocídio de classe. [...] / Tu queres ser gigante, Brasil? Então, lembra do Golias. / O poder gestado pelas mãos da minoria, no País da escravidão, ainda é branca a “democracia”. É a bancada da bala e os seus projéteis de leis. / Onde já se viu tornar-se adulto aos dezesseis? / Diga aí vocês: o País seccionado e a fratura está exposta [...] / São alienistas? E, alienados? / Querem o Brasil, um “País-condomínio-fechado”? / Tem sangue nas mãos e, agora, nos olhos. Mergulham a Bíblia numa poça de ódio. / Sabe, meritocracia é fácil para quem já nasceu no pódio / Por detrás dos discursos, investimentos: são células, transformadas em cédulas; empresas de presos; desprezo por qualquer matéria humana. / Cunha, eu sei quem financia a sua campanha. Você quer o quê? Ser o novo Franco da Espanha? O golpe, é certeiro. Tu queres cercar a Casa Grande e colocar três porteiros? / Mas, cuidado com quem você coloca em cativeiro!”.
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)
            Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga não eram soldados que tombaram na Primeira Guerra Mundial, nem na Segunda; não eram médicos que deram suas vidas na luta contra as doenças mortais na África; não eram engenheiros que morreram na abertura de estradas no norte do País, nas expedições rondonianas; nem tão pouco, políticos que salvaram o Brasil da inflação, criaram milhões de empregos, construíram casas, escolas e hospitais, ou implantaram planos econômicos de aumento de renda; não eram ricos empresários pertencentes às elites; não eram religiosos que se sacrificaram pela cristianização de aborígenes amazônicos, de comunistas nos países da “cortina de ferro”, nem de terroristas islâmicos.
            Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza, Antônio Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga eram jovens estudantes. Morreram durante as manifestações contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas, pela força militar federal na cidade de São Paulo, na calçada da Praça da República com a Rua Barão de Itapetininga, no dia 23 de maior de 1932. Vítimas da truculência do estado brasileiro. Dos cinco, um deles tinha apenas 14 anos de idade, conforme o jornalista da Rádio Eldorado, Geraldo Nunes (http://sao-paulo.estadao.com. br/blogs/geraldo-nunes/).
Em 1932, Getulio Vargas prometia uma “República Nova”, mas governava por decretos, destituía governadores dos estados e nomeava aqueles que se afinavam ao seu discurso ditatorial. A instabilidade política e econômica do País, logo gerou protestos de ruas e “revoluções”, que resultou numa guerra fratricida que durou 87 dias (até 03 de outubro de 1932), deixando um saldo oficial de 934 mortos, e nas contas não-oficiais, 2.200 mortos.
            Neste “Nove de julho”, 83 anos depois, data em que os paulistas recordam a luta por um estado livre de direito, precisamos refletir se não estamos repetindo com o assassinato de tantos outros MMDCAs, em nossas ruas e praças. Para os militares que executaram MMDCA, eles eram marginais à lei.
A arte-educadora e diretora de teatro Luíza Romão, em vídeo-poema que “viralizou” no Facebook, nos últimos dias, nos ajuda a enxergar que a realidade social do País ainda precisa mudar bastante. Ela diz: “Brasil, tu te tornas eternamente responsável por aquilo que pões em cativeiro, da FEBEM ao Navio Negreiro. / Eu sei que assusta perder seus privilégios; somos o plano europeu que não deu certo, mas alerto: reduzir a maioridade não é questão de segurança. Isso é o extermínio de criança; é genocídio de classe. [...] / Tu queres ser gigante, Brasil? Então, lembra do Golias. / O poder gestado pelas mãos da minoria, no País da escravidão, ainda é branca a “democracia”. É a bancada da bala e os seus projéteis de leis. / Onde já se viu tornar-se adulto aos dezesseis? / Diga aí vocês: o País seccionado e a fratura está exposta [...] / São alienistas? E, alienados? / Querem o Brasil, um “País-condomínio-fechado”? / Tem sangue nas mãos e, agora, nos olhos. Mergulham a Bíblia numa poça de ódio. / Sabe, meritocracia é fácil para quem já nasceu no pódio / Por detrás dos discursos, investimentos: são células, transformadas em cédulas; empresas de presos; desprezo por qualquer matéria humana. / Cunha, eu sei quem financia a sua campanha. Você quer o quê? Ser o novo Franco da Espanha? O golpe, é certeiro. Tu queres cercar a Casa Grande e colocar três porteiros? / Mas, cuidado com quem você coloca em cativeiro!”.
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

domingo, 5 de julho de 2015

Todos sob o arco-íris?

