As
pesquisas mais atualizadas confirmam: a duração da felicidade pode ser um pouco
mais de vinte horas; o medo leva alguns segundos ou no máximo uma hora, para
passar; a raiva, não ultrapassa mais do que algumas horas; mas, a tristeza pode
durar mais do que um dia inteiro. Portanto, a tristeza que faz fundo à
depressão, é a emoção que mais experimentamos por mais tempo. Caso permaneçamos
tristes por mais de duas semanas, como a perda de um ente querido, separação ou
divórcio, por exemplo, entre outras situações, faz-se necessário considerar a
possibilidade de estarmos em depressão.
Na
semana passada afirmamos que a depressão entre professores pode estar associada
à constante irritabilidade a que estão sujeitos no exercício profissional,
entretanto, para se mostrarem pessoas simpáticas, e às vezes, por temerem algum
tipo de punição não verbalizam quanto ao motivo que os deixa irritados,
entretanto, demonstram em sua expressão gestual, nos mal-entendidos e
perturbações que causam ao ambiente de trabalho, que estão em grave perigo, e
ainda, com o passar do tempo, ficam ainda mais, irritados e raivosos. E,
perguntamos: O que fazer?
O biólogo,
educador ambiental, doutor em Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) e professor das redes municipais de educação do Rio de
Janeiro e de Niterói/RJ, Declev Dib-Ferreira, faz um sincero e aberto desabafo:
“Morreram dois (alunos de uma escola pública do Rio de Janeiro). Coisa
estúpida. Escola de luto. Eu que já não estou bem, fico pior. O que sinto é um
imenso, grande, enorme, incomensurável vazio. Uma sensação de frustração além de minha capacidade de entender. Uma
vontade de chorar e me enrolar feito um bebê – ou de beber e chorar até me
enrolar. Me pergunto o por quê de tudo isso, se o que eu faço vale a pena, se o
que eu sofro tem sentido. (...) Não nos dão o direito de surtar, não podemos
ficar doentes, não podemos ter nossos próprios problemas, não podemos gritar,
não podemos sair de nós, não podemos ter uma crise!!!” (http://www.diariodoprofessor.com).
O
professor Dib-Ferreira nos ajuda a trazer a irritação para um nível mais
“administrável”, e como ele podemos tomar algumas decisões: admitir que manter
velada a irritação não é a melhor maneira de tratá-la; reconhecer que a
irritação e a raiva podem servir para melhorar os relacionamentos
interpessoais, pois através destas emoções podemos delimitar até mesmo espaços
físicos a serem ocupados no ambiente social que queremos ocupar, isto é,
passamos a evitar os lugares onde as fontes de irritação são presentes, podendo
até mesmo, melhorá-los; estabelecer opiniões próprias acerca das circunstâncias
que nos irritam para que os outros nos conheçam e nos respeitem, pois assim assumimos
nossa própria identidade e encaramos as situações com a verdade da coragem; considerar
que ficar irritado não implica em ser agressivo nem ficar com raiva, pois o que
mais importa é que as situações que motivaram a irritação sejam discutidas para
se encontrar as suas soluções.
Como afirma a
presidente da Associação Internacional de Psicologia Analítica, professora na
Universidade de Zurique, Suíça, e psicóloga junguiana Verena Kast (1943-):
“Quem se permite ficar irritado acredita que a vida ainda pode mudar. Quem não
se permite já não acredita nisso – a irritação nos mostra que algo não vai bem
e nos ajuda a modificar relações que julgamos insuportáveis, ou ao menos
difíceis de suportar. A raiva e a irritação nos dão a energia necessária para
efetuar essas modificações” (Revista Viver Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto
Editorial, Nº 140, 2004, p. 72).
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