Hoje
iremos às urnas manifestar o quanto ficamos afetados emocionalmente pelos
programas que os partidos políticos e os seus candidatos nos apresentaram.
Os sentimentos
oscilaram entre ojeriza e simpatia, escárnio e admiração, nojo e conforto,
ansiedade e tranquilidade, estarrecimento e segurança, temor e esperança,
repugnância e criatividade, chacota e respeito, insegurança e confiança,
alienação e interesse pelos problemas do País, irritação e disposição interior
para mudar, dúvidas e convicções, entre muitos outros.
Não podemos
anular a força dos afetos. São eles que nos apontam a direção para a qual nos
movimentamos, seja na vida pessoal ou social.
Tal como uma
bússola, os afetos nos dirigem política e socialmente.
Então, o momento
exige uma reflexão quanto à direção que estamos dando ao nosso País.
Será que sabemos
para onde os afetos podem nos levar? Sabemos o que fazer com eles? Sabemos o
que eles fazem com a gente? Será que os candidatos sabem o significado dos
afetos que os mobilizaram? Os afetos nos ajudarão a fazer uma boa escolha? Caso
tomemos uma direção errada, como corrigiremos? Permaneceremos numa postura
distante quanto às necessidades do País? E, quanto a nós mesmos, continuaremos
paralisados, ainda que os sentimentos nos sejam tão desagradáveis?
Quer dizer:
nosso voto pode representar o quanto devemos nos mobilizar para as mudanças que
o Brasil precisa, ou pode, simplesmente, ser uma manifestação de nosso mau
gosto neurótico, representado nos candidatos com os quais nos identificamos. A
escolha poderá corresponder àquilo que sentimos sobre nós mesmos, ou sobre o
quanto podemos fazer pelo nosso País.
A grande maioria
dos candidatos e dos eleitores se orientou de modo quase exclusivo pelo lado
“idealista” da vida: para o “amor” – sem ódio; para a “moralidade” – mas, sem
perceber a imoralidade pessoal; para a “honestidade” – mas sem considerar o
fato de que o lado obscuro da própria personalidade, precisamente nessa situação,
cada vez mais, pode tornar-nos cínicos ou no próprio ladrão, que queremos
combater.
Entretanto,
precisamos buscar por algo melhor e mais real – deixar-nos tocar por afetos
criativos, a partir do interior de cada um de nós, que podem transformar a sociedade.
A criatividade
está no relacionamento humano coletivo, mas tendo a forte percepção de que o
relacionamento coletivo tem suas raízes, em primeiro lugar, no relacionamento
com nós mesmos.
Precisamos
resgatar o respeito e o amor por nós mesmos. Só assim seremos capazes de
empregar nossa criatividade, que deixamos ser reprimida pela tecnologia
desespiritualizante de nossa época.
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