domingo, 26 de maio de 2013

Abuso sexual, o que fazer?

São evidentes as consequências sociais, morais, econômicas, psicológicas e institucionais que todas as formas de violência nos provocam; por isso, toda a sociedade se debruça sobre o tema na tentativa de compreender suas causas, e estabelecer critérios que visam aumentar a consciência das pessoas quanto às ações em seu combate.
Quanto à violência sexual contra crianças e/ou adolescentes não é diferente.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS): “Abuso sexual infantil é o envolvimento de uma criança em atividade sexual que ele ou ela não compreende completamente, é incapaz de consentir, ou para a qual, em função de seu desenvolvimento, a criança não está preparada e não pode consentir, ou que viole as leis ou tabus da sociedade. O abuso sexual infantil é evidenciado por estas atividades entre uma criança e um adulto ou outra criança, que, em razão da idade ou do desenvolvimento, está em uma relação de responsabilidade, confiança ou poder” (Consultation on Child Abuse Prevention. Geneva: WHO, 1999, p. 7).
Quer dizer: a violência sexual se dá na tentativa de estabelecer uma relação construída sobre a desigualdade, a dominação, a opressão, a exploração, a violação do direito à liberdade do outro ter a sua própria história, e ainda, que as vítimas permaneçam silenciosas e passivas.
Neste sentido, visando a garantia dos direitos humanos, em fortalecer a cidadania por meio do controle social e de um Estado responsável, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) afirma: “Violência sexual é violação aos direitos humanos fundamentais” (Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2009, p. 15).
Se olharmos para as estatísticas divulgadas pelas mídias nos últimos dias, acerca do Dia Nacional de Luta Contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o panorama que se desenha é semelhante a de um cenário de guerra, e o trabalho a ser realizado, portanto, é de reconstrução de valores morais, éticos, psicológicos e espirituais, para desfazer a ideia da “coisificação” do outro, e do resgate da integridade física, moral, cultural, psicológica e espiritual da vida.
No caso dos abusadores, entre algumas medidas, por exemplo, tal reconstrução se dá por assimilar à consciência os elementos que os levaram a buscar relacionamentos baseados no poder e controle sobre as pessoas de quem se aproximam; lidar, consciente e propositalmente, quanto ao rebaixamento dos níveis ou sobre a perda de controle sobre os seus impulsos e a sua ansiedade; na alteração dos ambientes sociais em que vivem; consultas médicas psiquiátricas e psicoterápicas.
Entre as vítimas devemos buscar os meios de lidar com os sentimentos de culpa e de vergonha; reabilitar a confiança em pessoas do mesmo sexo que o agressor; que podem explorar seus recursos internos na preservação de sua integridade física e psicológica, e contam com uma rede de proteção, talvez desconhecida ou não inacessível. É preciso, porém, observar que este trabalho precisa ser realizado por pessoas especializadas, para evitar causar maiores danos às vítimas.
Mas, a sociedade precisa participar de todos os esforços de prevenção à violência sexual, recusar todas as formas e atitudes de tolerância ou aceitação deste comportamento, inclusive nas piadas a respeito, e colaborar com os programas públicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário