Se existe uma
questão realmente importante que temos de considerar neste momento da vida
brasileira, envolvida em mais um dia de eleição, sem nos perdermos em questões
religiosas, é a seguinte: E daqui a quatros anos, o(a) eleito(a) terá defendido
quais interesses: egoístas, de grupos dirigentes ou da maioria da sociedade?
Terá autocrítica e ajustada a sua consciência aos valores morais da
administração da coisa pública? Será capaz de ir além dos processos
eleitoreiros, isto é, perceberá as consequências das decisões que tomar quanto
à aplicação dos recursos nos setores mais necessários à vida da maioria dos
brasileiros? Exercerá seu mandato com discernimento ou como especialista em
manipular as pessoas?
Mas, e os eleitores: teremos
aprendido com as escolhas políticas tomadas na ausência da reflexão?
Perceberemos que não somos meras “unidades sociais” administradas, nutridas,
vestidas, formadas e organizadas para a satisfação da massa, mas agentes de
transformação social, graças à capacidade de decisão moral e de conduzir a
própria vida?
Para alguns, estas questões são
inócuas, por não ser possível saber nada acerca do que se passará no próximo
instante.
Contudo, para Sigmund Freud
(1856-1939), é possível e necessário fazermos esta reflexão.
“As pessoas experimentam seu
presente de forma ingênua, por assim dizer, sem serem capazes de fazer uma
estimativa sobre seu conteúdo; têm primeiro de se colocar a certa distância
dele: isto é, o presente tem de se tornar passado para que possa produzir
pontos de observação a partir dos quais elas julguem o futuro. Quanto menos um
homem conhece a respeito do passado e do presente, mais inseguro terá de
mostrar-se em seu juízo sobre o futuro” (Freud. Abril Cultural, 1978).
A reflexão de Freud é importante
pelos seguintes motivos: Quando nos interessamos apenas pelo momento, sem
perceber que a situação exige prudência e compreensão, principalmente quando o
que está em jogo é o processo de massificação, o resultado pode ser frustrante,
e nos levar a uma posição de inércia e desinteresse pela realidade social da
qual não podemos fugir.
Precisamos nos servir de “pontos de
observação”, para que julguemos o futuro do País, levando em conta as condições
atuais de vida, comparando com as do passado, e não resultados que intensificam
ainda mais o sentimento de que somos apenas números estatísticos, mas como
cidadãos responsáveis.
O futuro é feito no presente, tendo
como referência o passado, isto é, se quisermos que o nosso País seja melhor no
futuro, temos de valorizar o que já foi conquistado.
Daqui a quatro anos seremos menos
inseguros ao julgar o futuro?
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