terça-feira, 6 de novembro de 2012

Depressão entre professores


            Sem levar em consideração a imprescindível necessidade e a importância de um correto diagnóstico médico e/ou psicológico da depressão, aliás, uma das tarefas mais complexas e desafiadoras que tanto a psiquiatria quanto a psicologia enfrentam, o tema faz parte do cotidiano de nossas vidas: das famílias às empresas, dos pobres aos ricos, dos crentes aos incrédulos, da infância à velhice.
            Os professores não são exceção. Numa recente pesquisa o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) aponta que 29% dos professores sofrem de algum tipo de depressão, responsável pelo afastamento temporário ou definitivo do trabalho, e 59% deles não fazem acompanhamento médico, porque o governo estadual limitou o número de vezes que o profissional pode realizar alguma consulta médica, podendo ser este um dos fatores que tem contribuído para tantos professores sofrerem de depressão, o que agrava ainda mais a situação (http:// www.apeoesp.org.br/noticias/noticias/estresse-depressao-e-ansiedade-os-inimigos-do-professor-da-rede-publica-de-sp/).
            Os fatores sociais e pessoais que determinam o surgimento da depressão são variados, e os professores estão sujeitos aos mesmos, ainda que alguns sejam gerados no exercício da própria profissão.
            Conforme o Prof. Dr. Antônio Máspoli de Araújo Gomes, professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e psicólogo junguiano em São Paulo, a depressão destrói a paz interior, o amor próprio e a segurança pessoal, a confiança de que alguém pode ajudar, aliás, o deprimido não acredita, não suporta nem aceita a ideia de que existe ajuda.
“O deprimido é irritadiço. Neurastênico mesmo. Não tem domínio sobre as próprias emoções. Não tem paciência. Perde a cabeça com facilidade. Explode à toa” não sabe a origem da própria irritação e nem precisa. Está sempre irritado, e isso basta! (...) A vida não tem sentido. O trabalho não tem sentido. (...) Sente-se fracassado o tempo todo. Acaricia o fracasso como a um amigo íntimo. (...) O deprimido troca o dia pela noite. (...) Quando consegue dormir, não quer mais acordar. (...) O deprimido não consegue se concentrar nas atividades mais simples da vida cotidiana. (...) Sua vontade é frouxa. (...) O interesse pelo sexo praticamente desaparece. Quando a vontade ressurge, contudo, é exagerada, sem limites. O deprimido geralmente oscila entre dois extremos: da pureza a libertinagem. O deprimido come. Não por sentir fome, mas para preencher o vazio da alma. (...) Acredita que a morte pode acabar com tudo que está errado de uma só vez. O risco de suicídio não deve ser subestimado. (...) A ansiedade às vezes generalizada esconde uma depressão, escamoteia um luto. As crises de ansiedade da síndrome de pânico obnubilam geralmente um quadro depressivo grave” (Antônio Máspoli de Araújo Gomes (Org.) Eclipse da alma. São Paulo: Fonte Editorial, 2010, pp. 158-160).
Nos próximos artigos, continuaremos a refletir sobre a depressão entre os professores. Contudo, é bom salientar: depressão tem tratamento, e seus efeitos podem ser amenizados, e em alguns casos, podem ser superados.

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