Buscamos controlar o mundo ao nosso
redor. Não existe quem não deseja dominar as realidades que vive. Até o bebê
manipula a mãe pelo choro, a fim de ter as suas necessidades atendidas.
Somos
capazes de manipular grupos de pessoas, cidades, indivíduos e a natureza. O
problema é que nem sempre as consequências são positivas: grupos se massificam;
cidades, mal administradas; mulheres, escravizadas pelo sentido único da beleza
física; crianças são negligenciadas em seus direitos; negros, desprezados por
uma simples razão genética; e o ecossistema, explorado à exaustão de seus
recursos.
Nisto
nos deparamos com o outro lado da verdadeira face humana, ou seja, de que não
somos perfeitos e/ou bons – somos seres violentos, ausentes, desonestos,
corruptos, alheios a si mesmos e ao próximo.
Esta
situação nos traz uma questão: o homem é capaz de mudar? Até que ponto eu e
você somos capazes de alterar a nossa maneira de domínio?
A
resposta pode ser sim e pode ser não. Depende da apreensão que cada um faz da
realidade com que se depara. Isto é, como você e eu internalizamos o mundo que
nos rodeia. O que cada um de nós internalizou é crucial para determinar a
resposta.
O
que você apreende acerca dos grupos a que pertence, ou que conhece; da cidade
onde mora; das mulheres com quem vive; das crianças da sua família, dos
vizinhos e dos outros; dos negros; e da natureza que você ocupa?
A
relação que temos com estas categorias existenciais, a partir do que
apreendemos delas, determina até que ponto as manipulamos.
No
campo político é disto, principalmente, que as alianças político-partidárias estão
tratando em suas reuniões, e não apenas em como vencer aos pleitos eleitorais.
É
verdade que muitos a esta altura das convenções e definições dos partidos
políticos estão à procura de ações imediatistas, porque estão seduzidos pela
resposta que dão ao seu poder de manipular situações que envolvem a todos e a
tudo.
Os
eleitores precisam perceber que os candidatos já estão manipulando
pessoas (familiares) e grupos (partidos) no processo de efetivação de suas
indicações, e durante a campanha eleitoral manifestarão publicamente como
pretendem dominar as situações a que estão e/ou estarão submetidos, caso sejam
eleitos, ou seja, até onde pode ir o seu poder de manipular a realidade em seus
cargos e funções?
Os
melhores candidatos são aqueles que admitem que o que está em jogo é a sua
resposta a estas questões: qual o valor que tenho internalizado acerca das
mulheres, das crianças, do ecossistema, dos negros, dos jovens desempregados,
dos homossexuais, das prostitutas, do empresário que retém por fraude o salário
de seus funcionários, da elite que faz exigências do poder público em troca de
favores que significam prejuízo social, principalmente dos menos favorecidos?
A
resposta a estas e outras questões determinará que tipo de ação política pode
ser esperada, e certamente será empreendida pelos eleitos, conforme o que têm
internalizado a respeito das várias situações da vida.