Para a maioria
das pessoas a depressão é sentida como um “fracasso moral”, quer dizer, sentir
que não consegue manter um estado de ânimo otimista e feliz na realização das
tarefas que os papéis sociais nos cobram, independentemente do esforço empreendido.
Esta experiência corrói a autoestima.
O
deprimido sente-se “imprestável” diante dos desafios que têm à sua frente. No caso dos professores, este sentimento é
experimentado devido à avaliação profissional a que está submetido diante dos
alunos, dos outros colegas e dos diretores da escola. O problema se agrava se
se levar em conta as elevadas expectativas dos seus familiares, vizinhos e
amigos quanto à sua adaptação social.
Dos
casos que relata em “Os pantanais da alma: nova vida em lugares sombrios” (São
Paulo: Paulus), James Hollis nos ajuda a compreender que a depressão pode ter
um significado diferente para cada um de nós, dependendo das circunstâncias histórico-pessoais,
vivenciadas desde a infância.
As
circunstâncias da nossa vida, em especial aquelas que envolvem nossa família
original, segundo Hollis, como que determinam as crenças que construímos acerca
de nós mesmos, dos outros e dos nossos relacionamentos. Tais conceitos podem
levar-nos a um tipo de depressão, e que geralmente, são desconsiderados no
tratamento do transtorno.
O
autor aponta para as seguintes circunstâncias que conduzem à depressão,
fenômeno que surge normalmente por volta dos 35-40 anos de idade: esforçar-se
para “merecer” o amor, admiração e carinho dos pais; e, assumir deveres
familiares, sociais e até profissionais, contrários ou antagônicos aos desejos
da alma, isto é, manter reprimidas as vontades pessoais no atendimento das
expectativas de terceiros.
Conforme
o diretor executivo do Jung Educational Center of Houston, seja qual for a
condição geradora da depressão temos de encontrar, integrar e viver
corajosamente os desejos da alma, ainda que isto gere alguma ansiedade. Para
ele, a ansiedade, neste caso, pode nos levar a um crescimento pessoal, enquanto
a depressão nos manterá presos ao sentimento de derrota.
Para acabar com a depressão
precisamos enfrentar com força as circunstâncias que nos trouxeram a ela, e
suportar a tensão entre os nossos deveres e os desejos de nossa alma. Isto
significa que os medicamentos e as distrações, tão largamente recomendados, nos
afastam dos significados que a depressão tem para nos comunicar: que não é
possível “comprar” o amor, o carinho e a atenção de quem quer que seja, e
aprender a amar e afirmar a si mesmo independentemente da opinião alheia.
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