            Assim que a Corte de Justiça dos EUA anunciou a legalização da união homoafetiva em todo o território do país, no último dia 26 de junho, as cores do arco-íris ganharam destaque nas fotos de pessoas, empresas, instituições e entidades, que possuem perfis nas redes sociais, em sinal de apoio à decisão. O fenômeno se repetiu em todo o mundo; mas, já tem gente que está procurando saber como removê-la.
            O arco-íris, como símbolo dos movimentos LGBTs, foi adotado em 1978, durante a primeira Parada Gay, em San Francisco, California (EUA), sucedendo aos triângulos rosas e negros invertidos, utilizados nos anos 70, pelos ativistas norte americanos que os recuperaram pela forma como os nazistas identificavam os homossexuais nos campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial. Criada pelo designer Gilbert Baker (1951-), a bandeira do arco-íris, originalmente, portava 8 cores, com diferentes significados: rosa, sexualidade; vermelho, vida; laranja, cura; amarelo, luz solar; verde, natureza; turquesa, magia; azul, serenidade; e, violeta, espírito.
            Sabemos que os símbolos são portadores de significados culturais; através deles comunicamos ideias e valores que vão além da simples exteriorização da imagem. E, com o sexo não é diferente. Como afirma Zygmunt Bauman (1925-): “Em todas as suas manifestações (do sexo), sejam aquelas conhecidas desde tempos imemoriais ou aqueles descobertas e nomeadas pela primeira vez, o sexo serviu à articulação de novos (modernos) mecanismos de poder e controle social” (A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 291).
Quer dizer: toda a história do sexo é a história da manipulação cultural do sexo; o sexo é modificado para atender as exigências do presente momento.
E, a bandeira do arco-íris amplia este significado: em matéria de sexo não existe preto ou branco, mas uma ampla diversidade de cores.
“A variedade e intensidade de graduações das orientações sexuais indicam que a natureza não se expressa por meio de categorias estanques. Porém, a mente humana procura catalogar as coisas, colocando cada uma delas num compartimento separado”, conforme Vittorio Lingiardi (1960-), psiquiatra e analista junguiano italiano (Ars erótica ou scientia sexualis? Análise e o amor pelo mesmo sexo – tema apresentado no XII Simpósio da Associação Junguiana do Brasil, em 2004. Estudos sobre a homossexualidade: debates junguianos. São Paulo: Vetor, 2011, p. 25).
Para quem está acostumado a “definir” as pessoas, não deve ser fácil tolerar as multicores que somos capazes de vivenciar em todo o nosso desenvolvimento humano. Entretanto, se quisermos desenvolver a plenitude de nossas capacidades socioculturais, e até espirituais, precisamos, ao menos, nos abrir ao diálogo e evitar os ataques que nos impedem de viver numa sociedade melhor.

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Viva o cinema!

