Qual a origem do machado, do serrote, do
motosserra? Não seria de onde vêm as ideias de preservação das florestas, e de
todo o meio ambiente? Por que nos submetemos a algumas tecnologias e a outras
resistimos tão fortemente?
Estas
e outras são as questões que todos nós devemos fazer quando o desenvolvimento e
sustentabilidade estão em pauta.
Toda ideia – as
tecnologias são ideias que ganharam materialidade -, vem do inconsciente. Ao
refletirmos sobre esse assunto precisamos manter a mente aberta o bastante para
evitar a fixação racionalista de que as ideais vêm somente da capacidade
racional, uma vez que muitas questionam nossa arrogante pretensão de que os
interesses econômicos são mais valiosos que a vida dos homens, como quer nos
convencer os países ricos (leia-se Europa), na Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20.
Há
quem pense que a vida humana pode ser dividida em: Antes do Machado - AM, e
Depois do Machado – DM. Antes do Machado – AM – o homem sofria sob as forças da
natureza, porque seu conhecimento não passava a de um ser primitivo e atrasado
na evolução. Depois do Machado – DM – o homem não deve abrir mão de sua
racionalidade, pois pode voltar a ser como um de seus ancestrais.
Puro engano. Não
é o uso das tecnologias disponíveis que nos fazem evoluídos, mas a valorização
racional de outras técnicas que a razão ainda desconfia. A razão não é a única
capacidade humana que nos faz sofrer menos. Ouvir e atender a alma, não no
sentido teológico de uma parte imortal do homem, mas no sentido psicológico de
uma figura que não é vista e que representa o inconsciente, como faziam os
primitivos, nos levará a salvação do planeta e de todos os homens, ainda que
tais ideias nos pareça estranhas e não-racionais. Este é um dos aspectos psicoantropológicos
que a economia mundial precisa refletir.
A fonte das
ferramentas tecnológicas que nos levaram para este estado de coisas continua a
mesma. Do inconsciente sempre emanou os valores que nos mantém vivos desde as
eras mais primevas que nos legaram as ferramentas manuais como o machado, por
exemplo, mas também as ideias novas e revolucionarias como a bola de futebol
que produz energia elétrica capaz de acender uma lâmpada de LED ou carregar a
bateria de um celular, a “soccket”, conforme nos conta a jornalista Heloisa
Aruth Sturm (O Estado de São Paulo – 12.06.12, A16).
“Todo
ser humano é bastante cego e pode somente ver aquilo que está na frente de seus
olhos, mas a sabedoria das idades representada nos mitos e nos símbolos
religiosos têm sem dúvida uma visão mais ampla, um alcance maior que o de
qualquer indivíduo. Se pudermos entender seus ensinamentos corretamente, eles
podem tornar-se para nós como um guia, no sentido de uma seta indicadora, que
aponta o caminho como o fez para os nossos predecessores” (HARDING, M. E. Os
mistérios da mulher. São Paulo: Paulus, 1985, p. 22).
O
legado dos homens primitivos continua vivo em nós, por isso fazemos poesia,
como Pablo Neruda (1904-1973), registra em “Ode à terra”: “Queremos te amar,
mãe fecunda, mãe do pão e do homem, mas mãe de todo o pão e de todos os homens”
(Navegações e Regressos. São Paulo: MEDIAfashion, 2012, p. 179). Por que é
difícil admitirmos que é assim?
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