Pergunte às atuais gerações se conhecem os
afluentes que formam as Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe, que
cruzam o município de Marília como: Ribeirão do Alegre, Rio do Pombo, Ribeirão
da Prata, Rio Feio, Rio Tibiriçá, e os Córregos Cascatinha, Cascata, Barbosa,
Palmital e Ribeirão dos Índios. É bem possível que a resposta será negativa,
tal é o descaso para com as condições de nossas águas, além de se tornar uma
grande preocupação quanto ao futuro que nos espera.
Abastecendo
a 58 municípios, com uma população de mais de 800 mil habitantes, sendo
Marília, Garça, Tupã e Dracena as maiores cidades, o descaso, já está nos
levando para algumas consequências muito negativas.
Conforme o Relatório de
Situação dos Recursos Hídricos de 2009, do Governo do Estado de São Paulo,
elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente, nos aponta: somente 4,53% de suas
águas têm origem subterrânea e 5,59% na superfície, indicando que precisam de
cuidados especiais de preservação para evitar a sua contaminação, pois apenas
38% do esgoto da região atendida pelo Rio do Peixe, são tratados; 50% dos
aterros dos municípios que compõem a Bacia do Aguapeí e 69,6% dos aterros dos
municípios da Bacia do Peixe são considerados como controlados ou inadequados;
quanto a qualidade da água, o relatório afirma: “Segundo Relatório de Qualidade
das Águas Interiores (CETESB, 2007) o ponto localizado em Marília (PEIX 02100),
apresentou IAP (Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de abastecimento
público) anual Ruim, devido principalmente ao elevado potencial de formação de
trihalometanos e pela presença de chumbo em concentração acima da estabelecida pela
legislação” (http://www.comitepcj.sp.gov.br/download/RS/RSESP2007_02AguapeiPeixe.pdf).
Tratar
deste assunto em pleno período de Páscoa parece, no mínimo, estranho.
Entretanto, se considerarmos alguns fatores ligados à data, perceberemos que
não, como por exemplo: empregada por Jesus na instituição da Eucaristia,
lavando aos pés dos seus discípulos, a água é um dos elementos presentes na
celebração religiosa, além do pão e vinho; ainda segundo os registros dos
evangelistas, o Crucificado, sedento, suplica por água, porém um dos soldados
romanos oferece-lhe vinagre, e depois tendo um dos lados feridos com uma lança,
saiu-lhe água do corpo; na manhã do domingo, as mulheres que o seguiam levaram
água e perfumes para embalsamar o seu corpo; como Ressuscitado, indica aos
discípulos que a todos batizem com água.
E
mais ainda, se considerarmos a água como o elemento que nos mantém vivos, e
renova a vida de todos os seres vivos, podemos sim, nesta Páscoa, refletir na
necessidade de preservar nossas águas, como um bem precioso, que nos garante a
existência, mas também, considerar: o que nos leva a desperdiçar tanta água?
O
doutor em psicologia clínica, pela USP, Ricardo Alvarenga Hirata, discutindo
sobre o tratamento dado pelos paulistanos ao Rio Tietê, nos ajuda a
compreender: “A sombra externalizada na forma de atuações
destrutivas, tais como descaso, desperdício de água, despejo de lixo nas ruas,
impermeabilizações do solo, etc., precisa ser re-integrada à consciência por
meio do reconhecimento das agressões inconscientes ao meio ambiente, as quais,
por sua vez, põem em risco o sucesso das atuais políticas públicas” (O
rio da alma: Reflexões da ecologia arquetípica sobre o complexo cultural
paulistano. Bol. psicol,
São Paulo, v. 57, n. 127, dez. 2007. (http://pepsic.bvsalud. org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432007000200005&lng=pt&nrm=iso).
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