terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Que raiva?


            Por que a emoção da raiva ou do ódio nos faz sentir mal?
Odiamos a raiva/ódio porque é a emoção que nos dá a percepção de que somos ambíguos; que não somos a pessoa que gostaríamos de ser.
Porque sentimos aversão a todo mau comportamento.
Aprendemos a amar o amor, e a odiar a raiva/ódio.
Segundo o filósofo grego Aristóteles (384-322 A.C.): “É fácil entregar-se a uma paixão – qualquer um pode fazer isso. Mas ficar zangado com a pessoa certa, na medida certa e no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil, e nem todos são capazes disso” (Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978).
Conforme a psicanalista Jane G. Goldberg, em seu “Tenho raiva: o papel positivo das emoções negativas nos relacionamentos” (São Paulo: Mercuryo, 2000), ao lidar com a raiva/ódio tentamos contê-la, expulsá-la e tememo-la, por cairmos nas garras da agressividade.
Para Goldberg: “Odiar nosso ódio é odiar parte de nós mesmos, uma parte que nos fornece informações inestimáveis sobre quem somos, sobre o mundo ao redor e sobre a interseção entre os dois” (p. 61).
Então, a raiva/ódio existe, seja ou não permitida/o; é uma emoção da qual não temos como nos livrar, assim como o tigre não se livra de suas listras. O problema é que não sabemos lidar com a raiva/ódio. Mas, a boa notícia: podemos aprender.
“A energia que a irritação põe à disposição afasta o medo e a sensação de impotência. As emoções voltam nossa atenção para o problema a ser resolvido. Assim, em vez de “Ora, não se irrite”, deveríamos dizer: “Trate de se irritar, sim – mas com moderação” (Thomas Hülshoff. Louco de raiva. Revista Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
Podemos manifestar nossa raiva/ódio sem ter de recorrer à violência física, e quanto mais nos exercitarmos, mais evitaremos ou diminuiremos os efeitos negativos da irritação. Para isso, precisamos nos responsabilizar pela irritação, raiva/ódio que provocamos em outras pessoas e no ambiente que participamos.
Podemos expressar nossa própria irritação, e assim gerar respeito por nossos limites, até conseguirmos algum acordo para com os nossos interesses, mas isto quer dizer: cabe-nos respeitar os limites e os interesses dos outros, inevitavelmente.
Segundo Hülshoff, professor titular das cadeiras de medicinal social e de fundamentos médicos de pedagogia terapêutica na Escola Superior Católica NW, de Mümster, Alemanha: “Da próxima vez que você se irritar porque alguém quer passar à sua frente na fila, basta que você expresse essa irritação. Mas sinalize também ao outro sua disposição conciliatória. Se fizer isso, terá boas chances de esclarecer de forma sensata o conflito e de resolvê-lo. A irritação, é de se supor, vai desaparecer – ela já terá cumprido sua função” (Louco de raiva. Revista Mente&Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 73).
            Nestes últimos dias do ano de 2012 reserve um tempo para refletir quanto ao que você pode fazer quanto à emoção da raiva ou do ódio. Procure por medidas práticas, não agressivas, para que você tire bom proveito de qualquer coisa que o/a irrite.

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