Vinícius de
Moraes nasceu no dia 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro. Lá se vão 100
anos.
Poeta,
diplomata, escritor, jornalista, letrista, dramaturgo, cronista, compositor,
intérprete e ..., Vinícius, acima de tudo um apaixonado pela vida e por tudo
que ela oferece, mas em especial as pessoas: amigos, operários, artistas,
intelectuais, gente humilde, boêmios, e é claro, mulheres – “com todas delicado
e atento”, até mesmo com as “feias”, e quando as abandonava.
A
paixão o levou a experimentar altos e baixos, quer dizer, todas as suas
dimensões; conheceu o céu e o inferno do amor, e como disse: “Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se
cavaleiro e ser de sua dama por inteiro”.
“Vinícius
é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer,
da poesia em estado natural”, conforme Carlos Drummond de Andrade (CASTELLO, J.
Vinícius de Moraes: O poeta da paixão: uma biografia. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994, p. 11). Como afirma C. G. Jung (1875-1961): “O poeta é, por assim
dizer, idêntico ao processo criativo, tanto faz que ele se tenha colocado
deliberadamente à frente da moção criadora ou que esta o tenha tomado por
inteiro como instrumento, fazendo-o perder qualquer consciência deste fato. Ele
é a própria realização criativa e está completamente integrado e identificado
com ela com todos os seus propósitos e todo o seu conhecimento” (O espírito na
arte e na ciência. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 61).
O
“poetinha” se deixou ser experimento das emoções, servindo-nos de sinal quanto à
necessidade de colocar a intelectualidade em seu devido lugar. Aliás, esta era
usada para produzir imagens de seu estado de alma. Assim ele declarou: “Acho
que o amor que constrói para a eternidade é o amor-paixão, o mais precário, o
mais perigoso, certamente o mais doloroso. Esse amor é o único que tem a
dimensão do infinito” (LISPECTOR, C. De corpo inteiro. Rio de Janeiro: Rocco,
1999, p. 18).
Para
Jung: “Nada é mais nocivo e perigoso para a vivência imediata do que o
conhecimento” (idem, p. 66). Não são ideias que mudam o mundo, mas a arte que
transcende qualquer compreensão consciente e, quanto melhor, quando se dirige
contra a norma estabelecida pela racionalidade, que precisa ceder lugar à
fenomenologia psíquica, a criatividade, a gênese de toda ciência.
Nada
mais influenciava Vinícius Moraes. A criatividade em forma de poesia o levou a
servir a humanidade. A criatividade foi a sua maior paixão, sua única e
exigente “dama”. Ele escreveu: “Porque a poesia foi para mim uma mulher cruel
em cujos braços me abandonei sem remissão, sem sequer pedir perdão a todas as
mulheres que por ela abandonei. (...) Porque haverá nos olhos, na boca, nas
mãos, nos pés de todos uma ânsia tão intensa de repouso e de poesia, que a
paixão os conduzirá para os mesmos caminhos, os únicos que fazem a vida digna:
os da ternura e do despojamento” (MORAES, V. Para viver um grande amor:
crônicas e poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 171).
Devo
registrar que a minha inspiração hoje foi o texto de Dulce Helena Rizzardo
Briza, analista didata e autora de referências da psicologia analítica,
encontrado em: Vinícius, o poeta do amor; Jung, o poeta da alma (Cadernos
Junguianos, Associação Junguiana do Brasil. nº 5, setembro. São Paulo: 2009,
pp. 44-57).
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