segunda-feira, 6 de outubro de 2014

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Jornada Anual do CPPC/SP

JORNADA ANUAL CPPC/SP

Sábado, 08/11 - 09:00 às 16:30 hs

Local: ACM–Centro (Anfiteatro) - Rua Nestor Pestana, 147 – Centro - São Paulo. 

Manhã: Palestra com Dr. Jorge Maldonado

Tarde: Lançamento de Livro com Karl Kepler

08h30 - Recepção e inscrições

09h00 - Início Homilia e Integração – Fátima Fontes e Andréa Korps

10h30 – Palestra: La última fase de la vida con plenitud: psicodinámica y sacrodinámica – Jorge Ernesto MALDONADO Rivera, Terapeuta familiar sistêmico. Ex-profesor do Instituto de Formación Familiar de Sevilha. Fundador da Eirene - Associação Brasileira de Assessoramento e Pastoral da Família [eirene.com.br]. Autor na área de psicologia, aconselhamento e teologia da família. 

Moderador: Ageu Heringer Lisboa, terapeuta familiar. 

Debatedor: Thomas Hahn ex-banqueiro, coordenador de grupos da Ultima Idade, autor de livros (Cartas de um velho, Deus me ama).

12h00 – Almoço e confraternização. 

14h00 – Palestra e Lançamento do livro “O Fascínio do Dever para os Cristãos” com Karl Kepler: psicólogo, jornalista, mestre em teologia, editor da Bíblia Conselheira (SBB-CPPC)

16h00 – Ceia e encerramento. 

Investimento: Parte da manhã - Profissionais R$25,00 – Estudantes R$15,00 (pago no local).
Almoço (opcional na ACM) - R$ 35,00 (incluso bebida e sobremesa). Tarde gratuita.


Informações e inscrições com Raiane cppcsp.inscricao@gmail.com Fone/WhatsApp 959624027 Coordenação: Jane Botelho Fernandez, Vice-Presidente do CPPC

domingo, 5 de outubro de 2014

Afetos: bússola politicossocial

            Hoje iremos às urnas manifestar o quanto ficamos afetados emocionalmente pelos programas que os partidos políticos e os seus candidatos nos apresentaram.
Os sentimentos oscilaram entre ojeriza e simpatia, escárnio e admiração, nojo e conforto, ansiedade e tranquilidade, estarrecimento e segurança, temor e esperança, repugnância e criatividade, chacota e respeito, insegurança e confiança, alienação e interesse pelos problemas do País, irritação e disposição interior para mudar, dúvidas e convicções, entre muitos outros.
Não podemos anular a força dos afetos. São eles que nos apontam a direção para a qual nos movimentamos, seja na vida pessoal ou social.
Tal como uma bússola, os afetos nos dirigem política e socialmente.
Então, o momento exige uma reflexão quanto à direção que estamos dando ao nosso País.
Será que sabemos para onde os afetos podem nos levar? Sabemos o que fazer com eles? Sabemos o que eles fazem com a gente? Será que os candidatos sabem o significado dos afetos que os mobilizaram? Os afetos nos ajudarão a fazer uma boa escolha? Caso tomemos uma direção errada, como corrigiremos? Permaneceremos numa postura distante quanto às necessidades do País? E, quanto a nós mesmos, continuaremos paralisados, ainda que os sentimentos nos sejam tão desagradáveis?
Quer dizer: nosso voto pode representar o quanto devemos nos mobilizar para as mudanças que o Brasil precisa, ou pode, simplesmente, ser uma manifestação de nosso mau gosto neurótico, representado nos candidatos com os quais nos identificamos. A escolha poderá corresponder àquilo que sentimos sobre nós mesmos, ou sobre o quanto podemos fazer pelo nosso País.
A grande maioria dos candidatos e dos eleitores se orientou de modo quase exclusivo pelo lado “idealista” da vida: para o “amor” – sem ódio; para a “moralidade” – mas, sem perceber a imoralidade pessoal; para a “honestidade” – mas sem considerar o fato de que o lado obscuro da própria personalidade, precisamente nessa situação, cada vez mais, pode tornar-nos cínicos ou no próprio ladrão, que queremos combater.
Entretanto, precisamos buscar por algo melhor e mais real – deixar-nos tocar por afetos criativos, a partir do interior de cada um de nós, que podem transformar a sociedade.
A criatividade está no relacionamento humano coletivo, mas tendo a forte percepção de que o relacionamento coletivo tem suas raízes, em primeiro lugar, no relacionamento com nós mesmos.
Precisamos resgatar o respeito e o amor por nós mesmos. Só assim seremos capazes de empregar nossa criatividade, que deixamos ser reprimida pela tecnologia desespiritualizante de nossa época.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Quando assumiremos a nossa identidade brasileira?

