domingo, 4 de janeiro de 2015

“O futuro se prepara, muito tempo antes, no inconsciente”

Nossa vida resulta do infinito tesouro de imagens que carregamos em nosso inconsciente pessoal (que por vários motivos encontram-se esquecidas ou reprimidas), como também, aquelas que compõem o inconsciente coletivo (encontradas na mitologia, contos de fadas, nas artes em geral e em todas as religiões). Não só acessamo-las, mas principalmente, elas nos acessam.
Para James Hillman (1926-2011): “Não somos nós quem imagina, mas nós que somos imaginados” (Psicologia arquetípica: um breve relato. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 29). E, segundo C. G. Jung (1875-1961): “Tudo aquilo que se torna consciente é imagem” (Estudos alquímicos. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 55).
 “Pensamos” mais de dentro para fora. O que nos acontece no mundo externo tem seu início no mundo interno. Somos portadores de imagens que se apresentam em sonhos, fantasias e alucinações.
Em outras palavras: imaginar é a atividade principal da psique; ela “cria diariamente a realidade. Só encontro uma expressão para designar essa atividade: a fantasia. A fantasia tanto é sentir como pensar, tanto é intuitiva como perceptiva. [...] a fantasia me parece ser a mais clara expressão da atividade psíquica”, afirma Jung (Tipos psicológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987, p. 80, 81).
Refletindo quanto ao futuro que se aproxima na forma de um novo ano, somos influenciados e influenciamos a realidade que nos rodeia por imagens que habitam o inconsciente. “O futuro se prepara, muito tempo antes, no inconsciente”, nos diz Jung (Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 209).
A realidade exterior é gerada a partir da realidade interior.
Tanto as dificuldades quanto as suas soluções que todo o mundo atravessa passam pela atividade do inconsciente, cuja energia provoca encontros construtivos e/ou arrasadores, realizações promissoras e/ou destrutivas, transformações integrativas e/ou caóticas, direções harmoniosas e/ou conflituosas.
Tudo que dá certo e aquilo que dá em nada; os caminhos incertos e as pessoas erradas que nos acompanharam; os acontecimentos e o que nunca aconteceu; tudo que mudou e tudo que nunca mudará integram nosso mundo interior. Tudo depende do “diálogo” com ele especialmente quando as dificuldades físicas, sociopolíticas, econômicas e espirituais parecem definidas como querem nos fazer crer a imprensa.
“Nós só podemos nos proteger das contaminações psíquicas quando ficamos sabendo o que nos está atacando, como, onde e quando isso se dá”, segundo Jung (Presente e futuro. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 3).
Quer dizer: o nosso futuro depende de alcançarmos uma compreensão mais ampla possível de quem somos para nós e para o mundo, do quanto somos capazes de tomarmos decisões morais e definirmos a nossa conduta de vida conforme o julgamento próprio acerca da vida e do mundo que queremos, e não deixarmos que corporações empresariais, político-partidárias e/ou eclesiásticas o façam por nós. Tendências de comportamento aprisionam, melhor é optar pelo que tem a ver com você.

Bom 2015! E, como dizia Carlos Drummond de Andrade: “É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre” (Receita de Ano Novo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário