terça-feira, 3 de julho de 2012

Corruptos: quem são eles?


            Quando o assunto é corrupção a única certeza de que se tem é quanto aos seus significados éticos e morais: suborno, depravação, desmoralização, devassidão. Contudo, quando se busca compreender suas causas e origens, as opiniões se divergem.
            Segundo os estudos psiquiátricos o corrupto sofre de transtorno de personalidade antissocial, possui um senso ético pobre, uma fraca assimilação da moral estabelecida e é de difícil tratamento, devido à má formação de áreas cerebrais que favorecem a percepção de limites no convívio comunitário. Pessoas com este perfil demonstram ativação reduzida do córtex medial pré-frontal, área cerebral responsável pelas nossas escolhas pessoais e sociais.
            Na opinião da psiquiatra forense Hilda Morana, coordenadora do departamento de Psiquiatria Forense da Associação Brasileira de Psiquiatria: “Estatísticas recentes apontam que cerca de 15% da população mundial é afetada por transtorno. Entre todos os casos, os mais graves, que podem responder por crimes mais sérios, orbitam entre 1% e 2% desses indivíduos. Estes, quase que obrigatoriamente, cometerão atos cruéis de algum tipo: grandes golpes que podem afetar muitas pessoas, torturas, assassinatos bárbaros para obtenção de fortunas, etc”, além disso a doença tem um caráter hereditário” (Revista Ciência & Vida Psique. Ano IV, nº 44, p. 39).
            Se o diagnóstico pode ser realizado em exame tomográfico por ressonância magnética funcional (TRMf), capaz de registrar a atividade magnética do cérebro, podendo concluir se o caso é de “leve” a “muito grave”, o prognóstico não assegura sucesso devido à interação com os fatores ambientais que favorecem tal comportamento, sendo estes mais uma das causas ou origens da corrupção. Basta haver possibilidades de ganho de alguma vantagem pessoal associadas às mínimas chances de alguma punição, para desencadear ações típicas. Se o indivíduo vive num contexto social que não condena quaisquer atos de corrupção, e é portador de algum déficit no funcionamento cerebral, tem todas as possibilidades para desenvolver o transtorno.
            A sensibilidade moral e ética é uma percepção que se aprende e se desenvolve, e caso haja algum impedimento no processo, o transtorno de personalidade pode se instalar.
            Segundo o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Hospital das Clínicas da USP (São Paulo), alguns fatores como “uma criação muito permissiva ou limites morais e éticos muito frouxos” contribuem para o surgimento desta psicopatia.
            Figueiró ajuda-nos a compreender porque este problema não tem cura: “O portador nunca busca tratamento”. E, avisa: “Ambientes extremamente permissivos e com acesso a muito poder, marcados pela impunidade, que são típicos da paisagem política brasileira, normalmente favorecem o surgimento do personagem corrupto. A única forma de combater o quadro são medidas de contenção externas, como a vigilância e a punição. Em situações onde os delitos praticados são punidos de fato, os portadores do transtorno tendem a se portar melhor” (Revista Ciência & Vida Psique. Ano IV, nº 44, p. 41).
            O histórico familiar e pessoal dos candidatos aos cargos administrativos e legislativos da cidade são mais importantes que suas promessas eleitoreiras.

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