A colonização do nosso País se deu em condições adversas à nossa vontade. Fomos oprimidos, explorados, desrespeitados em nossa cultura, religiões e costumes, como se não tivéssemos histórias, identidades, nem vontades, nem desejos próprios. É como se a nossa certidão de nascimento, nos negasse o direito de sermos nós mesmos, o que nos deixa numa dificuldade: não sabemos o que é ser brasileiro.
Os imigrantes trouxeram sua forma própria de pensar e agir, e passamos a imitá-los, sem procurarmos por nossas próprias raízes. Parece que temos vergonha de sermos brasileiros, por que assumir nossas idiossincrasias é reconhecer nossos limites. Preferimos pensar que não temos defeitos. Daí acharmos mais fácil procurarmos alguém para culpar quando as coisas não saem da maneira que gostaríamos. Basta olharmos para o agravamento de nossos problemas: violência contra as crianças, os idosos, os jovens pobres e negros, exclusão social, descuido com o meio ambiente, corrupção em todas as esferas de poder, racismo, injustiça, descuido com a saúde, educação e transportes públicos, etc.
A energia psíquica que pode levar-nos a nos envolver e resolver estes problemas não flui, está impedida.
A saída?
“Assumir nossa doença talvez seja o início da sabedoria”, recomenda Arnaldo Jabor (A mentira virou verdade. O Estado de São Paulo: 16.09.14, C8).
Em termos junguianos, a “doença” somos nós. Ou assumimos nossa sombra coletiva, ou teremos nossa vida social possuída pela corrupção, insegurança, imoralidade com a coisa pública.
Assumir a sombra significa se aproximar com o coração aberto de tudo aquilo que nos deixa envergonhados, indignados, humilhados, desanimados, enojados.
Segundo a psicoterapeuta junguiana e mestre em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo, Maria Helena R. Mandacarú Guerra: “É necessário que tenhamos uma crise moral, pois sem ela não se pode transformar a sombra” (Brasil: sombra e cidadania. Revista Junguiana. p. 243).
Precisamos encarar os problemas do Brasil de um modo pessoal, isto é, vendo-nos como responsáveis, individualmente, por eles e, também, como as suas soluções.
É comum afirmarmos que o nosso País tem dimensões continentais devido às grandes distâncias geográficas que marcam nosso território, entretanto, não podemos nos manter emocionalmente distantes de nossos problemas políticos, sociais e econômicos. Quanto mais sentirmos que eles estão longe de nós, menos nos sentiremos responsáveis por eles, seremos mais frios, omissos e dissociados.

Não estaríamos assim reproduzindo os mesmos sentimentos e atitudes daqueles que nos colonizaram? Quando assumiremos a nossa identidade brasileira?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eleitores e candidatos, suficientemente bons

            Há um desejo inato, nos seres humanos, de mudar a realidade social e política.
Este potencial pode ser estimulado ou reprimido. E, sempre desbloqueado!
Se reprimido, para onde vai a energia política?
Para muitos, pode ser que se dirija para a esperança que apareça um líder heróico para conduzir o País às transformações. Entretanto, a confiança numa liderança que encarna a função de herói gera uma população passiva e uma elite sedenta de poder.
A passividade da população frente aos líderes que aceitam o papel de herói provoca, pelo menos, dois problemas: 1. impede a aprender com os erros, mesmo diante de muitos prejuízos sociais, econômicos e políticos; 2. só estimula a velha prática de buscar os culpados.
Como eleitores é nossa responsabilidade deixar de lado o cinismo e o “complexo de vira-lata”, como entendia o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980): “o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima” (À sombra das chuteiras: crônicas de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 51).
Diante dos desafios que a nossa sociedade tem pela frente, não podem ser vencidos com cinismo e fraca autoestima.
Concordo com a reflexão do britânico Andrew Samuels (1949-), psicólogo junguiano e consultor político: “Para alterar as nossas ideias sobre os líderes também significa alterar as nossas idéias sobre nós mesmos como cidadãos. Muito tem sido escrito sobre a apatia (passividade) recentemente. Mas há um sentido em que o problema é muito maior do que podemos imaginar: aspiramos, acreditamos em soluções perfeitas – que leva, inevitavelmente, à decepção com a política e à repressão do potencial político de cada um de nós. O que parece ser apatia é na verdade um difuso sentimento de impotência, muitas vezes associada a uma intensa autocrítica. Sentindo que não podemos alcançar tudo aquilo que sabemos que precisa ser feito – que não temos nem o poder, nem as habilidades necessárias para resolver os problemas assustadores de pobreza, injustiça, espoliação do meio ambiente – desistimos da política, recuamos em nossas vidas privadas (deixando nossas aspirações e valores políticos suspensos) e não fazemos nada. Se pudermos aceitar que a perfeição política e dos políticos é inatingível, se perguntarmos a nós mesmos apenas se somos suficientemente bons cidadãos (assim como só podemos esperar líderes suficientemente bons), podemos ser libertos da sensação de desespero que nos paralisa no presente, de modo que nossas esperanças políticas e impulsos possam despertar” (www.andrewsamuels.com).

            Se o potencial da energia política de muitos brasileiros está reprimido, é possível desbloqueá-lo, e os movimentos sociais que ganharam as ruas e praças em nosso País, em junho passado, são nossas maiores referências, mesmo que nos pareçam demasiadamente agressivas. Entretanto, é bom levar em conta, aquilo que o mesmo Andrew Samuels, nos adverte, em outro lugar: “Podemos chegar a ver a agressão como um impulso politicamente reparador, compreendendo que a agressão incorpora frequentemente não apenas intensos desejos de relacionamento, mas desejos igualmente intensos de participação numa atividade política ou social. Ser autenticamente agressivo, raivoso, e ainda ser capaz de fazer parte de processos sociais e políticos, é uma meta psicológica e ética da mais alta ordem” (A psique política. Rio de Janeiro: Imago, 1995, p. 79).