Hoje, o
consumo do crack está presente em quase 100% dos municípios brasileiros,
segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A discussão quanto à implantação de medida de internação compulsória aos
dependentes de drogas, especialmente, do crack tem preocupado muita gente, dos
pais e/ou filhos, gestores públicos pelo uso, indevido, da força policial e
jurídica.
Antes de levar a efeito as medidas
de controle com emprego da força, é preciso reforçar com mais verbas e
contratações de agentes, os sistemas de proteção que promovem ações de
prevenção nas áreas de maior vulnerabilidade e risco social, já existente na
sociedade brasileira, como: o Centro de Referência de Assistência Social –
CRAS; o Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS; o
Centro de Referência Especializado da Assistência Social para a População em Situação
de Rua – CREAS-POP; o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS-AD (Álcool e Drogas) - que realiza o acompanhamento
clínico e a reinserção social dos usuários de drogas pelo acesso ao trabalho,
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e
comunitários; o Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF; e o Conselho Tutelar,
uma vez que seu papel é articular e fiscalizar a rede de atenção à criança e ao adolescente, envolvendo
setores como o da educação, saúde, assistência social, família e o governo nesse
processo (dados - http://www.cnm.org.br/ crack/).
Não basta criar e disponibilizar estes serviços, muitas vezes sem
condições mínimas de atender a alta demanda. Por exemplo: em todo o Estado de
São Paulo, há somente 691 leitos disponíveis para a internação. Em Marília, apenas
40, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, no Hospital Espírita e no André
Luiz.
O uso de substâncias químicas, mesmo por mera curiosidade, permite ao
indivíduo conhecer o mundo do inconsciente coletivo, a projetar seus conteúdos
psíquicos sobre um mundo inacessível, porém, sem reconhecer a responsabilidade
moral a que está exposto. Artifício desnecessário, visto que o acesso ao
inconsciente coletivo está disponível a todos, através dos sonhos e intuições.
A percepção consciente rebaixada produz sensações subliminares, mas destituída
de responsabilidades, se abre às consequências como: desnutrição, problemas
respiratórios, problemas cardiovasculares, degeneração dos músculos
esqueléticos, deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo
limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos, prejuízos
cognitivos, psicoses, paranoia, alucinações e delírios, frutos de tamanha
irresponsabilidade em penetrar em campo sagrado.
Qual medida é mais apropriada para o tratamento destes casos: a internação
compulsória, ou a conscientização dos usuários quanto aos perigos que corre?
C. G. Jung nos ajuda a compreender, quanto ao melhor caminho: “O fator
efetivamente mais poderoso e decisivo da psique individual provoca,
forçosamente, fé ou medo, submissão ou entrega, que um deus poderia exigir do
homem. Qualquer coisa despótica e inevitável é, nesse sentido, “Deus”, e se
torna absoluta a não ser que, através de uma decisão ética livremente
escolhida, a pessoa consiga erigir uma posição contra esse fenômeno natural que
seja igualmente forte e invencível” (Psicologia e religião. Petrópolis: Vozes,
1987, p. 91).
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