Nossa vida resulta do infinito tesouro
de imagens que carregamos em nosso inconsciente pessoal (que por vários motivos
encontram-se esquecidas ou reprimidas), como também, aquelas que compõem o
inconsciente coletivo (encontradas na mitologia, contos de fadas, nas artes em
geral e em todas as religiões). Não só acessamo-las, mas principalmente, elas
nos acessam.
Para James Hillman (1926-2011): “Não
somos nós quem imagina, mas nós que somos imaginados” (Psicologia arquetípica:
um breve relato. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 29). E, segundo C. G. Jung
(1875-1961): “Tudo aquilo que se torna consciente é imagem” (Estudos
alquímicos. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 55).
“Pensamos”
mais de dentro para fora. O que nos acontece no mundo externo tem seu início no
mundo interno. Somos portadores de imagens que se apresentam em sonhos,
fantasias e alucinações.
Em outras palavras: imaginar é a atividade
principal da psique; ela “cria diariamente a realidade. Só encontro uma
expressão para designar essa atividade: a fantasia. A fantasia tanto é sentir
como pensar, tanto é intuitiva como perceptiva. [...] a fantasia me parece ser
a mais clara expressão da atividade psíquica”, afirma Jung (Tipos psicológicos.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987, p. 80, 81).
Refletindo quanto ao futuro que se
aproxima na forma de um novo ano, somos influenciados e influenciamos a
realidade que nos rodeia por imagens que habitam o inconsciente. “O futuro se
prepara, muito tempo antes, no inconsciente”, nos diz Jung (Memórias, sonhos e
reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 209).
A realidade exterior é gerada a partir
da realidade interior.
Tanto as dificuldades quanto as suas
soluções que todo o mundo atravessa passam pela atividade do inconsciente, cuja
energia provoca encontros construtivos e/ou arrasadores, realizações
promissoras e/ou destrutivas, transformações integrativas e/ou caóticas,
direções harmoniosas e/ou conflituosas.
Tudo que dá certo e aquilo que dá em
nada; os caminhos incertos e as pessoas erradas que nos acompanharam; os
acontecimentos e o que nunca aconteceu; tudo que mudou e tudo que nunca mudará
integram nosso mundo interior. Tudo depende do “diálogo” com ele especialmente
quando as dificuldades físicas, sociopolíticas, econômicas e espirituais
parecem definidas como querem nos fazer crer a imprensa.
“Nós só podemos nos proteger das contaminações
psíquicas quando ficamos sabendo o que nos está atacando, como, onde e quando
isso se dá”, segundo Jung (Presente e futuro. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 3).
Quer dizer: o nosso futuro depende de alcançarmos
uma compreensão mais ampla possível de quem somos para nós e para o mundo, do
quanto somos capazes de tomarmos decisões morais e definirmos a nossa conduta
de vida conforme o julgamento próprio acerca da vida e do mundo que queremos, e
não deixarmos que corporações empresariais, político-partidárias e/ou
eclesiásticas o façam por nós. Tendências de comportamento aprisionam,
melhor é optar pelo que tem a ver com você.
Bom 2015! E, como dizia Carlos Drummond de Andrade:
“É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre” (Receita de Ano
Novo).
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