Aaron Swartz (1987-2013), pôs fim à
vida com apenas 26 anos de idade, no último dia 11, em Nova York.
Segundo O Estado de São Paulo
(16/01/13, B12), Aaron “defendia a gratuidade de acesso” a todos os artigos
científicos de revistas especializadas, que as universidades e pesquisadores
precisam para desenvolver seus trabalhos acadêmicos.
O problema é que Aaron teria baixado cerca de 5 milhões destes artigos
de um dos servidores eletrônicos que os comercializa chamado JSTOR, do
Massachusetts Institute of Technology. Por este motivo, ele respondia a uma
acusação do governo dos Estados Unidos por disponibilizar este material sem a
autorização de seus autores, porém seu advogado, Elliot Peters, nega.
Entretanto, que fatores explicam Aaron ter se enforcado, e de outras 18
mil pessoas que se suicidam todos os anos nos Estados Unidos, e mais de 8.500 no
Brasil?
Para James Hillman (1926-2011), em seu “Suicídio e alma” (Vozes, 2009),
de acordo com a sociologia o suicídio “representa um afrouxamento da estrutura
social, um enfraquecimento dos laços sociais, uma desintegração” (p.35),
conforme a teoria de Emile Durkheim (1858-1917), o fundador da sociologia moderna,
para quem a sua prevenção passa por reforçar as estruturas que formam a
sociedade. Do ponto de vista das ciências do direito, em muitos lugares do
mundo ocidental, o suicídio é um crime. A saída encontrada para “justificar”
pôr fim a própria vida, pelas leis do direito, foi considerar o “desequilíbrio
mental” da vítima. Para a teologia: “A vida é de Deus, por isso não podemos
tirá-la”, sendo, portanto, o suicídio um ato de rebelião contra o Criador. A
medicina tem por fim salvaguardar a vida de todos os males orgânicos que possam
prejudicar ao seu funcionamento fisiológico.
Hillman, entretanto, busca compreender o significado de tirar a própria
vida sob o ponto de vista da alma que possui uma perspectiva independente e
radical, e não definir se se é a favor ou contra.
Para ele: “O suicídio é uma tentativa de mudar de uma esfera para outra
à força, através da morte” (p. 80). Isto é, a alma anseia por introduzir uma
mudança na vida, uma transformação naquilo que se tornou um padrão fixo, mesmo
que seja o de provocar alterações na vida pessoal e/ou na de terceiros, mas que
na realidade se torna cada vez mais distante.
O suicídio de Aaron nos ajuda a compreender a afirmação de Hillman.
Segundo o mesmo jornal: “Aaron começou a brincar com computadores aos três anos
de idade. Escreveu seu primeiro programa antes de completar dez anos. A família
Swartz teve acesso à web antes da maioria das pessoas e isso ajudou Aaron a ter
uma ideia do valor do conhecimento. Essa visão ficou clara para ele aos 13
anos, quando ficou conhecido nos EUA por criar uma enciclopédia online anterior
à Wikipedia”. Quer dizer: Ele tentou alterar a estrutura de administração do
acesso a informações acadêmicas, empregando as técnicas que dominava há tempos.
A morte pode ter-lhe parecido uma saída por não ter conseguido transformar, e
ainda ter de enfrentar os tribunais.
Infelizmente, Aaron
não poderá mais empreender qualquer outra transformação, nem mesmo em sua vida
pessoal, mas você e eu, qual podemos realizar?
" O fim que podemos dar a nossa existência acaba com qualquer possibilidade de frutificar,de florescer, mesmo em meio a um deserto, mesmo em meio a contrariedades.É um ponto final na frase da vida,fora de lugar,talvez..."
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