domingo, 6 de maio de 2012

Desconfiança política


            Fica cada vez mais difícil acreditar nos(as) candidatos(as) aos diversos cargos públicos do País, do Estado e da Cidade.
A desconfiança paira sobre a integridade ética e moral, ainda que a lei diga: “todos são inocentes até que prove o contrário”. Infelizmente, os exemplos podem ser citados pelos cidadãos mais humildes, e até pelas crianças, aos borbotões.
            O sentimento de desconfiança está presente na maioria dos comentários acerca das intenções de homens e mulheres que se interessam pela vida pública. Por exemplo: “Que interesse pode ter alguém que já tem um rendimento financeiro muitas vezes superior ao que obterá no exercício da função pretendida?” “Até que ponto o(a) fulano(a) permanecerá fiel aos valores pessoais, acumulados e nutridos pela família e/ou pela religião, no momento em que estiver diante das ‘tentações’ oferecidas pelo poder?” “O que leva uma pessoa, com uma boa formação cultural, social, familiar e religiosa, a associar seu nome a alguns representantes partidários, comprovada e historicamente, com comportamentos éticos e morais reprovados pela opinião pública, e até pela justiça eleitoral?” “Com quem farão alianças políticas, em nome da ‘governabilidade’, abrindo mão de sua própria consciência?” Estas e outras questões apontam para o nível de desconfiança do eleitorado.
            O principal motivo para que este sentimento seja cada vez mais forte parece que é a impunidade que reina diante de tantos escândalos não apurados ou mal resolvidos, conforme a imprensa tem divulgado já há tanto tempo.
            É o sentimento de desconfiança que fortalece cada vez mais a ideia de implantar meios e métodos de vigilância e controle, como modo de rastrear as decisões que os políticos dão aos problemas sociais, mas principalmente, quando estão em jogo os seus interesses pessoais.
            É verdade que o sentimento de desconfiança integra o exercício da cidadania democrática, mas precisa ser bem administrado para que a sociedade aperfeiçoe seus meios e métodos na escolha de seus representantes políticos e administrativos.
Cidadãos regidos somente pela desconfiança, não reivindicam seus direitos por duvidar de seus representantes, negligenciam o cumprimento de seus deveres, além de vivenciar a perda dos limites éticos e morais da vida em sociedade. É preciso lembrar que esta situação interessa principalmente àqueles que não merecem a confiança de ninguém.
            Concordo com o Prof. Yves de la Taille, especialista em psicologia moral: “Se a desonestidade fosse considerada exceção, não seria necessário tanto controle. Se ele (controle) é incessantemente utilizado, é que a imoralidade é vista (com ou sem razão) como a regra! Mais controle externo corresponde a menos controle interno. Que sociedade é esta, cujos membros precisam ser monitorados como crianças de três anos? Certamente algo não vai bem com ela” (Taille, Y. (et al). Indisciplina: ética moral e ação do professor. 3ª Edição. Porto Alegre: Editora Meditação, 2010, p. 13).
            Tanto a classe política quanto os eleitores precisam responder ao sentimento de desconfiança mais pelo “controle interno”, ante as oportunidades que suscitam tanta desconfiança.

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