Não é novidade
para ninguém que a depressão a que os professores estão sujeitos, muitas vezes
causada pela irritação vivenciada no exercício do magistério, é uma realidade
que precisa ser enfrentada com todas as nossas energias, ao menos para ser
compreendida em sua exata medida, como também, o seu devido tratamento.
Lamentavelmente,
estranha-se, contudo, que há aqueles que não admitem que a irritação seja uma
das fontes geradoras do transtorno depressivo. Isto se verifica entre os
responsáveis pela administração do processo de ensino-aprendizagem, quer de escolas
públicas ou privadas, pois muitos de seus programas, resoluções e portarias se
ocupam de meras questões burocráticas e, mais graves, pelas descabidas omissões,
revelando uma verdadeira sabotagem ao próprio sistema de educação, gerando prejuízos
não somente humanos, aos professores e funcionários das escolas, aos alunos a
quem os programas se dirigem, em alguns casos irreversíveis, pois não são insignificantes
os casos de suicídio, como também, financeiros, devido aos altos índices de absenteísmo
e licenças médicas, a quem têm direito os pacientes.
Sabemos que não
é possível viver sem que absolutamente nada nos irrite, mas participar de um
ambiente no qual a irritação é constante, durante horas, pode tornar enfadonho
a realização de qualquer trabalho, e em especial aquele que envolve uma relação
interpessoal tão intensa, como o de ensinar.
Mas, como compreender
quando a irritação chega à agressão física e/ou verbal entre os alunos e seus
colegas, ou entre os mestres e alunos, de tal modo a prejudicar a relação aluno-aluno
e professor-aluno, como a imprensa veicula com certa frequência, a ponto de
provocar um distanciamento físico e emocional, porque ambos os lados ficam
dominados pelo sentimento da raiva?
É preciso, antes
de tudo, verificar os motivos, às vezes, inconscientes, que levam a esta
situação.
Conforme o professor
titular das cadeiras de medicina social e de fundamentos médicos de pedagogia
terapêutica na Escola Superior Católica NW, de Münster (Alemanha), Thomas
Hülshoff: “Do ponto de vista psicológico nos irritamos sempre que não
conseguimos atingir um objetivo, satisfazer um desejo ou quando nossa
autoestima é atacada” (Louco de raiva. Revista Viver Mente&Cérebro. São
Paulo: Duetto Editorial, Nº 140, 2004, p. 68).
Quer dizer, por
que nos agredimos: porque vemos frustradas as expectativas pessoais, ou as que
foram estabelecidas pelos burocráticos; por que sentimos ameaçado o poder que
presunçosamente acreditamos possuir sobre o conteúdo das aulas ou sobre as
próprias pessoas; ou, por que queremos restabelecer a nossa autoestima, movidos
por vingança?
Entretanto,
Hülshoff adverte: quanto mais claro comunicarmos que estamos irritados com
alguma coisa, menores as chances para os conflitos agressivos e/ou violentos.
Além de cumprir
as demais obrigações, cabe aos professores mais esta tarefa: para não ficarmos
deprimidos, precisamos ajudar aos alunos, aos colegas e, quem sabe, até aos
responsáveis pelo cumprimento das obrigações burocráticas, e por fim, a nós mesmos, a comunicar se estão irritados.
‘Tá nervoso?’ Fale, não se cale!
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