sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quando o professor é forte

       Recentemente a APEOSP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) publicou os seguintes resultados de uma pesquisa acerca da saúde do professor na rede estadual de ensino: “18% dos professores têm depressão e 57% deles acabam se afastando das aulas. Outros 23% sofrem de ansiedade ou síndrome do pânico. A hipertensão arterial atinge mais de 30% da categoria na rede estadual” (http://www.apeoesp.org.br/noticias/noticias/as-licoes-da-professora-janete-para-sobre-viver-na-profissao/). Infelizmente, não difere muito na rede municipal de ensino.
          Os motivos apontados são: baixa remuneração salarial, precárias condições de trabalho, superlotação das salas de aula, situações de ameaça e violência praticadas por parte de alguns alunos. Por estas e outras razões, a profissão é cada vez mais relegada na lista de preferência de emprego.
            É importante registrar outro fator que contribui para esta condição a que o professor está submetido: a imagem do professor, nem sempre positiva, que os meios de comunicação apresentam à sociedade.
"Muitos jornalistas acreditam que o professor é um profissional que nunca está pronto, que precisa de uma melhor formação e que, por isso mesmo, não serve muito como fonte confiável de informação para as reportagens. O efeito mais nefasto dessa imagem é a crença por parte dos educadores de que eles são mesmo despreparados para lidar com os alunos, com os conteúdos e com os contextos socioeconômicos. E, se o professor não acredita em si, despreza o próprio trabalho e entra em classe inseguro, o ensino e a aprendizagem fatalmente não terão um bom desempenho”, conforme afirma a jornalista Kátia Zanvettor Ferreira, em tese de doutorado – “Quando o professor é notícia: imagens do professor e imagens do jornalismo” – apresentada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, no último mês de julho (http://www.apeoesp. org.br/teses-e-dissertacoes/jornalista-apresenta-doutorado-na-usp-sobre-a-imagem-dos-professores-na-midia/).
            Acreditar e esperar por medidas que alterem a realidade biopsicossocial dos professores por parte das autoridades que respondem pelo sistema educacional brasileiro, é no mínimo, ser ingênuo.
O pleno exercício de nosso direito e o cumprimento de nossos deveres chama-nos à resiliência. Se os problemas são inevitáveis, apesar de criarmos alguns, admitamos, podemos nos fazer fortes através de atitudes, como por exemplo: maturidade, nos afastando do comodismo de buscar os culpados por tudo que acontece de errado conosco; individualidade e não egoísmo individualista, se quisermos que nos respeitem na condição de pessoas que procuram integrar à personalidade todos os elementos necessários para uma vida de realizações; criatividade em tomar iniciativas inovadoras, elemento inerente à profissão, sem temer os desafios que podem nos trazer, ao contrário, investir em novas potencialidades, bem como naquelas já conquistadas muitas vezes às duras penas, visando garantir o futuro próprio e da profissão; espontaneidade, quer dizer, estarmos abertos para o novo, mesmo que isto signifique sermos menos rígidos com os alunos, com os colegas e com nós mesmos, se quisermos nos livrar da depressão, por exemplo; e, autonomia, permanecendo de pé pelas próprias forças, sem perder a ternura com os outros e o amor a nós mesmos.

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