         
No próximo dia 28 de dezembro, o mundo celebrará 120 anos de cinema. Na ocasião uma plateia de 33 pessoas assistia a primeira projeção de cinema, dos filmes: “A saída dos operários da fábrica” e “A chegada do trem na estação de Ciotat”, no Salão Egípcio do Grand Café de Paris, dos irmãos Auguste e Louis Lumière.
O cinema excita a infinita diversidade de aspectos da nossa alma, que a razão, sozinha, não consegue. “A riqueza dos filmes, sua sonoridade, imagens, dinamismos e enredo nos levam aos recônditos de nossa alma e, muitas vezes, sem nos apercebermos, eles nos afetam e nos transformam”, segundo Dulcinéa Monteiro, organizadora do livro “Jung e o cinema: Psicologia Analítica através de Filmes” (Curitiba: Juruá, 2013).
O cinema é a síntese de todas as artes. O cinema reúne, recria e difunde todas as demais expressões artísticas. A Sétima Arte emprega a música, a poesia, a fotografia, a literatura, a pintura, a escultura e a arquitetura em seus argumentos.
“Sem as ciências, a física e a química, a tecnologia ou a informática, o cinema não tem base material em que se sustente. O cinema, conduz a tecnologia até a arte, reproduz a luz e a cor, eleva o movimento e o ritmo às alturas das artes chamadas ‘nobres’, para gerar a fantasia, a ficção e a realidade”, conforme a analista junguiana chilena Claudia Grez Villegas (Los puentes en el cine: símbolos arquetípicos de cruce entre fronteras. Temátikas Junguianas. Vol. II. 2ª. Ed. Sociedad Chilena de Psicologia Analítica (SCPA). Santiago (CHL): Mayo, 2015, p. 86).
Mais que contar histórias de entretenimento, o cinema coloca-nos em contato com aquilo que não somos conscientes a respeito de nós mesmos; move-nos nessa direção; através dele, nossos afetos conscientes e inconscientes são mobilizados. Como diz Jung: “O cinema, como o romance policial, tornam-nos capazes de viver sem perigo todas as nossas excitações, fantasias e paixões” (Civilização em transição. 3ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 93. Vol. X/3, § 195). O cinema nos fascina.
O cinema é mais um recurso para ampliar a compreensão de nós mesmos. Ao ver o que se passa com as personagens é possível perceber que não é muito diferente o que aconteceria com a gente, em nossas vivências pessoais e coletivas, mais íntimas, nossos amores, nossas emoções.
Cinéfilos ou apenas espectadores, o cinema não nos deixa indiferentes: “Como tela de projeção da nossa realidade, o cinema mesclou toda a beleza da arte com os arquétipos, os simbolismos da vida, o surreal, a complexidade das relações entre as pessoas e com os meandros da emoção da alma humana”, nos afirmam Myrma e Carlos Brandão, em “Jung e o cinema” (p. 188).
Para Jung: “Os filmes são bem mais eficientes que o teatro; são menos restritos, capazes de produzir símbolos espantosos para mostrar o inconsciente coletivo, já que seus métodos de apresentação são tão ilimitados. [...] Todas as imagens são representações simbólicas ou inconscientes de seus próprios complexos” (Análise de sonhos: notas sobre o seminário ministrado de 1928 a 1930. Curitiba: 1995, p. 5).

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

sábado, 27 de junho de 2015

Aspectos psicológicos do endividamento financeiro Por que nos endividamos?
Quem não sabe das altas taxas de juros do cartão de crédito, do cheque especial ou do famigerado agiota, ou não quer saber e nem procura por estas informações, não se importa com o crescimento da dívida, mas, mesmo assim, se queixa de não ser capaz de viver sem dívidas. Entretanto, como se sabe, todas as necessárias informações quanto a estas cobranças estão disponíveis, bastando uma simples solicitação.
O psicólogo analítico Alex Borges Rocha, lembra que apesar de no Brasil a moeda se chamar “Real”, o dinheiro é cada vez mais “virtual”; que num tempo as pessoas recebiam o salário em “dinheiro vivo” e manipulando-o percebiam as reais possibilidades orçamentárias. Se o tivessem, comprava-se. Se não, não comprava.
Realmente, não é difícil perceber o quanto algumas pessoas perderam a dimensão real, tangível, palpável ou concreta do dinheiro. É como se o mesmo fosse algo subjetivo, virtual, quase irreal. Daí, cada vez mais, falamos ou ouvimos frases do tipo: “Hoje, eu não tenho, mas acho que vou ter no dia tal, então vou comprar, depois vejo o que faço”. “No mês seguinte, vai entrar um dinheiro, então...”. “O negócio era tão bom, que tive uma intuição, e no final tudo vai dar certo!” “Quero comprar tal coisa, mas agora não tenho dinheiro, então, passo o cartão, dou cheque pré-datado, entro no cheque especial, faço um carnê”.
Realmente, tratar o dinheiro dessa maneira fica difícil viver sem dívidas.
Parece-me que a questão não se resume a manter-se distante dos templos de consumo, mas trata-se de algo que se passa numa camada mais interior.
Para Rocha: “É sabido que quem vive dentro de um orçamento planejado não entra em dívida, mas tem que lidar com a frustração. [...] Saber qual é o real poder de compra é criar consciência de quanto se ganha e quanto se gasta” (O psicólogo clínico e o dinheiro. Revista Hermes, nº 17. São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae, 2012, p. 14).
Quanto mais baixo for o nível de suportar a frustração, maior deve-se aumentar as entradas financeiras, e não o número de parcelas.
Carl Gustav Jung (1875-1961), afirma: “Neurose é um estado de desunião consigo mesmo, causado pela oposição entre as necessidades instintivas e as exigências da cultura, entre os caprichos infantis e a vontade de adaptação, entre os deveres individuais e coletivos. A neurose é um sinal de parada para o indivíduo que está num caminho falso, e um sinal de alarme que o induz a procurar um processo de cura pessoal” (Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 356).
A quem devo mais: a mim mesmo, ou às expectativas alheias? “Preciso” ou “desejo”? Por que cobrar de outras pessoas aquilo que só eu posso pagar-me?
“O dinheiro é um dos grandes determinadores [...] do valor que temos com relação a coisas e pessoas”, conforme o rabino Nilton Bonder (A Cabala do dinheiro. Rio de Janeiro: Imago, 1991, p. 153).
Fazer e pagar dívidas indicam quem sou nesta vida, e o que a vida é para mim. (Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação
Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for

