Assim
que a Corte de Justiça dos EUA anunciou a legalização da união homoafetiva em
todo o território do país, no último dia 26 de junho, as cores do arco-íris
ganharam destaque nas fotos de pessoas, empresas, instituições e entidades, que
possuem perfis nas redes sociais, em sinal de apoio à decisão. O fenômeno se
repetiu em todo o mundo; mas, já tem gente que está procurando saber como
removê-la.
O
arco-íris, como símbolo dos movimentos LGBTs, foi adotado em 1978, durante a
primeira Parada Gay, em San Francisco, California (EUA), sucedendo aos
triângulos rosas e negros invertidos, utilizados nos anos 70, pelos ativistas
norte americanos que os recuperaram pela forma como os nazistas identificavam
os homossexuais nos campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial.
Criada pelo designer Gilbert Baker (1951-), a bandeira do arco-íris,
originalmente, portava 8 cores, com diferentes significados: rosa, sexualidade;
vermelho, vida; laranja, cura; amarelo, luz solar; verde, natureza; turquesa,
magia; azul, serenidade; e, violeta, espírito.
Sabemos
que os símbolos são portadores de significados culturais; através deles
comunicamos ideias e valores que vão além da simples exteriorização da imagem.
E, com o sexo não é diferente. Como afirma Zygmunt Bauman (1925-): “Em todas as
suas manifestações (do sexo), sejam aquelas conhecidas desde tempos imemoriais
ou aqueles descobertas e nomeadas pela primeira vez, o sexo serviu à
articulação de novos (modernos) mecanismos de poder e controle social” (A
sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008, p. 291).
Quer dizer: toda
a história do sexo é a história da manipulação cultural do sexo; o sexo é
modificado para atender as exigências do presente momento.
E, a bandeira do
arco-íris amplia este significado: em matéria de sexo não existe preto ou
branco, mas uma ampla diversidade de cores.
“A variedade e
intensidade de graduações das orientações sexuais indicam que a natureza não se
expressa por meio de categorias estanques. Porém, a mente humana procura
catalogar as coisas, colocando cada uma delas num compartimento separado”,
conforme Vittorio Lingiardi (1960-), psiquiatra e analista junguiano italiano
(Ars erótica ou scientia sexualis? Análise e o amor pelo mesmo sexo – tema
apresentado no XII Simpósio da Associação Junguiana do Brasil, em 2004. Estudos
sobre a homossexualidade: debates junguianos. São Paulo: Vetor, 2011, p. 25).
Para quem está
acostumado a “definir” as pessoas, não deve ser fácil tolerar as multicores que
somos capazes de vivenciar em todo o nosso desenvolvimento humano. Entretanto,
se quisermos desenvolver a plenitude de nossas capacidades socioculturais, e
até espirituais, precisamos, ao menos, nos abrir ao diálogo e evitar os ataques
que nos impedem de viver numa sociedade melhor.
(Sílvio
Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à
Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International
Association for Analytical Psychology - Fones:
99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)
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