quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Por que ficamos deprimidos?

           Classificada na categoria dos transtornos do humor na CID-10 (Classificação Internacional das Doenças Mentais), a depressão deve ser considerada uma doença que se caracteriza com frequentes recaídas.
Para a maioria das pessoas a depressão é sentida como um “fracasso moral”, quer dizer, sentir que não consegue manter um estado de ânimo otimista e feliz na realização das tarefas que os papéis sociais nos cobram, independentemente do esforço empreendido. Esta experiência corrói a autoestima.
            O deprimido sente-se “imprestável” diante dos desafios que têm à sua frente.  No caso dos professores, este sentimento é experimentado devido à avaliação profissional a que está submetido diante dos alunos, dos outros colegas e dos diretores da escola. O problema se agrava se se levar em conta as elevadas expectativas dos seus familiares, vizinhos e amigos quanto à sua adaptação social.
            Dos casos que relata em “Os pantanais da alma: nova vida em lugares sombrios” (São Paulo: Paulus), James Hollis nos ajuda a compreender que a depressão pode ter um significado diferente para cada um de nós, dependendo das circunstâncias histórico-pessoais, vivenciadas desde a infância.
As circunstâncias da nossa vida, em especial aquelas que envolvem nossa família original, segundo Hollis, como que determinam as crenças que construímos acerca de nós mesmos, dos outros e dos nossos relacionamentos. Tais conceitos podem levar-nos a um tipo de depressão, e que geralmente, são desconsiderados no tratamento do transtorno.
            O autor aponta para as seguintes circunstâncias que conduzem à depressão, fenômeno que surge normalmente por volta dos 35-40 anos de idade: esforçar-se para “merecer” o amor, admiração e carinho dos pais; e, assumir deveres familiares, sociais e até profissionais, contrários ou antagônicos aos desejos da alma, isto é, manter reprimidas as vontades pessoais no atendimento das expectativas de terceiros.
            Conforme o diretor executivo do Jung Educational Center of Houston, seja qual for a condição geradora da depressão temos de encontrar, integrar e viver corajosamente os desejos da alma, ainda que isto gere alguma ansiedade. Para ele, a ansiedade, neste caso, pode nos levar a um crescimento pessoal, enquanto a depressão nos manterá presos ao sentimento de derrota.
            Para acabar com a depressão precisamos enfrentar com força as circunstâncias que nos trouxeram a ela, e suportar a tensão entre os nossos deveres e os desejos de nossa alma. Isto significa que os medicamentos e as distrações, tão largamente recomendados, nos afastam dos significados que a depressão tem para nos comunicar: que não é possível “comprar” o amor, o carinho e a atenção de quem quer que seja, e aprender a amar e afirmar a si mesmo independentemente da opinião alheia.

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