As
responsabilidades sociais não são apenas dos indivíduos, principalmente, quando
consideramos que estes, cada vez mais, buscam viver nos centros urbanos:
pequenos, médios, grandes ou megalópoles. Neste sentido, todos os habitantes e,
especialmente seus governantes, por se ocuparem de tarefas que visam o
bem-estar da coletividade, somos responsáveis pela qualidade de vida e do
futuro de nossa espécie.
Mark
Sommer, jornalista norte-americano, que dirige o premiado programa de rádio A
World of Possibilities, na cidade de Arcata, estado da Califórnia, cidade com
menos de 20 mil habitantes, afirma: “Quando milhões de pessoas emigram para
bairros marginais das grandes cidades, estas se convertem cada vez mais em
insustentáveis (...) nas cidades será testada nossa capacidade para a mudança
adaptativa nas próximas décadas. Poderemos reintroduzir a natureza e a
comunidade nas cidades por meio de mercados agrícolas, jardins urbanos,
transporte público de massa, melhores casas, bairros onde se possa caminhar e
espaços públicos mais convidativos?” (Instituto Ethos)
Tal
afirmação nos ajuda a considerar que as eleições que se aproximam, temos a
oportunidade de escolher, aqueles que podem melhor dirigir a cidade para as
“mudanças adaptativas” que, certamente, passaremos, senão vejamos: o
desenvolvimento econômico trouxe maior qualidade de vida, sem, contudo, deixar
consequências de todos os tipos: horas perdidas no trânsito cada vez mais
lento, devido ao acréscimo de veículos em nossas ruas e avenidas, aumentando a
poluição sonora e atmosférica, prejudicando a comunicação entre as pessoas,
devido às distâncias, cada vez maiores, das residências aos locais de trabalho,
de milhares de pessoas; diferenças entre pobres e ricos, que pode ser observada
em automóveis de luxo ao lado de carroças e carrinhos de catadores de papel, de
lojas lotadas de consumidores ávidos pelas últimas novidades e moradores de
rua, que, quando compram, empregam seu dinheiro, em coisas que atendam tão
somente sua subsistência; de condôminos fechados e favelas, agravando o quadro
de violência, todos os dias, principalmente, nos finais de semana ou em dias de
festas que embalam desde a juventude até aos da chamada “terceira idade”;
espaços públicos ocupados por aqueles que vivem à margem da sociedade, que
muitas vezes, por preconceito, são excluídos do processo de promoção humana,
contribuindo para piorar a convivência humana devido à insegurança que se sente
ao passar por determinados lugares da cidade, até mesmo, à luz do dia; baixa
qualidade na educação, com escolas depredadas, professores e funcionários mal
remunerados e desestimulados, que se sentem ameaçados por “clientelas” da
periferia, com reflexo na formação de profissionais, em todas as áreas; isto,
para ficarmos com as situações mais gritantes.
Marília não se
pode dar ao luxo de pensar que as alterações já provocadas ao meio ambiente,
devido ao seu crescimento populacional e área urbana, não exigirão de seus
habitantes adaptações cada vez mais severas, no sentido de serem reduzidas as
possibilidades de escolha das ações que envolvem a todos, como o cuidado com a
água e coleta e tratamento de esgoto, como também dos prazos, cada vez menores,
para evitar maiores danos à população e à natureza.
Para o
jornalista californiano é necessário “reintroduzir a natureza e a comunidade
nas cidades”, caso queremos passar nos testes de adaptação às mudanças.
Os tempos
difíceis nos chegam cada vez mais rápido, mas sobreviveremos a eles? Com a
palavra: candidatos e eleitores! É bom lembrarmos: ainda dá tempo.
(Sílvio
Lopes Peres – Prof. Ms. Psicólogo Clínico - CRP 06/109971 – Formado pela FAEF/Garça – http://psijung.blogspot.com/)