Por que a emoção da raiva ou do ódio nos
faz sentir mal?
Odiamos a raiva/ódio
porque é a emoção que nos dá a percepção de que somos ambíguos; que não somos a
pessoa que gostaríamos de ser.
Porque sentimos
aversão a todo mau comportamento.
Aprendemos a
amar o amor, e a odiar a raiva/ódio.
Segundo o
filósofo grego Aristóteles (384-322 A.C.): “É fácil entregar-se a uma paixão –
qualquer um pode fazer isso. Mas ficar zangado com a pessoa certa, na medida
certa e no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil, e
nem todos são capazes disso” (Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1978).
Conforme a
psicanalista Jane G. Goldberg, em seu “Tenho raiva: o papel positivo das
emoções negativas nos relacionamentos” (São Paulo: Mercuryo, 2000), ao lidar
com a raiva/ódio tentamos contê-la, expulsá-la e tememo-la, por cairmos nas
garras da agressividade.
Para Goldberg:
“Odiar nosso ódio é odiar parte de nós mesmos, uma parte que nos fornece
informações inestimáveis sobre quem somos, sobre o mundo ao redor e sobre a
interseção entre os dois” (p. 61).
Então, a
raiva/ódio existe, seja ou não permitida/o; é uma emoção da qual não temos como
nos livrar, assim como o tigre não se livra de suas listras. O problema é que
não sabemos lidar com a raiva/ódio. Mas, a boa notícia: podemos aprender.
“A energia que a
irritação põe à disposição afasta o medo e a sensação de impotência. As emoções
voltam nossa atenção para o problema a ser resolvido. Assim, em vez de “Ora,
não se irrite”, deveríamos dizer: “Trate de se irritar, sim – mas com
moderação” (Thomas Hülshoff. Louco de raiva. Revista Mente&Cérebro. São
Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
Podemos
manifestar nossa raiva/ódio sem ter de recorrer à violência física, e quanto
mais nos exercitarmos, mais evitaremos ou diminuiremos os efeitos negativos da
irritação. Para isso, precisamos nos responsabilizar pela irritação, raiva/ódio
que provocamos em outras pessoas e no ambiente que participamos.
Podemos
expressar nossa própria irritação, e assim gerar respeito por nossos limites,
até conseguirmos algum acordo para com os nossos interesses, mas isto quer
dizer: cabe-nos respeitar os limites e os interesses dos outros, inevitavelmente.
Segundo Hülshoff,
professor titular das cadeiras de medicinal social e de fundamentos médicos de
pedagogia terapêutica na Escola Superior Católica NW, de Mümster, Alemanha: “Da
próxima vez que você se irritar porque alguém quer passar à sua frente na fila,
basta que você expresse essa irritação. Mas sinalize também ao outro sua
disposição conciliatória. Se fizer isso, terá boas chances de esclarecer de
forma sensata o conflito e de resolvê-lo. A irritação, é de se supor, vai
desaparecer – ela já terá cumprido sua função” (Louco de raiva. Revista
Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
Nestes
últimos dias do ano de 2012 reserve um tempo para refletir quanto ao que você
pode fazer quanto à emoção da raiva ou do ódio. Procure por medidas práticas,
não agressivas, para que você tire bom proveito de qualquer coisa que o/a
irrite.
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