segunda-feira, 30 de março de 2015

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PsicoCine - Batismo de Sangue

PsicoCine - Batismo de Sangue
Comentaristas:
Ivo dos Santos Farias - historiador e doutorando em Ciências Sociais (UNESP), autor do livro: Nossa casa é do patrão: Dominação e resistência operária no núcleo fabril de Fernão Velho - Maceió/AL. Curitiba, APPRIS, 2014.
Sílvio Lopes Peres e Carlos A. Figueiredo (Psicólogos)

Dia: 11 de abril de 2015
Horário: 16h00
Local: Salão Paroquial da Matriz Santo Antônio (entrada pela R. Prudente de Moraes)
Evento gratuito

PsicoCine é um projeto que se propõe analisar e refletir sobre as produções cinematográficas que possam ser usadas como instrumento de aplicação e discussão de temas relacionadas a Psicologia, fomentando a potencialidade do cinema como processo de criação de modos de existência, produção de subjetividades, desejos e realidades, em sua dimensão estética, ética e psicológica.

"O cinema visto como um impulso de explorar e realizar a psique, como um meio para a criação da consciência" ( John Beebe -São Paulo: Cadernos Junguianos, AJB. nº 1, 2005).

domingo, 29 de março de 2015

Do que você tem medo?

“Nossos medos alteram-se com idade, gênero, classe sócio-econômica, nível de desenvolvimento cognitivo e outras variáveis de natureza individual ou social”, conforme Antonio Roazzi; Fabiana C. B. Federicci; Maria do Rosário Carvalho (A questão do consenso nas representações sociais: um estudo do medo entre adultos. Psic. Teor. e Pesq. V. 18 nº 2. Brasília: 2002).
Quanto menor for a nossa capacidade de avaliar a vida, menor será o medo. Quanto mais apurada for a nossa noção de vida, maior será a sensação de medo. Por isso podemos dizer que há vários tipos de medo. A criança sofre medos que os idosos não sofrem; os ricos temem por coisas que os pobres não temem; o intelectual sente um medo diferente do símplice; as mulheres sentem um tipo de medo e os homens, outro.
O medo é diferente de pessoa para pessoa, e não importa se a situação de perigo é imaginária ou real. Nem sempre somos suficientemente capazes de admitir ou de verbalizar o quanto somos medrosos. A maioria de nós procura diminuir as experiências desagradáveis na tentativa de “despistar” o medo prolongando aquelas que julgam positivas com o propósito de atenuar o medo.
Segundo os autores, acima citados, o medo é uma emoção “governada” pelo grupo social a que pertenço, isto é, dependendo do valor que atribuo às opiniões dos outros, o meu medo será mais forte ou mais fraco, porque procuro de alguma forma antecipar a aprovação ou a desaprovação alheias sobre o que pode acontecer comigo. Por isso é comum as pessoas se aproximarem daquelas que lhes dão sensação de segurança quanto aos seus próprios valores e se afastam daquelas que podem censurar de alguma maneira seu estilo de vida.
O medo também pode ser compreendido como uma emoção íntima, a decepção. É o medo que “se dirige ao nosso ser íntimo”, conforme Marco Aurélio Werle, professor da USP, em “A angústia, o nada e a morte em Heidegger” (Trans/Form/Ação. V. 26, n.1. Marília: 2003).
O medo surge quando nos vemos desafiados a desenvolver novas habilidades, sem as quais sabemos que não temos como sobreviver às dificuldades que enfrentamos sozinhos. Nesta situação temos: “ou ficamos tomados pelo medo e por ele subjugados, ou lutaremos corajosamente para vencer esse medo” (Mônica Giacomini Guedes da Silva. Doença terminal, perspectiva de morte: um trabalho desafiador ao profissional da saúde que luta contra ela... Rev. SBPH. V.10 n.2. Rio de Janeiro: 2007).
E a religião, tem alguma participação no sentido de ao menos atenuar o medo? Para Rubem Alves (1933-): “A religião se nos apresenta como um discurso, uma rede de símbolos. Com esses símbolos os homens discriminam objetos, tempos e espaços, construindo, com o seu auxílio, uma abóbada sagrada com que recobrem o seu mundo. Talvez porque sem ela o mundo seja por demais frio e escuro. Com seus símbolos sagrados o homem exorciza o medo e constrói diques contra o caos” (O que é religião. São Paulo: Abril Cultural e Brasiliense, 1984, p. 24).

domingo, 22 de março de 2015

Onde está o herói?

