Mais do que uma
disputa pelo legado de Eduardo Campos (1965-2014), morto no trágico acidente
aéreo na cidade de Santos/SP, no último dia 13 de agosto, o que está em jogo, a
depender das posições assumidas pelos partidários, é o jogo pelo poder.
De um lado
temos: “Ela (Marina Silva) vai ter que repensar essa posição dela (uso da sua
imagem junto de outras legendas partidárias a que se opôs, compromisso assumido
pelo então candidato Campos). Ela tem que aceitar esses comitês, os palanques
que o partido construiu, principalmente em São Paulo. Ela tem que assumir os
compromissos de base do partido. Que ela respeite as alianças construídas pelo
Eduardo Campos, que ela respeite o programa do partido que nós elaboramos e que
ela faça cessões para que ela possa ser candidata”, afirmou o prefeito de
Marília (O Estado de São Paulo: 16.08, A8). “Agora é hora de ela baixar a bola
e fazer campanha”, segundo o coordenador regional da campanha do partido na
cidade de Araçatuba.
Tais
divergências exigem que a sociedade brasileira se aproxime de seus afetos
pessoais e coletivos mais débeis, obscuros, inconscientes e enganadores que
determinantemente atuam em nós, e mais ainda, vivenciam-nos, afastando-nos de
um voto mais conscientemente racional possível.
Desde 2008,
Marina Silva, lúcida, convicta e diferencialmente, expõe-nos suas intenções num
jogo político caracterizado pela imoralidade dos interesses pessoais à custa
dos interesses coletivos. À época afirmou: “O sentido da política é a
liberdade. Os cidadãos e cidadãs estão criando uma política viva, na academia,
nos movimentos culturais, no consumo consciente, na internet, nas empresas nas
ONGs, nas igrejas. O grande desafio da democracia é criar espaços múltiplos de
participação política, nos quais os partidos sejam parceiros e não guias. Os
homens, enquanto puderem agir, são aptos a realizar o improvável e o
imprevisível. É o que a sociedade brasileira está fazendo. E os partidos ainda
não se tocaram” (Folha de São Paulo: http://www1.folha. uol.com.br/fsp/opiniao/fz2807200806.htm).
Faz-se imprescindível
o mínimo respeito por seu posicionamento, ao menos para verificar se não faz
mais sentido, se quisermos que as ideias e os ideais para um governo
suficientemente bom, conforme as propostas programáticas que nos serão apresentadas,
não se percam sob as nuvens espessas do complexo de poder que ronda alguns
representantes do partido, bem como do eleitorado.
“Há raposas em
todos os partidos – no PT, no PSDB e também no PSB – em busca dos destroços e
holofotes. Querem decifrar a caixa-preta dos eleitores órfãos e herdar os votos
da terceira via”, lembra-nos Ruth de Aquino, colunista da revista Época (nº
846, p. 106).
Marina Silva,
cuide das raposas do poder que rondam ao seu coração, e dos seus
correligionários!
E,
eu e você, também. Cuidemos de nosso lado raposa que desejam o poder pelo
poder, se não quisermos que uma boa oportunidade de preservar, em todos os
sentidos, o nosso País, não seja desperdiçada.
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