Se
a energia psíquica não se restringe a de natureza sexual, conforme o pensamento
da psicologia analítica de C. G. Jung, mas inclui todos os aspectos da natureza
humana como: a mente, o corpo, a linguagem, a sexualidade, a alimentação, o
mito, a religião, a arte, os jogos, o trabalho, o amor, o ódio, e todas as
atividades ligadas à cultura, precisamos considerar que isto é altamente
importante para a saúde psicológica de um indivíduo, mas também para um grupo
social como a uma família, a uma empresa, a um partido político, a uma
denominação religiosa, a uma agremiação esportiva, a uma cidade, até a um país.
É
que a libido é um fator psíquico dinâmico, isto é, provoca transformações e
deslocamentos em um único indivíduo, mas também na vida de uma coletividade.
Quanto à
história, narrada pelo passar dos tempos, a energia psíquica pode nos segurar
no passado, como nos por em direção ao futuro. Quer dizer: podemos repetir
pensamentos e decisões como as do passado, distante ou próximo, gerando assim
uma ação regressiva, como se viver fosse olhar pelo “retrovisor”, levando-nos a
repetir fatos e acontecimentos, ou podemos renovar-nos, assumindo novas
posturas frente às realidades que se nos apresentam.
Neste sentido, é
possível dar outro significado ao que passou, seja na história de cada um de nós,
da cidade e do País. Não há outra opção de contar a nossa própria história,
senão contando-a de outro jeito.
Experimente
pedir a uma criança para imaginar a chegada dos pioneiros de Marília, por
exemplo, e verá como a sua leitura será diferente. Muito provavelmente, ela
contará que haveria mais solidariedade aos kaingang; mais honestidade nos
negócios, na geração de riquezas; a forma emocional de lidar com o poder, mais
democrática.
Mas, cada um de
nós é chamado a fazer, hoje, uma releitura para que experimentemos o poder
transformador disponível na energia psíquica, que nos leve a uma vida urbana
mais calorosa, mais saudável, com mais “alma”.
Não podemos
deixar passar a vontade de protagonizarmos a nossa própria história. Não
podemos delegar a história da nossa cidade àqueles que se mostram comprometidos
para que o passado continue se repetindo. Não podemos aceitar as ideias do:
“dane-se”, “o que é que eu posso fazer?”
As vozes
críticas precisam permanecer. Não podemos nos calar. Podemos sim, nos orgulhar
de nossa própria história e da nossa cidade, deixando-nos mover pela energia
psíquica em nós atuante. As decepções não são para proibir nossos sonhos, mas
para nos tornar mais fortes. Podemos interferir sempre em nossa história!
Isto nos
co-move, isto é, nos mobiliza a uma ação diferenciada das que costumeiramente
temos tomado frente a nós mesmos. Precisamos olhar-nos com outros olhos. Olhar
a nossa negatividade camuflada de empreendorismo, a nossa destrutividade
mascarada de progressismo, a nossa perversidade travestida de solidariedade.
Somos capazes de
lidar com a dureza dos corações de nossos governantes e resistir com
imaginação, coragem e amor pelas futuras gerações que não param de chegar.
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