Quando
o assunto é corrupção a única certeza de que se tem é quanto aos seus significados
éticos e morais: suborno, depravação, desmoralização, devassidão. Contudo,
quando se busca compreender suas causas e origens, as opiniões se divergem.
Segundo
os estudos psiquiátricos o corrupto sofre de transtorno de personalidade
antissocial, possui um senso ético pobre, uma fraca assimilação da moral estabelecida
e é de difícil tratamento, devido à má formação de áreas cerebrais que
favorecem a percepção de limites no convívio comunitário. Pessoas com este
perfil demonstram ativação reduzida do córtex medial pré-frontal, área cerebral
responsável pelas nossas escolhas pessoais e sociais.
Na
opinião da psiquiatra forense Hilda Morana, coordenadora do departamento de
Psiquiatria Forense da Associação Brasileira de Psiquiatria: “Estatísticas
recentes apontam que cerca de 15% da população mundial é afetada por
transtorno. Entre todos os casos, os mais graves, que podem responder por
crimes mais sérios, orbitam entre 1% e 2% desses indivíduos. Estes, quase que
obrigatoriamente, cometerão atos cruéis de algum tipo: grandes golpes que podem
afetar muitas pessoas, torturas, assassinatos bárbaros para obtenção de
fortunas, etc”, além disso a doença tem um caráter hereditário” (Revista
Ciência & Vida Psique. Ano IV, nº 44, p. 39).
Se
o diagnóstico pode ser realizado em exame tomográfico por ressonância magnética
funcional (TRMf), capaz de registrar a atividade magnética do cérebro, podendo
concluir se o caso é de “leve” a “muito grave”, o prognóstico não assegura
sucesso devido à interação com os fatores ambientais que favorecem tal
comportamento, sendo estes mais uma das causas ou origens da corrupção. Basta
haver possibilidades de ganho de alguma vantagem pessoal associadas às mínimas
chances de alguma punição, para desencadear ações típicas. Se o indivíduo vive
num contexto social que não condena quaisquer atos de corrupção, e é portador
de algum déficit no funcionamento cerebral, tem todas as possibilidades para
desenvolver o transtorno.
A
sensibilidade moral e ética é uma percepção que se aprende e se desenvolve, e
caso haja algum impedimento no processo, o transtorno de personalidade pode se
instalar.
Segundo
o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Hospital das Clínicas da
USP (São Paulo), alguns fatores como “uma criação muito permissiva ou limites
morais e éticos muito frouxos” contribuem para o surgimento desta psicopatia.
Figueiró
ajuda-nos a compreender porque este problema não tem cura: “O portador nunca
busca tratamento”. E, avisa: “Ambientes extremamente permissivos e com acesso a
muito poder, marcados pela impunidade, que são típicos da paisagem política
brasileira, normalmente favorecem o surgimento do personagem corrupto. A única
forma de combater o quadro são medidas de contenção externas, como a vigilância
e a punição. Em situações onde os delitos praticados são punidos de fato, os
portadores do transtorno tendem a se portar melhor” (Revista Ciência & Vida
Psique. Ano IV, nº 44, p. 41).
O
histórico familiar e pessoal dos candidatos aos cargos administrativos e
legislativos da cidade são mais importantes que suas promessas eleitoreiras.
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