segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Criatividade


            Em todo o tempo precisamos das pessoas – familiares, amigas, e desconhecidas. Basta o surgimento de uma necessidade para as envolvermos ao nosso redor. Na maioria das vezes, só percebemos o quanto as mobilizamos somente depois de passar pelo que nos acontece.
            Desde os preparativos para uma cirurgia a que me submeti há uns dez dias, envolvi mais de quarenta pessoas entre médicos (alguns amigos), funcionários e técnicos do setor da saúde da cidade, aos quais digo: muito obrigado!
            De todos e à maneira de cada um recebi carinho, respeito e atenção. Além disso, percebi que a integração de suas atitudes contribuiu para um bom resultado, apesar dos naturais desconfortos da recuperação.
            Mas, por que me ofereceram tudo isto?
Para mim foi muito mais do que a eficiência no cumprimento de suas obrigações, treinamento profissional ou acesso às melhores ferramentas tecnológicas.
Tanto eles quanto eu estávamos e continuamos sujeitos a todo tipo de necessidades, tanto do corpo quanto do espírito, às quais não temos como opor resistência alguma, senão nos submetermos.
Nossas necessidades desafiam nosso lugar no mundo; só a energia de lidarmos com elas pode nos salvar.
Tal energia é a nossa criatividade.
Criatividade é mais que inteligência.
Criatividade é a capacidade de buscar as melhores ideias para o atendimento de nossas necessidades; é não seguir códigos formatados que se impõem com tanta força e que ameaçam a nossa liberdade; é a capacidade de empreender ideias para o cumprimento de nossas tarefas em meio a tantas necessidades que nos envolvem, e que nos fazem ocupar bem ou mal nosso lugar neste mundo. Quanto melhor nos relacionarmos com a capacidade de ter ideias próprias e segui-las, melhor desempenhamos nossas funções.
A energia da criatividade é inconsciente, pois não é possível apreendê-la, posto que é livre.
Os antigos interpretavam-na como deixar-se ser conduzido por um “gênio” ou “espírito”.
Muitas mudanças significativas seriam provocadas na vida de todos nós se recuperássemos esta ideia, pois esta é a melhor maneira de nos relacionarmos com nós mesmos, por se tratar de nosso mais íntimo companheiro que nos ajuda, orienta e inspira em todas as nossas necessidades.
Isto explica porque algumas pessoas pareceram-me bem à vontade e espontâneas no atendimento de minhas necessidades, executando suas tarefas com gentileza, carinho, atenção, respeito, e algumas com um sorriso nos lábios.
Faxineiros e cozinheiros do hospital, enfermeiros dos turnos da noite e do dia, secretárias, atendentes dos laboratórios, médicos, e alguns amigos e familiares continuem atendendo à voz de seus “gênios”. Quanto a mim, vou procurar ouvir mais ao meu.

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