Se considerarmos os problemas econômicos e sociais, como os que o País e a Cidade enfrentam, apenas pela perspectiva político-partidária especialmente em período eleitoral, no caso do Brasil, que foi antecipado em quase dois anos, a oposição está coberta de razão. Entretanto, é majoritária a opinião dos cientistas políticos: aqueles que deveriam fazer verdadeira oposição ao(s) governo(s) nada fizeram, no sentido de mobilizar a opinião pública para reverter as dificuldades, porque falta-lhe um projeto alternativo e, lideranças significativas que atraiam os cidadãos. Porém, o problema é muito mais grave do que isto: os partidos de oposição têm o mesmo objetivo dos governantes: “cuidar do povo”, como demonstram as mensagens publicitárias dos governos federal, estadual e municipal: “Melhorar sua vida, nosso compromisso”; “A gente cuida da saúde. A gente cuida de você”; “Marília, crescendo com a sua gente”. A farsa está aí. Motivo, puramente, eleitoreiro. Contudo, as manifestações de rua, ocorridas em junho e julho do ano passado, deixaram o seu recado: sabemos em quem não vamos votar nas próximas eleições. A insatisfação continua e só cresce. O povo ensaiou o “Vento bravo”, de Tom Jobim e Edu Lobo: “Como um sangue novo / Como um grito no ar / Correnteza de rio / Que não vai se acalmar”. Oxalá!
Esta questão vai além de buscar quem está certo e quem está errado. Atitudes moralistas intensificam ainda mais a prática imoral. Nosso conceito de moralidade pública precisa ser atualizado. É preciso ultrapassar a barreira da ideia de que o mal existe somente do lado de fora, e são os outros. Frases como: “Se não fossem “eles”, as condições seriam melhores” – levam-nos a fingir que a questão não é pessoal. Nem, tão pouco se trata de “falta” de religiosidade. Moralidade e religiosidade nada construíram ou constroem solidamente, que a vilania da natureza humana não é capaz de solapar.
Se as confissões religiosas e a moral vigente não conseguiram resolver, é um problema que cabe a elas decidirem se ainda desejam permanecer num caminho que tem como destino o que já se sabe: o fracasso e, consequente, rejeição por parte da maioria das pessoas. Afinal, o Mestre dos mestres, já disse: “Se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada. É jogado fora e pisado pelas pessoas que passam” (Evangelho de Mateus 5.13).
Acredito que a solução passa pelo que Jung escreveu: “Tudo aquilo pelo qual as pessoas lutam no mundo exterior, também é uma luta no interior de cada um de nós. É preciso admitir finalmente que a humanidade não é um amontoado de individualidades separadas, mas possui um grau de coletividade psicológica tão elevado que o individual parece uma variação sutil. Como, porém, julgar corretamente este assunto se não conseguirmos admitir que ele também é problema nosso? Quem for capaz de admitir isso procurará em primeiro lugar a solução dentro de si mesmo. E é dessa forma que surgem as grandes soluções. [...] Quem aprendeu a examinar os fundamentos e panos de fundo de seu pensar e agir, e adquiriu uma visão profunda e salutar da maneira como os impulsos biológicos inconscientes torcem nossa lógica, perde o gosto por lutas de gladiadores e disputas públicas, resolvendo o assunto dentro de si mesmo” (JUNG, C. G. A vida simbólica: escritos diversos. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 394).
Enfrentemos o desafio!
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