Como em tudo, a
melhor resposta a esta questão está com a protagonista da nossa história – a
alma humana. A principal função da alma é buscar um sentido para tudo que nos
acontece. Não há situação, individual ou coletiva, sem propósito. Se não o
percebemos, sofremos.
Viver em cidade
é um dos mais antigos projetos humanos cercado de problemas. Atualmente, se os
temas do desenvolvimento e da sustentabilidade das atividades humanas se
revelam incontornáveis fica demonstrado a fragilidade deste projeto, quase
universal. Sem proteção e sem liberdade não é possível viver na cidade.
A
cidade sem proteção é uma cidade violenta. A cidade sem liberdade é uma cidade
injusta. A violência gera ódio, desrespeito, constrangimento de todos os tipos.
A injustiça deturpa as relações uns com outros.
Uma
cidade sem proteção e sem liberdade define a quem se destina: aos políticos
corruptos e a cidadãos expurgados de seus direitos legais; aos marginais que
defendem a ampliação de suas áreas de atuação e a moradores que temem desfrutar
do espaço público se defendendo como podem; aos motoristas e motociclistas que
menosprezam as leis de trânsito, estressados pelas condições das ruas e
avenidas e indisciplinados na condução dos veículos, e a pedestres
desrespeitados e inseguros; aos habitantes mais aquinhoados porque se
consideram privilegiados pelas oportunidades que souberam aproveitar, e aos
outros moradores mais simples que se deixam ser explorados social e
economicamente; aos funcionários públicos descomprometidos com as funções a que
devem responder e aos cidadãos desassistidos em suas necessidades, muitas
vezes, básicas; aos prestadores de serviço aos doentes, aos jovens, aos idosos,
às crianças, negligentes de suas ocupações, e a pessoas mais frágeis e
entregues à própria sorte; aos empresários que abusam da confiança de seus
funcionários negando-lhes melhores salários e a cidadãos que buscam aliviar
suas preocupações em práticas de lazer que os mantém, ainda mais, alienados dos
seus direitos, como em programas de canais de televisão a que têm acesso, por
exemplo.
A
cidade que tem proteção é uma cidade estável. A cidade que tem liberdade é uma
cidade desenvolvida e próspera. A estabilidade gera confiança e esperança. O
desenvolvimento e a prosperidade promovem utopias (sonhos) e boas
oportunidades.
Uma
cidade com proteção e com liberdade define a quem se destina: a todos que
aplicam suas ideias na formação de um “mapa emocional” da cidade como um
organismo coletivo, vivo e dinâmico, a partir das impressões, ainda que
intuitivas, das emoções que ocupam a alma das crianças, dos jovens, dos adultos
e dos idosos em torno da vida urbana. Faz-se necessário promover debates em
torno do assunto para suscitar as verdadeiras fontes da democracia – o governo
do povo, para o povo.
A
quem se destina a nossa cidade? – é um questionamento que precisa ser
prioritário, especialmente, aos eleitores e candidatos.
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