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domingo, 14 de junho de 2015

Entregue-se: o amor está no ar!

            O amor está no ar – repetidas vezes ouvimos essas palavras, como um mantra, especialmente, no Dia dos Namorados.
            O amor está no ar - sobrevoando aos nossos corações no frescor da manhã, no calor da tarde, na umidade fria da noite.
            O amor está no ar - quer no ardor da concupiscência, do forte e incontrolável desejo carnal, quer na mais amena afeição.
            O amor está no ar, posto ser onipresente e onipotente, pois compartilha da natureza dos deuses, daí provocar nossas homenagens ou praguejamentos.
            O amor está no ar, pois envolve-nos por dentro e por fora, arrebata aos mais intensos êxtases; domina-nos, toma-nos como objetos e/ou como vítimas.
            O amor está no ar, tira-nos do ar, nos deixa sem ar, sem fôlego.
            O amor está no ar, visto ser de caráter abstrato, como nos recomenda os Evangelhos: “Acolhei uns aos outros, como também Cristo vos acolheu para a glória de Deus” (Romanos 15.7).
            “Psicologicamente isto quer dizer que a libido, como força do desejo e do anseio, em sentido mais amplo como energia psíquica, em parte está à disposição do eu, mas em parte se mantém autônoma com relação a ele e, eventualmente, o domina a ponto de o levar involuntariamente a uma situação de emergência, ou então lhe desvenda uma inesperada e adicional fonte de energia”, afirma Carl Gustav Jung (Símbolos da transformação. Petrópolis: Vozes, p. 58, § 98).
            É preciso, portanto, se deixar ser influenciado ou dominado por esta energia autônoma, que denominamos “amor”.
            São infinitas as possibilidades de encontrarmos alguém para amarmos e de sermos amados. Só não passa por essa experiência aquele que é incapaz de direcionar sua libido às coisas e às pessoas, além de nós mesmos.
            O amor está no ar: significa que em todos os momentos nos deparamos com coisas e pessoas que nos estimulam a ver o quanto é viva e bela a existência; é preciso deixar-se tocar pelo outro, não resistir.
Na mesma obra, Jung escreve: “A resistência ao amor produz a incapacidade ao amor ou é a incapacidade que atua como resistência. Assim como a libido é um fluxo perene que despeja suas águas na amplitude do mundo da realidade, a resistência, encarada de forma dinâmica, não é como uma rocha que se ergue acima do leito do rio, constantemente banhada e rodeada pelo fluxo das águas, mas uma correnteza contrária, que flui para a nascente ao invés de fluir para a foz. Uma parte da alma quer o objeto externo, mas a outra quer voltar ao mundo subjetivo, onde nos acenam os palácios leves e facilmente construídos da fantasia” - (pp. 158-159, § 253).         

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)