Inacreditável. Impensável. Inesperado. Vexame.
Surra. Desastroso. Escandaloso. Inconcebível. Desespero total. Catastrófico.
Grande humilhação. Derrota estrondosa, acachapante. Estrago inominável.
Arrasador. Estupefação completa. Devastador.
Assim
foi descrita a maior derrota já sofrida pela Seleção Brasileira em 84 anos de
Copa do Mundo. Sete a um, frente à Seleção da Alemanha, será assunto durante
muito tempo. Se depender do Bild, jornal de maior circulação no país germânico:
“Uma vitória para a eternidade”.
Entretanto,
depois de ouvir, ler e meditar sobre algumas opiniões, muitas delas lembram o
discurso que pais, mães e outros familiares dirigem aos filhos, netos, maridos,
esposas e/ou irmãos quando apresentam algum “mal comportamento”.
Por
exemplo: “Essa seleção jogou a história do Brasil no lixo”, afirma Robson
Morelli em seu blog, e concluiu: “Não foram 10 minutos de pane. Foram 10 anos
de estagnação, de jogadores que não atuam mais com a ginga do brasileiro, de
treinadores que se perderam na vontade
de ganhar a qualquer custo, de equipes montadas e desmontadas quase no mesmo
dia, de dirigentes que pararam no tempo, de
um futebol que não nos pertence. Empobrecemos em campo”.
Leia
em voz alta, com entonação de advertência e de raiva, que soa muito próximo
daquilo que milhões de brasileiros ouvem todos os dias em suas casas, das
pessoas mais próximas e íntimas que têm durante toda a vida. Algo parecido com:
“Eu não esperava isso de você. Você viu o que fez? Como você explica isto? Não,
não tem explicação!” Mas, não para aí: “Não foi isto que te ensinei. Onde foi
que eu errei? Perdi toda a confiança em você. Você acabou com a nossa família.
Que vergonha! Não dá para esquecer o
quê você fez! Com quê cara vou enfrentar os meus amigos, os vizinhos? Eu não
sei o que faço com você! E, agora, como vai ser daqui pra frente?”
É
provável que você já tenha ouvido alguma coisa parecida com isto. E, ao invés
destas palavras apontarem alguma saída das dificuldades que você se encontrava
ou se encontra, aumentam ainda mais a sensação de desorientação, desespero,
humilhação, frustração, derrota, arraso, fracasso, fraqueza, falência.
É
possível reverter o placar 7 a 1. C. G. Jung diria: “Infelizmente, não se pode
negar que o homem como um todo é menos bom do que ele se imagina ou gostaria de
ser. Todo indivíduo é acompanhado por uma sombra, e quanto menos ela estiver
incorporada à sua vida consciente, tanto mais escura e espessa ela se tornará. Uma
pessoa que toma consciência de sua inferioridade, sempre tem mais possibilidade
de corrigi-la. Essa inferioridade se acha em contínuo contato com outros
interesses, de modo que está sempre sujeita a modificações. Mas quando é
recalcada e isolada da consciência, nunca será corrigida. [...] A sombra é
simplesmente vulgar, primitiva, inadequada e incômoda, e não de uma malignidade
absoluta. Ela contém qualidades infantis e primitivas que, de algum modo,
poderiam vivificar e embelezar a existência humana” (Psicologia e religião.
Petrópolis: Vozes, 1987. pp. 81 e 83).
Nenhum comentário:
Postar um comentário