segunda-feira, 27 de outubro de 2014

E, daqui a quatro anos?

              Se existe uma questão realmente importante que temos de considerar neste momento da vida brasileira, envolvida em mais um dia de eleição, sem nos perdermos em questões religiosas, é a seguinte: E daqui a quatros anos, o(a) eleito(a) terá defendido quais interesses: egoístas, de grupos dirigentes ou da maioria da sociedade? Terá autocrítica e ajustada a sua consciência aos valores morais da administração da coisa pública? Será capaz de ir além dos processos eleitoreiros, isto é, perceberá as consequências das decisões que tomar quanto à aplicação dos recursos nos setores mais necessários à vida da maioria dos brasileiros? Exercerá seu mandato com discernimento ou como especialista em manipular as pessoas?
            Mas, e os eleitores: teremos aprendido com as escolhas políticas tomadas na ausência da reflexão? Perceberemos que não somos meras “unidades sociais” administradas, nutridas, vestidas, formadas e organizadas para a satisfação da massa, mas agentes de transformação social, graças à capacidade de decisão moral e de conduzir a própria vida?
            Para alguns, estas questões são inócuas, por não ser possível saber nada acerca do que se passará no próximo instante.
            Contudo, para Sigmund Freud (1856-1939), é possível e necessário fazermos esta reflexão.
            “As pessoas experimentam seu presente de forma ingênua, por assim dizer, sem serem capazes de fazer uma estimativa sobre seu conteúdo; têm primeiro de se colocar a certa distância dele: isto é, o presente tem de se tornar passado para que possa produzir pontos de observação a partir dos quais elas julguem o futuro. Quanto menos um homem conhece a respeito do passado e do presente, mais inseguro terá de mostrar-se em seu juízo sobre o futuro” (Freud. Abril Cultural, 1978).
            A reflexão de Freud é importante pelos seguintes motivos: Quando nos interessamos apenas pelo momento, sem perceber que a situação exige prudência e compreensão, principalmente quando o que está em jogo é o processo de massificação, o resultado pode ser frustrante, e nos levar a uma posição de inércia e desinteresse pela realidade social da qual não podemos fugir.
            Precisamos nos servir de “pontos de observação”, para que julguemos o futuro do País, levando em conta as condições atuais de vida, comparando com as do passado, e não resultados que intensificam ainda mais o sentimento de que somos apenas números estatísticos, mas como cidadãos responsáveis.
            O futuro é feito no presente, tendo como referência o passado, isto é, se quisermos que o nosso País seja melhor no futuro, temos de valorizar o que já foi conquistado.
            Daqui a quatro anos seremos menos inseguros ao julgar o futuro?

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