País a fora professores têm se
manifestado acerca da realidade a que estão submetidos, muitas vezes por
sobrevivência, mas sujeitos a toda sorte de doenças psicológicas e biológicas.
Uma
destas manifestações é a da pedagoga, arte terapeuta e psicóloga junguiana, do
Rio de Janeiro, Regina Milone. Ao referir-se às
condições em que exerce o magistério ela afirma: “Os profissionais, pelas
péssimas condições de trabalho e pelos baixos salários, acabam pedindo licenças
médicas consecutivas, muitos estão com Síndrome de Burnout, deprimidos,
estressados, tristes e irritados. Convivendo com o que eles têm que conviver dentro
das escolas, passamos a ver quantos motivos realmente eles têm para isso e é
muito triste, pois uma profissão tão importante e fundamental como a de
professor anda cada dia sendo mais desrespeitada e desvalorizada. Como
encontrar ânimo para continuar assim?!” (www.diariodoprofessor.
com/2012/10/26/escola-publica-hoje-relatando-e-refletindo-um-pouco-mais/).
Ela, entre tantos outros professores que sofrem as mesmas
condições aponta-nos para alguns fatores sociais e emocionais, que se não bem
administrados, interferem na qualidade de vida de qualquer pessoa e geram
doenças. E,
a depressão é uma delas. Por quê? A
resposta a esta questão não é simples. Primeiro
porque depressão é diferente de tristeza.
Para o psicólogo
e psicanalista Eduardo A. Furtado Leite, a depressão é inimiga da tristeza,
pois leva o indivíduo a viver uma forte indiferença aos seus afetos, inclusive
à própria tristeza. Em “Tristeza”, Leite afirma: “A tristeza é a última
sentinela contra a depressão, a derradeira emoção”, que pode deter o avanço da
depressão e ajudar na compreensão mental da doença (São Paulo: Duetto
Editorial, 2010, p. 61). É como se a tristeza fosse a “febre” da depressão, mas
a tristeza, em si mesma, não é depressão.
Há dois sintomas
que são bem característicos da depressão: sensação predominante de tristeza,
com duração maior do que duas semanas, e irritabilidade.
Pensemos hoje,
um pouco sobre a irritação que nos acomete a todos, mas de maneira especial aos
professores.
A irritação é
uma das emoções básicas que mais nos desagrada, porque nos sentimos provocados
a tomar a alguma atitude, na tentativa de alterar as situações que nos deixa
contrariados, mas que em muitas vezes não nos é possível. São variados os
motivos pelos quais nos irritar: as decisões dos políticos, os buracos nas
ruas, a programação dos canais de TV, determinados ruídos dos locais onde estamos,
os amigos e familiares, os alunos e os professores, etc.
Algumas
pessoas conseguem reagir adequadamente a estas situações, entretanto, na
opinião da psicóloga clínica Natasa Jokic Begic: “As pessoas depressivas se
irritam com muita facilidade e costumam ficar bem mais mal-humoradas diante de
certas situações, sentindo-se culpadas pelo modo como agiram frente à situação
que as irritou” (A vida não é um mar de rosas. Programa da TVEscola: Servos e
Mestres, Nov. 2012).
A
depressão entre professores pode estar associada à constante irritabilidade a
que estão sujeitos no exercício profissional, entretanto, para se mostrarem
pessoas simpáticas, às vezes com o medo de sofrerem algum tipo de punição ou
pelo sentimento de culpa, como citado acima, não verbalizam o que estão
sofrendo. A irritação os corrói por dentro, silenciosamente, mas demonstram em
sua expressão gestual, nos mal-entendidos e perturbações que causam ao ambiente
de trabalho, que estão em grave perigo, e ainda, com o passar do tempo, ficam
ainda mais, irritados e raivosos.
O que fazer?
Fica para a próxima semana, se Deus quiser. Até lá.
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