“Fica difícil esperar evolução com Fred
apagado, Paulinho atrasado, Ramires perdido, Marcelo desengonçado, Oscar
atrapalhado, e até Neymar distraído. Quem arma? Agita, Felipão!”, assim
comentou Antero Greco no Estadão (18.06.14, p. E4), sobre o jogo Brasil e
México, na última terça-feira (17.06), que terminou no zero a zero.
Greco
contribui para refletirmos no seguinte: no jogo da vida nem sempre apresentamos
aquilo que desejamos ser; nem sempre é possível sermos eficientes em nossas
obrigações. Parece que há momentos que uma parte nossa se delicia em ser
prática, enquanto que outra se deixa levar por intuições que anseiam por algo
que está faltando, deixando-nos atrapalhados.
Na primeira
metade da vida ocupamo-nos em construir uma carreira que nos assegure algum
conforto, encontrar companheiros que nos acompanhe pela vida, sustentar a
família, realizar as tarefas que a maioria das pessoas espera de nós como se as
dificuldades não existissem, como se viver fosse um movimento vigoroso,
ascendente, promissor, apenas, de recompensas. Esforçamo-nos, cada vez mais, em
melhorar nossa capacidade de ganhar dinheiro, sermos mais disciplinados, mais
dedicados e mais produtivos economicamente.
Entretanto, este
movimento nos torna, perigosamente, unilaterais – quer dizer, deixamos de lado
tudo aquilo que somos, que sentimos que pode nos atrapalhar a alcançar os
objetivos que estabelecemos com prioridade, como: formação acadêmica, exercício
profissional e uma personalidade bem sucedida.
Quando chegamos
em um momento da meia-idade (30-35 anos de idade), a psique nos apresenta
componentes que transcendem àqueles que acreditamos possuir, que julgamos
suficientes, nos leva a buscar o que é autêntico, verdadeiro e significativo. É
como se uma vida não vivida se erguesse de dentro de nós, exigindo nossa
atenção. É a psique que nos leva a sentir que não dá mais para continuar
apagados, atrasados, perdidos, desengonçados, atrapalhados e distraídos com nós
mesmos. E, se insistirmos nesta condição, o resultado é: pesar, frustração,
medo, ansiedade, depressão, raiva, angústia, revolta, ressentimentos, pânico,
tédio e decepção.
Na meia-idade
ouvimos a vida não vivida segredar em nossos ouvidos interiores: “Eu teria
que...”; “Eu poderia...”; “Eu deveria...” - acerca das escolhas feitas na vida.
Muitas capacidades não foram desenvolvidas a contento, alguns talentos foram
enterrados, outros tantos, simplesmente, foram subdesenvolvidos. Não importam
as conquistas já realizadas, sempre há algo de nós mesmos que deixamos para
trás, que não foi vivido. É quando se percebe que a vida não foi plenamente
realizada.
“Na segunda
metade da vida, a fome dos pedaços que estão faltando, em geral, torna-se
acentuada. Começamos a perceber que o tempo está se esgotando. Então, quase
sempre começamos reorganizando as coisas no exterior. Tais mudanças nos
distraem por algum tempo, mas o que é realmente exigido é uma mudança de
consciência” – opinam Robert A. Johson e Jerry M. Ruhl (Viver a vida não
vivida. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 22).
Os jogadores da
Seleção Brasileira expõem nossas mais verdadeiras projeções, nossos potenciais
de grandeza, mas também, nossas poderosas fraquezas. Cabe-nos conscientizar-nos
das nossas e, eles as deles. Esta é a “agitação” necessária!
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