domingo, 5 de julho de 2015

Todos sob o arco-íris?

            Assim que a Corte de Justiça dos EUA anunciou a legalização da união homoafetiva em todo o território do país, no último dia 26 de junho, as cores do arco-íris ganharam destaque nas fotos de pessoas, empresas, instituições e entidades, que possuem perfis nas redes sociais, em sinal de apoio à decisão. O fenômeno se repetiu em todo o mundo; mas, já tem gente que está procurando saber como removê-la.
            O arco-íris, como símbolo dos movimentos LGBTs, foi adotado em 1978, durante a primeira Parada Gay, em San Francisco, California (EUA), sucedendo aos triângulos rosas e negros invertidos, utilizados nos anos 70, pelos ativistas norte americanos que os recuperaram pela forma como os nazistas identificavam os homossexuais nos campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial. Criada pelo designer Gilbert Baker (1951-), a bandeira do arco-íris, originalmente, portava 8 cores, com diferentes significados: rosa, sexualidade; vermelho, vida; laranja, cura; amarelo, luz solar; verde, natureza; turquesa, magia; azul, serenidade; e, violeta, espírito.
            Sabemos que os símbolos são portadores de significados culturais; através deles comunicamos ideias e valores que vão além da simples exteriorização da imagem. E, com o sexo não é diferente. Como afirma Zygmunt Bauman (1925-): “Em todas as suas manifestações (do sexo), sejam aquelas conhecidas desde tempos imemoriais ou aqueles descobertas e nomeadas pela primeira vez, o sexo serviu à articulação de novos (modernos) mecanismos de poder e controle social” (A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 291).
Quer dizer: toda a história do sexo é a história da manipulação cultural do sexo; o sexo é modificado para atender as exigências do presente momento.
E, a bandeira do arco-íris amplia este significado: em matéria de sexo não existe preto ou branco, mas uma ampla diversidade de cores.
“A variedade e intensidade de graduações das orientações sexuais indicam que a natureza não se expressa por meio de categorias estanques. Porém, a mente humana procura catalogar as coisas, colocando cada uma delas num compartimento separado”, conforme Vittorio Lingiardi (1960-), psiquiatra e analista junguiano italiano (Ars erótica ou scientia sexualis? Análise e o amor pelo mesmo sexo – tema apresentado no XII Simpósio da Associação Junguiana do Brasil, em 2004. Estudos sobre a homossexualidade: debates junguianos. São Paulo: Vetor, 2011, p. 25).
Para quem está acostumado a “definir” as pessoas, não deve ser fácil tolerar as multicores que somos capazes de vivenciar em todo o nosso desenvolvimento humano. Entretanto, se quisermos desenvolver a plenitude de nossas capacidades socioculturais, e até espirituais, precisamos, ao menos, nos abrir ao diálogo e evitar os ataques que nos impedem de viver numa sociedade melhor.

(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a Analista pelo Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology - Fones: 99805.1090 / 98137.8535 - http://psijung.blogspot.com/)

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