            A sociedade brasileira sente a falta de lideranças. O vazio é sentido em todos os setores. Há muito tempo não precisamos levantar algum monumento em praça pública em homenagem a alguém. Ninguém nos inspira a valores coletivos. Refiro-me a alguém que movido pela sua vida pessoal, esteja identificado com a luta do nosso povo e, se oferece como um coração, uma alma e uma mente da nação, que entenda e fale a linguagem do coração, da alma e da mente brasileira.
Refiro-me ao herói como aquele que conversa, defende, guarda, cria, organiza, expande e preserva valores da consciência e da cultura, vela sobre, alguém que nasceu para servir. “O herói é o que vence o dragão [...] (o) ato negativo e desfavorável, não um nascimento mas um devorar, não um bem construtivo mas repressão mesquinha e destruição”, conforme C. G. Jung (Símbolos da transformação. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 363). O atual estado mental no País aponta-nos aos nossos “dragões”: violência, desorientação, intranquilidade, derrotismo, intolerância, ódio, xenofobismo, culto aos heróis do passado ou anti-heróis, corporativismo, egocentrismo, autopreservação, rompantes de independência do coletivo com terríveis consequências aos limites morais.
“Traumas repetitivos sofridos por um grupo resultam na criação de complexos culturais que costumam provocar eventos traumáticos. Os complexos culturais, assim como os individuais, tendem a ser repetitivos, autônomos e, quando ativados, o ego do grupo identifica-se com uma parte inconsciente do complexo, enquanto a outra é projetada em outro grupo, o que acaba por ocasionar conflitos”, afirma Paula Pinheiro V. Guimarães, doutoranda em Psicologia Clínica, da PUC/SP (Revista Hermes. Vol. 17. São Paulo, 2012, p. 37).
Parece que perdemos a capacidade de projetar o nosso arquétipo do herói por um fortíssimo desvinculamento da vida social, coletiva. O vínculo do indivíduo com os movimentos populares precisa fortalecer-se. Através dos movimentos de massa, cada indivíduo pode pensar, agir e buscar uma realidade melhor para si e para os outros. Os movimentos populares podem suscitar símbolos que, se assimilados, podem levar indivíduos apáticos a se tornarem protagonistas de transformações que beneficiariam a todos do grupo, e aos que tem uma individualidade subdesenvolvida, ou aqueles que têm ambições particularmente não mais do que coletivas, a descobrirem sua capacidade evolutiva individual.
 Na opinião de Jung: “Há movimentos políticos que pretendem, e até com certa razão, ser psicoterapia em escala maior [...] os movimentos populares, sejam eles grandes ou pequenos, podem ter efeito curativo sobre o indivíduo” (A prática da psicoterapia. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 3).
Se a experiência coletiva impedir o livre arbítrio individual minimiza-se a independência mental e moral do indivíduo. “A tendência do indivíduo no grupo é concordar o máximo possível com a opinião geral ou, então, impor sua opinião ao grupo. A influência niveladora do grupo sobre o indivíduo é compensada pelo fato de que um deles se identifica com o espírito do grupo e se torna líder. Por isso haverá no grupo sempre conflitos de prestígio e poder que se baseiam no egoísmo exacerbado da pessoa grupal”, o mesmo Jung (Cartas. Vol. II. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 387).
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 998051090 / 981378535 – http://psijung.blogspot.com.br)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Grupo de Estudos de Psicologia Analítica de C. G. Jung

Grupo de Estudos de Psicologia Analítica de C. G. Jung 

Propostas:
Estudar os fundamentos teóricos da Psicologia Analítica 
Leituras e discussões de textos de Carl Gustav Jung e de outros autores junguianos

Coordenação:
Psic. Sílvio Lopes Peres - CRP 06/109971
Candidato a membro do Instituto Junguiano de São Paulo – IJUSP (filiado a Associação Junguiana do Brasil – AJB, filiada a Association for Analytical Psychology – IAAP, com sede em Zurique, Suíça)
Mestre em Ciências da Religião
Pedagogo e Teólogo

Programa:
C. G. Jung: Vida e Obra;
Fundamentos da Psicologia Analítica: arquétipos, complexos, ego, Self, inconsciente pessoal e coletivo, persona, sombra, anima e animus, tipos psicológicos;
Aspectos gerais dos sonhos e procedimentos psicoterápicos;
Processo de individuação;
Prática psicoterápica.

