domingo, 24 de agosto de 2014

Marina Silva, cuidado com as raposas do poder

            O debate político “intramuros” no PSB provoca-nos uma reflexão necessária.
Mais do que uma disputa pelo legado de Eduardo Campos (1965-2014), morto no trágico acidente aéreo na cidade de Santos/SP, no último dia 13 de agosto, o que está em jogo, a depender das posições assumidas pelos partidários, é o jogo pelo poder.
De um lado temos: “Ela (Marina Silva) vai ter que repensar essa posição dela (uso da sua imagem junto de outras legendas partidárias a que se opôs, compromisso assumido pelo então candidato Campos). Ela tem que aceitar esses comitês, os palanques que o partido construiu, principalmente em São Paulo. Ela tem que assumir os compromissos de base do partido. Que ela respeite as alianças construídas pelo Eduardo Campos, que ela respeite o programa do partido que nós elaboramos e que ela faça cessões para que ela possa ser candidata”, afirmou o prefeito de Marília (O Estado de São Paulo: 16.08, A8). “Agora é hora de ela baixar a bola e fazer campanha”, segundo o coordenador regional da campanha do partido na cidade de Araçatuba.
Tais divergências exigem que a sociedade brasileira se aproxime de seus afetos pessoais e coletivos mais débeis, obscuros, inconscientes e enganadores que determinantemente atuam em nós, e mais ainda, vivenciam-nos, afastando-nos de um voto mais conscientemente racional possível.
Desde 2008, Marina Silva, lúcida, convicta e diferencialmente, expõe-nos suas intenções num jogo político caracterizado pela imoralidade dos interesses pessoais à custa dos interesses coletivos. À época afirmou: “O sentido da política é a liberdade. Os cidadãos e cidadãs estão criando uma política viva, na academia, nos movimentos culturais, no consumo consciente, na internet, nas empresas nas ONGs, nas igrejas. O grande desafio da democracia é criar espaços múltiplos de participação política, nos quais os partidos sejam parceiros e não guias. Os homens, enquanto puderem agir, são aptos a realizar o improvável e o imprevisível. É o que a sociedade brasileira está fazendo. E os partidos ainda não se tocaram” (Folha de São Paulo: http://www1.folha. uol.com.br/fsp/opiniao/fz2807200806.htm).
Faz-se imprescindível o mínimo respeito por seu posicionamento, ao menos para verificar se não faz mais sentido, se quisermos que as ideias e os ideais para um governo suficientemente bom, conforme as propostas programáticas que nos serão apresentadas, não se percam sob as nuvens espessas do complexo de poder que ronda alguns representantes do partido, bem como do eleitorado.
“Há raposas em todos os partidos – no PT, no PSDB e também no PSB – em busca dos destroços e holofotes. Querem decifrar a caixa-preta dos eleitores órfãos e herdar os votos da terceira via”, lembra-nos Ruth de Aquino, colunista da revista Época (nº 846, p. 106).
Marina Silva, cuide das raposas do poder que rondam ao seu coração, e dos seus correligionários!
E, eu e você, também. Cuidemos de nosso lado raposa que desejam o poder pelo poder, se não quisermos que uma boa oportunidade de preservar, em todos os sentidos, o nosso País, não seja desperdiçada. 

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