A festa de Carnaval proporcionou um
encontro com o seu lado oposto, tenha você se fantasiado, ou até mesmo,
participado de algum retiro espiritual. O encontro com o seu lado oposto tem
muito a comunicar a você.
Considere
o Carnaval como uma oportunidade dos instintos, mais íntimos, oferecerem
elementos que podem ampliar a sua consciência; saber um pouco mais quem se é. Trata-se
de outra maneira de ter contato e desenvolver a capacidade de julgar, cuidando
para não ser levado por opiniões coletivas, de se identificar com a fantasia a
ponto de fundir-se com ela, ou de depreciar a si mesmo, porque não fez uma boa
escolha do ponto de vista estético ou, por considerá-la incompatível com o que
pensa a seu respeito. “Não é o reconhecimento do produto individual, mas sua
apreciação subjetiva, a compreensão do seu significado e do seu valor para o
sujeito”, que mais importa, conforme C. G. Jung (A natureza da psique.
Petrópolis: Vozes, 2000, p. 17).
Se
considerar incompatível, por tratar-se de conteúdos irracionais, indesejáveis
ou inesperados, é porque ou se empenhou em desconsiderá-la ou porque inibiu
seus significados. Ainda para o próprio Jung: “Só uma parte diminuta dos
conteúdos é de valor extraordinário, seja do ponto de vista coletivo seja do
ponto de vista subjetivo. Conteúdos destituídos de valor coletivo podem ter um
valor imenso, quando considerado sob o ponto de vista individual” (idem, p.
18).
Neste
caso, mais importa aquilo que você considera como significativo para a sua
própria vida, sem se importar com a sensibilidade do resto da sociedade, pois
se tratam de conteúdos de tonalidade afetiva próprios.
Leve
em conta que a sua fantasia, como expressão do inconsciente pessoal ou
coletivo, trata-se do lado oposto ao que se pensa, propondo um confronto para
levá-lo(a) a compreender o seu valor como fator para enriquecer a sua vida.
Neste momento, segundo Jung: “O ego se acha confrontado com um fato psíquico,
um produto cuja existência se deve principalmente a um evento inconsciente, e
por isto se encontra, (apenas) de algum modo, em oposição ao ego e as suas
tendências” (idem, p. 20).
Quanto
mais numerosas forem as sugestões que a fantasia lhe sugerir, melhor, pois são
aspectos que precisam ser assimilados à consciência, tornando a vida mais
interessante e, distante de atitudes unilaterais responsáveis por transtornos
mentais indesejáveis, dos quais gostaria de se libertar. Está em questão a
renovação da personalidade em todos os domínios da vida.
É
importante ouvir o que o lado oposto tem a dizer. Escrever o que “o/a outro/a”
tem a dizer, é um método recomendado por Jung. Os pontos de vista do outro/a,
ainda que contrastantes, precisam ser comparados e discutidos, a fim de
distingui-los de você mesmo, mas enriquecendo-o/a.
Comece
perguntando: Que influência a fantasia exerce sobre mim?
Neste
processo, não basta ser inteligente. É necessário ter autoconfiança e coragem,
menos escrúpulos espirituais ou moralistas, e menos ainda, preguiça ou
covardia. Antes, encontre a coragem de ser o que se é. E, não tente aplicar as
conclusões a que você chegar a outras pessoas, porque cada um tem a sua própria
psicologia.
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