Frequência: Mensal
Início: 23 de maio, às 16h00 - Dia alterado conforme a disponibilidade de tempo da maioria dos interessados

Local: R. Cel. Siqueira Reis, 115

Investimento: R$40,00 por encontro

Vagas limitadas

Inscrições pelos telefones:
(14) 99805.1090 - vivo
(14) 98137.8535 – TIM

domingo, 15 de março de 2015

Esta cidade sou eu
                   Nossas cidades falam de nós e para nós. Quer dizer, a vida urbana revela aquilo que somos e nos apresenta a nós mesmos, sem escamotear a nada. Assim como o nosso corpo em gestos e gostos ressaltam nossas características pessoais, nossas cidades apresentam as questões humanas, a visão de mundo do homem. Se você não olha para a cidade, você não se reconhece nela. E, olhar para a cidade significa enxergar-se nela. Como a música: “A cor dessa cidade sou eu, o canto dessa cidade é meu”, de Daniela Mercury (O canto da cidade).
                   Nossas ruas e avenidas, vilas e bairros, praças e construções são testemunhas de nossos desejos, desavenças, medos, inflações, separações, alegrias, fantasias, mitos, rituais, energias, iniciativas, loucuras, dilemas, dramas, sonhos, dissociações, frustrações, limites, amizades, paradoxos, impulsos e mortes.
                   O psíquico misterioso está plasmado no concreto visível. A dimensão subjetiva, nossas sensibilidades participam ativamente no processo que estabelecemos na vida urbana. O inconsciente integra a vida consciente que levamos na cidade. “Tropeçamos” em nós mesmos nos buracos das vias públicas, nos edifícios, nas construções e viadutos.
                   “O homem está na cidade/ como uma coisa está em outra/ e a cidade está no homem/ que está em outra cidade”, conforme o poeta Ferreira Gullar (1930-), em seu “Poema Sujo. Velocidades”. Ou, como afirma o psicólogo James Hillman (1926-2011): “Não apenas a minha patologia se projeta sobre o mundo; o mundo está me inundando com o seu sofrimento que não se alivia” (Cidade e alma. São Paulo: Studio Nobel, 1993, p. 13).
                   Isto desafia nossa criatividade. Quer dizer, precisamos encontrar outros caminhos e outras perspectivas acerca de nós mesmos. Para isso temos de nos aproximar uns dos outros, respeitar as nossas diferenças, re-significar valores pessoais, experimentar ideias diferentes, aprender a interpretar a linguagem da alma, compreender a fala da “anima mundi”, isto é, sintonizar-se aos pensamentos que movimentam o coletivo que visam o bem de todos e abrir mão de interesses particulares.
                   “Cidades instigam negócios criativos quando reúnem pessoas dinâmicas, inspiram comportamentos inovadores, atraem talentos e combinam capital e educação”, segundo Richard Florida (Revista Época. São Paulo: Edição 873, 2015, p. 72).
                   Milhões de pessoas em várias cidades do mundo, inclusive no Brasil, passam por esta experiência. Muito mais de saberem aproveitar as oportunidades, é preciso valer-se de fatores psíquicos que todas as cidades têm a sua disposição, aspectos inconscientes se conscientizados, os habitantes desenvolvem os seus potenciais humanos.
                   Só assim para descobrirmos um tesouro de ideias e de forças criativas, percebermo-nos solidários com toda a humanidade, tal como ela sempre foi e sempre será, segundo o pensamento da psicologia analítica de C. G. Jung (A prática da psicoterapia. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 33).
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 998051090 / 981378535 – http://psijung.blogspot.com.br)