sexta-feira, 23 de março de 2012

A disputa do poder pelo poder


               Que os problemas da cidade são grandes e graves todos nós sabemos, inclusive as autoridades que a administram e a representam politicamente. Contudo, os problemas se agravam mais ainda se estas pessoas sentem que não precisam examinar a si mesmas, quanto às emoções que têm ao lidar com o poder do qual estão investidas.
            A disputa do poder pelo poder só piora as condições de vida que a população tem de enfrentar todos os dias, agravando o nível de estresse que todos experimentam, inclusive das próprias autoridades devido a sua condição humana, apesar de viverem em melhores níveis sociais e financeiros. Será que a irritabilidade, a ansiedade, o medo, ou até a depressão que vivem em seus escritórios e/ou lares, sintomas tão comuns ao estresse, não os atingem pessoalmente ou a seus familiares?
            Não é por acaso, quando alcançam a solução de algum problema, têm aqueles que concluem, rapidamente, como sendo fruto da sua capacidade pessoal, sem perceberem, entretanto, que para a população não passa de sua obrigação, ou então, entendem que é uma maneira de adquirir mais votos em época de eleição, ou de aumentar o seu cacife eleitoral frente ao partido que representam, neste caso indicando a gravidade da sua condição psíquica.
            Como ainda não surgiu outra modalidade de fazer política senão através das diversas legendas partidárias, faz-se necessário que estas sirvam como estruturas para cumprirem a vontade do povo através de debates acerca de suas necessidades, e não se tornar feudos de pessoas obsequiosas pelo poder e suas vantagens.
            A escolha dos nomes dos candidatos deve fazer parte da rotina destas agremiações, mas com a participação do eleitor, pois só assim é possível recusar toda forma de arranjos de poder por aqueles que planejam estabelecer interesses pessoais e impô-los a todos, em reuniões de egos inflacionados distanciados da dura e sofrida realidade do povo.
            As condições político-partidárias e administrativas pelas quais a nossa cidade está passando não podem ser desperdiçadas como, lamentavelmente, tantas outras o foram, mas consideradas como favoráveis a uma revitalização necessária e urgente. Nossa cidade precisa passar pela experiência de cuidar para que forças inconscientes adormecidas não rompam com os limites morais de tudo que pode ser conquistado, por mais difícil que isto possa ser. É preciso dar atenção ao lado psíquico da dinâmica político-partidária para que as escolhas individuais, em outubro próximo, sejam mais conscientes e mais acertadas para a melhoria da vida coletiva.
Se os marilienses de bem quiserem se sentir absolvidos e se reconhecerem como pessoas decentes no sentido político-partidário e administrativo, precisamos abraçar todas as questões que envolvem a dignidade da vida, especialmente dos que mais necessitam de atenção pública em suas necessidades de educação, saúde, transporte, moradia, sem se esquecer das questões ambientais, que se atendidas promovem melhor qualidade de vida psicológica, emocional e social.
            Apesar de, racionalmente, rejeitarmos que os crimes contra a coisa pública fiquem impunes temos de assumir nossa parcela pessoal em sua prática, do contrário toda indignação será cínica ou plataforma dos que estão compromissados com o barulho que gostam de provocar, e sem nada a propor no lugar.

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