O
amor está no ar – repetidas vezes ouvimos essas palavras, como um mantra,
especialmente, no Dia dos Namorados.
O
amor está no ar - sobrevoando aos nossos corações no frescor da manhã, no calor
da tarde, na umidade fria da noite.
O
amor está no ar - quer no ardor da concupiscência, do forte e incontrolável
desejo carnal, quer na mais amena afeição.
O
amor está no ar, posto ser onipresente e onipotente, pois compartilha da
natureza dos deuses, daí provocar nossas homenagens ou praguejamentos.
O
amor está no ar, pois envolve-nos por dentro e por fora, arrebata aos mais
intensos êxtases; domina-nos, toma-nos como objetos e/ou como vítimas.
O
amor está no ar, tira-nos do ar, nos deixa sem ar, sem fôlego.
O
amor está no ar, visto ser de caráter abstrato, como nos recomenda os
Evangelhos: “Acolhei uns aos outros, como também Cristo vos acolheu para a
glória de Deus” (Romanos 15.7).
“Psicologicamente
isto quer dizer que a libido, como força do desejo e do anseio, em sentido mais
amplo como energia psíquica, em parte está à disposição do eu, mas em parte se
mantém autônoma com relação a ele e, eventualmente, o domina a ponto de o levar
involuntariamente a uma situação de emergência, ou então lhe desvenda uma
inesperada e adicional fonte de energia”, afirma Carl Gustav Jung (Símbolos da
transformação. Petrópolis: Vozes, p. 58, § 98).
É
preciso, portanto, se deixar ser influenciado ou dominado por esta energia
autônoma, que denominamos “amor”.
São
infinitas as possibilidades de encontrarmos alguém para amarmos e de sermos
amados. Só não passa por essa experiência aquele que é incapaz de direcionar
sua libido às coisas e às pessoas, além de nós mesmos.
O
amor está no ar: significa que em todos os momentos nos deparamos com coisas e
pessoas que nos estimulam a ver o quanto é viva e bela a existência; é preciso
deixar-se tocar pelo outro, não resistir.
Na mesma obra,
Jung escreve: “A
resistência ao amor produz a incapacidade ao amor ou é a incapacidade que atua
como resistência. Assim como a libido é um fluxo perene que despeja suas águas
na amplitude do mundo da realidade, a resistência, encarada de forma dinâmica,
não é como uma rocha que se ergue acima do leito do rio, constantemente banhada
e rodeada pelo fluxo das águas, mas uma correnteza contrária, que flui para a
nascente ao invés de fluir para a foz. Uma parte da alma quer o objeto externo,
mas a outra quer voltar ao mundo subjetivo, onde nos acenam os palácios leves e
facilmente construídos da fantasia” - (pp. 158-159, § 253).
(Sílvio
Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à
Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International
Association for Analytical Psychology - Fones:
99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)
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