Sem levar em consideração a
imprescindível necessidade e a importância de um correto diagnóstico médico
e/ou psicológico da depressão, aliás, uma das tarefas mais complexas e
desafiadoras que tanto a psiquiatria quanto a psicologia enfrentam, o tema faz
parte do cotidiano de nossas vidas: das famílias às empresas, dos pobres aos
ricos, dos crentes aos incrédulos, da infância à velhice.
Os
professores não são exceção. Numa recente pesquisa o Sindicato dos Professores
do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) aponta que 29% dos
professores sofrem de algum tipo de depressão, responsável pelo afastamento
temporário ou definitivo do trabalho, e 59% deles não fazem acompanhamento
médico, porque o governo estadual limitou o número de vezes que o profissional
pode realizar alguma consulta médica, podendo ser este um dos fatores que tem
contribuído para tantos professores sofrerem de depressão, o que agrava ainda
mais a situação (http:// www.apeoesp.org.br/noticias/noticias/estresse-depressao-e-ansiedade-os-inimigos-do-professor-da-rede-publica-de-sp/).
Os
fatores sociais e pessoais que determinam o surgimento da depressão são variados,
e os professores estão sujeitos aos mesmos, ainda que alguns sejam gerados no
exercício da própria profissão.
Conforme
o Prof. Dr. Antônio Máspoli de Araújo Gomes, professor titular da Universidade
Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e psicólogo junguiano em São Paulo, a
depressão destrói a paz interior, o amor próprio e a segurança pessoal, a
confiança de que alguém pode ajudar, aliás, o deprimido não acredita, não
suporta nem aceita a ideia de que existe ajuda.
“O deprimido é
irritadiço. Neurastênico mesmo. Não tem domínio sobre as próprias emoções. Não
tem paciência. Perde a cabeça com facilidade. Explode à toa” não sabe a origem
da própria irritação e nem precisa. Está sempre irritado, e isso basta! (...) A
vida não tem sentido. O trabalho não tem sentido. (...) Sente-se fracassado o
tempo todo. Acaricia o fracasso como a um amigo íntimo. (...) O deprimido troca
o dia pela noite. (...) Quando consegue dormir, não quer mais acordar. (...) O
deprimido não consegue se concentrar nas atividades mais simples da vida
cotidiana. (...) Sua vontade é frouxa. (...) O interesse pelo sexo praticamente
desaparece. Quando a vontade ressurge, contudo, é exagerada, sem limites. O
deprimido geralmente oscila entre dois extremos: da pureza a libertinagem. O
deprimido come. Não por sentir fome, mas para preencher o vazio da alma. (...)
Acredita que a morte pode acabar com tudo que está errado de uma só vez. O
risco de suicídio não deve ser subestimado. (...) A ansiedade às vezes
generalizada esconde uma depressão, escamoteia um luto. As crises de ansiedade
da síndrome de pânico obnubilam geralmente um quadro depressivo grave” (Antônio
Máspoli de Araújo Gomes (Org.) Eclipse da alma. São Paulo: Fonte Editorial,
2010, pp. 158-160).
Nos próximos
artigos, continuaremos a refletir sobre a depressão entre os professores.
Contudo, é bom salientar: depressão tem tratamento, e seus efeitos podem ser
amenizados, e em alguns casos, podem ser superados.
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