segunda-feira, 29 de junho de 2015

Viva o cinema!

         
No próximo dia 28 de dezembro, o mundo celebrará 120 anos de cinema. Na ocasião uma plateia de 33 pessoas assistia a primeira projeção de cinema, dos filmes: “A saída dos operários da fábrica” e “A chegada do trem na estação de Ciotat”, no Salão Egípcio do Grand Café de Paris, dos irmãos Auguste e Louis Lumière.
O cinema excita a infinita diversidade de aspectos da nossa alma, que a razão, sozinha, não consegue. “A riqueza dos filmes, sua sonoridade, imagens, dinamismos e enredo nos levam aos recônditos de nossa alma e, muitas vezes, sem nos apercebermos, eles nos afetam e nos transformam”, segundo Dulcinéa Monteiro, organizadora do livro “Jung e o cinema: Psicologia Analítica através de Filmes” (Curitiba: Juruá, 2013).
O cinema é a síntese de todas as artes. O cinema reúne, recria e difunde todas as demais expressões artísticas. A Sétima Arte emprega a música, a poesia, a fotografia, a literatura, a pintura, a escultura e a arquitetura em seus argumentos.
“Sem as ciências, a física e a química, a tecnologia ou a informática, o cinema não tem base material em que se sustente. O cinema, conduz a tecnologia até a arte, reproduz a luz e a cor, eleva o movimento e o ritmo às alturas das artes chamadas ‘nobres’, para gerar a fantasia, a ficção e a realidade”, conforme a analista junguiana chilena Claudia Grez Villegas (Los puentes en el cine: símbolos arquetípicos de cruce entre fronteras. Temátikas Junguianas. Vol. II. 2ª. Ed. Sociedad Chilena de Psicologia Analítica (SCPA). Santiago (CHL): Mayo, 2015, p. 86).
Mais que contar histórias de entretenimento, o cinema coloca-nos em contato com aquilo que não somos conscientes a respeito de nós mesmos; move-nos nessa direção; através dele, nossos afetos conscientes e inconscientes são mobilizados. Como diz Jung: “O cinema, como o romance policial, tornam-nos capazes de viver sem perigo todas as nossas excitações, fantasias e paixões” (Civilização em transição. 3ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 93. Vol. X/3, § 195). O cinema nos fascina.
O cinema é mais um recurso para ampliar a compreensão de nós mesmos. Ao ver o que se passa com as personagens é possível perceber que não é muito diferente o que aconteceria com a gente, em nossas vivências pessoais e coletivas, mais íntimas, nossos amores, nossas emoções.
Cinéfilos ou apenas espectadores, o cinema não nos deixa indiferentes: “Como tela de projeção da nossa realidade, o cinema mesclou toda a beleza da arte com os arquétipos, os simbolismos da vida, o surreal, a complexidade das relações entre as pessoas e com os meandros da emoção da alma humana”, nos afirmam Myrma e Carlos Brandão, em “Jung e o cinema” (p. 188).
Para Jung: “Os filmes são bem mais eficientes que o teatro; são menos restritos, capazes de produzir símbolos espantosos para mostrar o inconsciente coletivo, já que seus métodos de apresentação são tão ilimitados. [...] Todas as imagens são representações simbólicas ou inconscientes de seus próprios complexos” (Análise de sonhos: notas sobre o seminário ministrado de 1928 a 1930. Curitiba: 1995, p. 5).

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

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