domingo, 21 de abril de 2013

O consumo de bebidas alcoólicas (I)


De acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado no último dia 10/04, (http://www.unifesp.br/dpsiq/novo/sobre/noticias/exibir/?id=247), o consumo de bebidas alcoólicas tem crescido entre as mulheres, e conforme o rendimento financeiro das pessoas. Participaram da pesquisa 4.607 pessoas a partir de 14 anos de idade e de todas as classes sociais, em 149 municípios de todos os estados brasileiros. O aumento foi de 36% entre as mulheres que abusam do álcool, e de 71% entre os mais pobres, em apenas seis anos, entre 2006 e 2012.
O que mais chama a atenção na pesquisa é o crescimento de 31,1%, durante o mesmo período, do chamado “beber em binge”, isto é, beber muitas doses rapidamente, de quatro a cinco doses (uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de pinga), em um período de duas horas – comportamento verificado, frequentemente, nos “esquentas” para as festas.
As reportagens divulgadas pelo Jornal O Estado de São Paulo (11 e 14/04), infelizmente, confirmam os fatores aos quais todos nós precisamos atentar quanto à elevação do consumo de bebidas alcoólicas: se dá em “momentos de lazer, entretenimento e celebração”, conforme Renato Meireles, sócio-diretor do Instituto Data Popular; “a mulher que tem vida social como o homem acaba bebendo como o homem”, segundo o professor de psiquiatria da Unifesp, Ronaldo Laranjeira; o excesso de publicidade voltada principalmente aos jovens e adolescentes na internet, nas redes sociais e na TV, na opinião da psicóloga Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudo de Álcool e Drogas (http://www.abead.com.br/); “falta uma política séria do governo. O País diminuiu o número de fumantes, mas não consegue reduzir o número de alcoólicos”, afirma Edgard Rebouças, coordenador do Observatório da Mídia, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); e, a  Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), não se pronunciou sobre os resultados da pesquisa.
Tais fatores estão entrelaçados com o desejo humano de livrar-se das obrigações, que limitam, naturalmente, a nossa vida, ainda que seja por um período de tempo muito curto, mas com consequências, na maioria das vezes, sombrias.
Trata-se de vivenciar o mundo de Dioniso, o deus grego. Meio-deus e meio-homem, por ser filho de Zeus e da mortal Sêmele, Dioniso promete o “esquecimento” daquilo que não é prazeroso, através da quebra das normas. “Deus da loucura, do vinho e da embriaguez, possuía grande poder e seu culto incluía mistérios e orgias” (RIOS, R. Mitologia Grega: histórias terríveis. Porto Alegre, RS: Artes e ofícios, 2011, p. 19).
As mulheres, cada vez mais cedo, rompem com a tradição do feminino, agarrando-se a objetivos masculinos, como: seguir carreira – “o importante é competir, mas vencer é melhor ainda”, conforme o mundo da publicidade desde canal de filmes da TV paga, até reportagens sobre a busca por profissionais com determinados talentos “à flor da pele”, como no Caderno Empregos do jornal citado acima (14.04); não assumir compromissos, como casamento; se casada, ficar independente do marido; diminuir ou simplesmente não ter filhos para criar; provocar sua aceitação e admiração, principalmente, entre os homens, colegas de trabalho, e até de estranhos. Tais fenômenos podem ser verificados, cada vez mais frequentemente, no meio urbano, e com o crescimento das cidades.

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