Fica
cada vez mais difícil acreditar nos(as) candidatos(as) aos diversos cargos
públicos do País, do Estado e da Cidade.
A desconfiança
paira sobre a integridade ética e moral, ainda que a lei diga: “todos são inocentes
até que prove o contrário”. Infelizmente, os exemplos podem ser citados pelos
cidadãos mais humildes, e até pelas crianças, aos borbotões.
O
sentimento de desconfiança está presente na maioria dos comentários acerca das
intenções de homens e mulheres que se interessam pela vida pública. Por
exemplo: “Que interesse pode ter alguém que já tem um rendimento financeiro
muitas vezes superior ao que obterá no exercício da função pretendida?” “Até
que ponto o(a) fulano(a) permanecerá fiel aos valores pessoais, acumulados e nutridos
pela família e/ou pela religião, no momento em que estiver diante das
‘tentações’ oferecidas pelo poder?” “O que leva uma pessoa, com uma boa
formação cultural, social, familiar e religiosa, a associar seu nome a alguns
representantes partidários, comprovada e historicamente, com comportamentos
éticos e morais reprovados pela opinião pública, e até pela justiça eleitoral?”
“Com quem farão alianças políticas, em nome da ‘governabilidade’, abrindo mão
de sua própria consciência?” Estas e outras questões apontam para o nível de desconfiança
do eleitorado.
O
principal motivo para que este sentimento seja cada vez mais forte parece que é
a impunidade que reina diante de tantos escândalos não apurados ou mal
resolvidos, conforme a imprensa tem divulgado já há tanto tempo.
É
o sentimento de desconfiança que fortalece cada vez mais a ideia de implantar
meios e métodos de vigilância e controle, como modo de rastrear as decisões que
os políticos dão aos problemas sociais, mas principalmente, quando estão em
jogo os seus interesses pessoais.
É
verdade que o sentimento de desconfiança integra o exercício da cidadania
democrática, mas precisa ser bem administrado para que a sociedade aperfeiçoe
seus meios e métodos na escolha de seus representantes políticos e
administrativos.
Cidadãos regidos
somente pela desconfiança, não reivindicam seus direitos por duvidar de seus
representantes, negligenciam o cumprimento de seus deveres, além de vivenciar a
perda dos limites éticos e morais da vida em sociedade. É preciso lembrar que
esta situação interessa principalmente àqueles que não merecem a confiança de
ninguém.
Concordo
com o Prof. Yves de la Taille, especialista em psicologia moral: “Se a
desonestidade fosse considerada exceção, não seria necessário tanto controle.
Se ele (controle) é incessantemente utilizado, é que a imoralidade é vista (com
ou sem razão) como a regra! Mais controle externo corresponde a menos controle
interno. Que sociedade é esta, cujos membros precisam ser monitorados como
crianças de três anos? Certamente algo não vai bem com ela” (Taille, Y. (et al).
Indisciplina: ética moral e ação do professor. 3ª Edição. Porto Alegre: Editora
Meditação, 2010, p. 13).
Tanto
a classe política quanto os eleitores precisam responder ao sentimento de
desconfiança mais pelo “controle interno”, ante as oportunidades que suscitam
tanta desconfiança.
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