domingo, 5 de agosto de 2012

A quem se destina a nossa cidade?

            O debate político-partidário travado na busca de eleitores pelos que pleiteiam cargos legislativos e administrativos da cidade passa necessariamente pela percepção suscitada por este questionamento.
Como em tudo, a melhor resposta a esta questão está com a protagonista da nossa história – a alma humana. A principal função da alma é buscar um sentido para tudo que nos acontece. Não há situação, individual ou coletiva, sem propósito. Se não o percebemos, sofremos.

Viver em cidade é um dos mais antigos projetos humanos cercado de problemas. Atualmente, se os temas do desenvolvimento e da sustentabilidade das atividades humanas se revelam incontornáveis fica demonstrado a fragilidade deste projeto, quase universal. Sem proteção e sem liberdade não é possível viver na cidade.

            A cidade sem proteção é uma cidade violenta. A cidade sem liberdade é uma cidade injusta. A violência gera ódio, desrespeito, constrangimento de todos os tipos. A injustiça deturpa as relações uns com outros.

            Uma cidade sem proteção e sem liberdade define a quem se destina: aos políticos corruptos e a cidadãos expurgados de seus direitos legais; aos marginais que defendem a ampliação de suas áreas de atuação e a moradores que temem desfrutar do espaço público se defendendo como podem; aos motoristas e motociclistas que menosprezam as leis de trânsito, estressados pelas condições das ruas e avenidas e indisciplinados na condução dos veículos, e a pedestres desrespeitados e inseguros; aos habitantes mais aquinhoados porque se consideram privilegiados pelas oportunidades que souberam aproveitar, e aos outros moradores mais simples que se deixam ser explorados social e economicamente; aos funcionários públicos descomprometidos com as funções a que devem responder e aos cidadãos desassistidos em suas necessidades, muitas vezes, básicas; aos prestadores de serviço aos doentes, aos jovens, aos idosos, às crianças, negligentes de suas ocupações, e a pessoas mais frágeis e entregues à própria sorte; aos empresários que abusam da confiança de seus funcionários negando-lhes melhores salários e a cidadãos que buscam aliviar suas preocupações em práticas de lazer que os mantém, ainda mais, alienados dos seus direitos, como em programas de canais de televisão a que têm acesso, por exemplo.

            A cidade que tem proteção é uma cidade estável. A cidade que tem liberdade é uma cidade desenvolvida e próspera. A estabilidade gera confiança e esperança. O desenvolvimento e a prosperidade promovem utopias (sonhos) e boas oportunidades.

            Uma cidade com proteção e com liberdade define a quem se destina: a todos que aplicam suas ideias na formação de um “mapa emocional” da cidade como um organismo coletivo, vivo e dinâmico, a partir das impressões, ainda que intuitivas, das emoções que ocupam a alma das crianças, dos jovens, dos adultos e dos idosos em torno da vida urbana. Faz-se necessário promover debates em torno do assunto para suscitar as verdadeiras fontes da democracia – o governo do povo, para o povo.

            A quem se destina a nossa cidade? – é um questionamento que precisa ser prioritário, especialmente, aos eleitores e candidatos.

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