De acordo com o 2º
Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), pesquisa realizada pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado no último dia 10/04, (http://www.unifesp.br/dpsiq/novo/sobre/noticias/exibir/?id=247), o consumo de bebidas
alcoólicas tem crescido entre as mulheres, e conforme o rendimento financeiro
das pessoas. Participaram da pesquisa 4.607 pessoas a partir de 14 anos de
idade e de todas as classes sociais, em 149 municípios de todos os estados
brasileiros. O aumento foi de 36% entre as mulheres que abusam do álcool, e de
71% entre os mais pobres, em apenas seis anos, entre 2006 e 2012.
O que mais chama a atenção na
pesquisa é o crescimento de 31,1%, durante o mesmo período, do chamado “beber
em binge”, isto é, beber muitas doses rapidamente, de quatro a cinco doses (uma
lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de pinga), em um período de duas
horas – comportamento verificado, frequentemente, nos “esquentas” para as
festas.
As reportagens divulgadas pelo
Jornal O Estado de São Paulo (11 e 14/04), infelizmente, confirmam os fatores
aos quais todos nós precisamos atentar quanto à elevação do consumo de bebidas
alcoólicas: se dá em “momentos de lazer, entretenimento e celebração”, conforme
Renato Meireles, sócio-diretor do Instituto Data Popular; “a mulher que tem
vida social como o homem acaba bebendo como o homem”, segundo o professor de
psiquiatria da Unifesp, Ronaldo Laranjeira; o excesso de publicidade voltada
principalmente aos jovens e adolescentes na internet, nas redes sociais e na
TV, na opinião da psicóloga Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação
Brasileira de Estudo de Álcool e Drogas (http://www.abead.com.br/); “falta uma política séria
do governo. O País diminuiu o número de fumantes, mas não consegue reduzir o
número de alcoólicos”, afirma Edgard Rebouças, coordenador do Observatório da
Mídia, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); e, a Companhia de
Bebidas das Américas (Ambev), não se pronunciou sobre os resultados da
pesquisa.
Tais
fatores estão entrelaçados com o desejo humano de livrar-se das obrigações, que
limitam, naturalmente, a nossa vida, ainda que seja por um período de tempo
muito curto, mas com consequências, na maioria das vezes, sombrias.
Trata-se
de vivenciar o mundo de Dioniso, o deus grego. Meio-deus e meio-homem, por ser
filho de Zeus e da mortal Sêmele, Dioniso promete o “esquecimento” daquilo que
não é prazeroso, através da quebra das normas. “Deus da loucura, do vinho e da
embriaguez, possuía grande poder e seu culto incluía mistérios e orgias” (RIOS,
R. Mitologia Grega: histórias terríveis. Porto Alegre, RS: Artes e ofícios,
2011, p. 19).
As
mulheres, cada vez mais cedo, rompem com a tradição do feminino, agarrando-se a
objetivos masculinos, como: seguir carreira – “o importante é competir, mas
vencer é melhor ainda”, conforme o mundo da publicidade desde canal de filmes
da TV paga, até reportagens sobre a busca por profissionais com determinados
talentos “à flor da pele”, como no Caderno Empregos do jornal citado acima
(14.04); não assumir compromissos, como casamento; se casada, ficar
independente do marido; diminuir ou simplesmente não ter filhos para criar;
provocar sua aceitação e admiração, principalmente, entre os homens, colegas de
trabalho, e até de estranhos. Tais fenômenos podem ser verificados, cada vez
mais frequentemente, no meio urbano, e com o crescimento das cidades.
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