terça-feira, 17 de abril de 2012

Idealização e frustração na política


        Partidos políticos procuram pessoas que possam vencer as eleições, para verem seus interesses implantados na vida real dos cidadãos.
Candidatos procuram afinar seus discursos às necessidades dos eleitores para conquistarem o maior número de votos, com a intenção de serem líderes da sociedade.
            E, o eleitor aguarda as propostas de cada partido e candidato para escolher o seu representante, e acompanhar o exercício do mandato.
            Partidos, candidatos e eleitores têm expectativas quanto à solução dos problemas da cidade, e quanto ao futuro da sua administração.
            Entretanto, muitas expectativas podem não ser correspondentes à realidade, porque são idealizações, exigindo de todos, um alto nível emocional para a frustração.
            Quanto menor a capacidade de suportar frustrações, maiores serão as promessas dos partidos políticos e de seus candidatos, e menor a participação dos eleitores na ação política e na transformação da sociedade.
            Temos de estar preparados para os fracassos, mesmo porque, temos uma larga e antiga experiência no contexto nacional, e em nossa cidade.
            A frustração é parte integrante de nossa vida política, assim como a idealização, contudo é preciso estarmos conscientes disso para que os efeitos da decepção sejam sentidos como desafios para a sociedade democrática e mais justa que tanto queremos.
            “Se nosso objetivo é a perfeição, estamos condenados a cair no desespero e na depressão; sentimo-nos impotentes e não conseguimos agir. Se apenas observamos como as coisas são terríveis, ficamos tentados a lavar as mãos da política e deixar que os outros (os líderes) tratem das coisas; ficamos paralisados e, mais uma vez, perdemos nosso sentido de atuação” (A política no divã: cidadania e vida interior. São Paulo: Summus, 2002, p. 95).
            Nenhum dos candidatos é capaz de carregar o ideal dos eleitores. Ninguém suporta por muito tempo o papel de herói ou heroína, sem sofrer o desgaste físico, mental e psicológico à que se impõe. Em algum momento romper-se-á a verdadeira natureza humana.
            Simplesmente, em política, precisamos de pessoas não-heróicas, que dependem de admiradores – ou seriam bajuladores? – mas, de pessoas que possam dar o melhor de si para o bem-estar da maioria, e que mudem sua maneira de pensar quando está em jogo a vontade do povo, e seus interesses pessoais.
            É inevitável que a sociedade se decepcione com os fracassos dos políticos, não só devido à complexidade dos problemas que nos afligem, mas principalmente, devido à sua natureza humana.
            Partidos e candidatos precisam perceber que os problemas da cidade não são fáceis, e que como humanos, são altamente deficientes e passíveis de fracassos, mesmo quando são bem intencionados.
            E, os eleitores conscientes disto, saberão não se deixar enganar por promessas que para serem cumpridas, políticos e partidos farão qualquer coisa, mesmo que violentem suas boas intenções, deixando à mostra sua natureza humana, tão limitada e decepcionante.

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