domingo, 11 de março de 2012

Braços que matam ou que constroem?

            Tudo que acontece na cidade toma um relevante espaço emocional na vida de todos nós. Desde os problemas que atingem os bairros onde moramos, até aqueles que tocam a vida de toda a comunidade. É quase impossível evitar os comentários quanto aos buracos que tomam conta de nossas ruas e avenidas, fazendo-nos sentir que vivemos numa “buracópolis” (ou seria uma “crateralândia”?), como também, a atuação daqueles que ocupam cargos políticos como o prefeito, vereadores e seus assessores, diante de tantos problemas que nos acometem.
Para algumas pessoas estes assuntos ocupam um lugar central em suas vidas, entretanto, ainda que não seja fácil, mas na tentativa de acrescentar algum tipo de esclarecimento, é importante encará-los.
As discussões precisam ocupar um lugar que merecem devido à seriedade que têm, pois envolvem a todos nós e às futuras gerações; por isso é importante sair do terreno pessoal, e deixar de ser um assunto de gente com interesses “políticos”.
E, mesmo que ocupem um terreno político-partidário, ainda assim, muitos problemas precisam e podem ser encaminhados para uma solução mais humanitária, como: a melhoria no atendimento à saúde, a melhores condições de moradia, a maiores investimentos na educação e segurança públicas, a melhoria nos serviços de transporte e a criação de novos empregos, para citar apenas alguns, mas especialmente, aos mais carentes, para que a justiça social promova bem-estar e cidadania.
A proximidade do processo eleitoral municipal deve nos levar a discutir estes e outros temas, mas se quisermos podemos enriquecer os debates, e principalmente, a nós mesmos, se nos lembrarmos das nossas origens históricas. Segundo um dos documentos da Comissão de Registros Históricos do Município de Marília, os escritores Antonio Perez (?) e Sálvio Ribeiro do Val (?), em 1937, descrevem-nos: “Em Marília, a cidade assombro, pode-se tomar com segurança, o pulso do povo bandeirante. Ali ainda crepita o calor das batalhas que desde os primórdios da Capitania, aquecem o sangue heroico desta gente. Dir-se-ia que o sol está no coração de todos”.
A campanha eleitoral, com início previsto para daqui a alguns meses, já mobiliza muitas mentes de candidatos e membros dos partidos políticos, de jornalistas e povo em geral, pode ser um dos poucos momentos para percebermos a dimensão de um dos arquétipos que nos constituem como município, a saber: está estampado em nossa bandeira um braço armado empunhando um mastro, cuja ponta é uma arma em forma de machado, num claro símbolo da violenta e sangrenta: “marcha aventureira dos bandeirantes, que rasgaram os sertões e as matas, abrindo caminhos para a interiorização dos brasileiros”, conforme os autores citados acima.
Todos nós conhecemos os efeitos devastadores dos punhos armados com os “machados” antes, durante e depois das campanhas políticas pelas suas falanges. Segundo C. G. Jung (1875-1961): “Quando se trata do movimento de massa e não mais do indivíduo, cessam os regulamentos humanos e os arquétipos passam a atuar. É o que também acontece na vida do indivíduo quando este se vê diante de situações que não mais consegue controlar através das categorias que conhece e dispõe” (Aspectos do drama contemporâneo. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 12).
Mas é possível que os braços se desarmem, e construam uma cidade melhor!

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